quarta-feira, fevereiro 03, 2021

Portugal: dos aplausos europeus à lista negra da COVID-19

 


Na primeira vaga da pandemia, há cerca de um ano, Portugal recebeu elogios rasgados pela forma como respondeu ao novo coronavírus e pelo bom comportamento dos portugueses que prontamente aceitaram a obrigação de ficar em casa. Agora, o cenário é outro e o País entrou para a lista negra da COVID-19, inspirando algum receio, mas também compaixão, por parte dos vizinhos europeus.

A Alemanha, por exemplo, disponibilizou-se para apoiar através de recursos humanos e materiais, estando prevista a chegada de profissionais de saúde deste país já amanhã, quarta-feira, bem como de equipamento médico. O ponto de viragem na história da forma como Portugal enfrenta a pandemia terá acontecido no Natal e no Ano Novo, quando as famílias tiveram oportunidade de se juntar para celebrar a quadra festiva. Uma análise elaborada pelo site Politico mostra que a taxa de novas infeções começou a sua escalada logo a 2 de janeiro, evoluindo progressivamente para a liderança dos rankings de novos casos confirmados e óbitos em todo o Mundo.

Desde a Véspera de Ano Novo, Portugal contabiliza 5.510 mortes associadas à COVID-19, o que compara com as 6.972 registadas no total de 2020. O número de casos ativos também disparou durante o mês de janeiro para perto de 1,8% da população. Juntam-se ainda as filas de ambulâncias, a pressão sentida nos hospitais e o esgotamento dos profissionais na linha da frente. Todos estes ingredientes contribuem para a destruição do mito português que foi sendo erguido no início do último ano. O site Politico cita Luís Marques Mendes para apresentar um retrato daquilo que se passa atualmente no País, indicando que, na primeira fase, os portugueses estavam chocados com as imagens de Espanha e Itália mas que agora a situação se inverteu. O comentador político da SIC sublinha que, comparado com Espanha, Alemanha ou a média europeia, a diferença dos números portugueses é colossal.

Além do suavizar das medidas no Natal e Ano Novo, o Politico aponta ainda para a nova variante britânica do coronavírus como outro dos problemas de Portugal. Apesar de as viagens para o Reino Unido terem sido restringidas ainda em dezembro, esta estirpe já estava em território nacional e o ritmo de contágio tem sido acelerado: na última semana, metade dos casos registados na região de Lisboa e um terço dos casos em todo o País correspondiam à variante britânica, de acordo com estimativas das autoridades de saúde.

Veio, então, o novo confinamento a 13 de janeiro e, uma semana mais tarde, as escolas foram encerradas. O controlo de fronteiras foi retomado no fim-de-semana passado e voos para e de o Brasil estão suspensos. Depois de um pico de 16.432 novos casos confirmados na passada quinta-feira, os relatórios epidemiológicos da DGS têm apontado para números mais baixos ao longo dos últimos dias e a média semanal começa a baixar pela primeira vez desde finais de Dezembro. Os esforços do Governo e das autoridades parecem, por isso, mostrar os primeiros resultados positivos, mas esta deverá ser uma maratona ainda longa, tal como o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa já sublinhou (Executve Digest)

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