sexta-feira, fevereiro 26, 2021

Sondagem: 82% querem escolas fechadas mais duas semanas

 


Quatro em cada dez inquiridos apontam a Páscoa como data para o regresso às salas de aula. Mais de metade critica rendimento escolar do ensino à distância. A renovação do estado de emergência será aprovada amanhã, no Parlamento, e a larga maioria dos portugueses (82%) entende que deve manter as escolas fechadas até 15 de março. Uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF mostra que 42% dos inquiridos defendem as aulas presenciais só depois das férias da Páscoa, que começam a 26 de março. Apesar disso, os portugueses entendem que o ensino à distância fica aquém da qualidade do presencial: 54% asseguram que aprender pela Internet e televisão será pouco ou nada rentável e 40% criticam a forma como o Governo preparou a escola para aulas virtuais.

A má nota dada ao ensino remoto, todavia, não impede os portugueses de querer os portões das escolas trancados, sobretudo no Norte (84%) e no Sul e Ilhas (83%). Olhando às características das pessoas que mais o defendem, encontram-se linhas bem marcadas quanto à idade e rendimentos: o fecho é pedido sobretudo por mulheres (84%), idosos (88%) e pessoas com menor capacidade económica (classe D, 89%).

É um contraste forte com a opinião dos jovens (até aos 34 anos, o fecho "´só" é pedido por 76% dos inquiridos) e das pessoas com mais rendimentos (nas classes A e B, 78% defendem-no). Quanto à orientação política, destacam-se os eleitores da CDU: 96% dizem que as escolas devem continuar fechadas.

Reabrir só depois da Páscoa

Saber até quando as aulas devem ser virtuais é outra questão. Aqui, a opção que mais respostas recebe (42%) atira a reabertura para depois das férias da Páscoa. O regresso às salas de aula a 5 de abril é pedido sobretudo pelos eleitores da Direita (59% do Chega e 53% do PSD) e por quem vive nas cidades médias ou no interior, já que tem menos apoio nas áreas metropolitanas do Porto (38%) e Lisboa (40%) - não porque queiram um regresso mais cedo, mas porque são quem mais defende o ensino remoto até ao final do ano letivo. Na média nacional, 16% querem aulas online até ao verão. O facto de a grande maioria dos inquiridos querer, pelo menos, mais duas semanas sem aulas presenciais, todavia, não significa que façam uma apreciação positiva das aulas online. Mais de metade dos inquiridos (54%) acredita que o ensino remoto será pouco ou nada rentável.

Os mais pessimistas vivem no Norte (62%) e na Área Metropolitana de Lisboa (57%) e têm 65 ou mais anos. Curiosamente, a análise por classe socioeconómica mostra que as respostas mais negativas são dadas pelos dois extremos: as famílias de maiores (A e B) e de menores rendimentos (D). Por cor política, são os votantes à Esquerda quem mais rejeitam o ensino à distância: CDU (73%) e BE (69%).

Apenas 24% dizem que as aulas pela Internet são rentáveis ou muito rentáveis e vivem sobretudo no Centro, são mulheres, jovens, vivem com dificuldade económica (C2) e votam PS e PAN.

Quanto à forma como o Governo preparou o ensino remoto, 40% dizem que António Costa o fez mal ou muito mal. Só os lisboetas carregam menos no vermelho: só um terço é crítico. Já no Norte (44%) e no Sul e Ilhas (43%) das pessoas chumbam o Executivo. A pior avaliação é feita pelos homens, pelos mais velhos, pelas classes A e B e pelos votantes no Chega (60%) e na Iniciativa Liberal (59%).

Emprego presencial supera o teletrabalho


Quem trabalha em casa sentiu um aumento das despesas que deve ser compensado pelo empregador, defende maioria dos inquiridos. O teletrabalho é obrigatório, sempre que possível, mas são mais as pessoas que continuam a deslocar-se para o local de emprego do que as que trabalham a partir de casa. Quem está em teletrabalho conta que as despesas domésticas aumentaram, sendo que a maioria dos inquiridos entende que a entidade patronal os deve compensar e continuar a pagar subsídio de alimentação.

Na sondagem da Aximage, a maior fatia dos inquiridos (29%) está já reformada, mas 27% estão empregados e continuam a deslocar-se para o local de trabalho. Esta é uma área com profundas diferenças regionais: em todo o país menos na Área Metropolitana de Lisboa, a percentagem de pessoas que sai de casa para trabalhar situa-se nos 30% ou 31%. Já em torno da capital, só 17% dos inquiridos se deslocam até ao emprego.

As posições invertem-se quando se olha para os 24% dos inquiridos que estão em teletrabalho: 31% vivem na Área Metropolitana de Lisboa, 25% na Área Metropolitana do Porto e no Centro, 18% no Sul e Ilhas e apenas 16% no Norte. Será talvez um reflexo do perfil económico das regiões, com o Norte mais focado na indústria e na agricultura, que não podem ser feitos a partir de casa.

Quanto ao perfil dos teletrabalhadores, a maioria tem entre 35 e 49 anos (36%) e pertencem às classes A e B (37%). À medida que se desce no escalão salarial, também baixa o número de pessoas a trabalhar a partir de casa; só 10% das pessoas de classe D o fazem. Por filiação política, destaca-se o peso dos apoiantes da Iniciativa Liberal: 48%. Os menos representados (18%) são sociais-democratas.

Pagar alimentação

A maioria das pessoas em teletrabalho têm mais despesas domésticas e três quartos dos inquiridos entendem que o empregador deve pagar uma compensação. A resposta tem mais peso entre quem vive nas duas áreas metropolitanas, as pessoas mais velhas e entre os homens. Quanto ao subsídio de alimentação, 84% dos inquiridos dizem que o empregador deve pagar, seja o valor total ou uma parte. A sondagem da Aximage constatou, ainda, que metade das pessoas em teletrabalho tem filhos em idade escolar, ou seja, 12% dos inquiridos. Dessas pessoas, 22% dizem que a qualidade do trabalho diminuiu e 19% respondem "não sei para que lado me hei de virar" (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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