sábado, fevereiro 27, 2021

O ‘fogacho’ de reservas dos ingleses


Hotéis sentiram aumento logo após o desconfinar anunciado por Boris Johnson. Mas estas reservas ainda são só virtuais. Já era esperado: logo que Boris Johnson anunciou o plano de desconfinar faseado no Reino Unido, com abertura de viagens prevista para 17 de maio, os britânicos apressaram-se a fazer reservas em Espanha, na Grécia e em Portugal. “É verdade, estamos no Algarve com um aumento de reservas dos britânicos para o verão que percen­tualmente é enorme, pois não tínhamos absolutamente nenhumas”, adianta Elidé­rico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreen­dimentos Turísticos do Algarve (AHETA). “Mas é prematuro, são reservas individuais que podem ser canceladas a qualquer momento sem custos, nada nos garante que esses britânicos não estão a reservar para vários sítios ao mesmo tempo. E os operadores turísticos ainda nem sequer abriram programas para Portugal e o Algarve.”

“O desespero é grande, e logo que surgem alguns sinais começa-se a embandeirar em arco”, nota Elidérico Viegas. “O desconfinar no Reino Unido é bem-vindo, mas por cá ainda há muitos imponderáveis por ultrapassar para se poder falar no regresso dos britânicos.”

A começar pela situação sanitária. “Há que reconhecer que temos concorrentes, como a Grécia e alguns destinos em Espanha, que estão muito mais avançados do que nós e em condições de negociar corredores com o Reino Unido”, frisa. “Fizemos muitas asneiras, e isto vai sair-nos caro. Portugal passou a ser o pior do mundo, e mesmo com os casos a baixar a nossa imagem internacional está muito afetada negativamente. E este ano os países vão querer ter mais certezas relativamente à questão de os destinos turísticos serem seguros”. As vacinas vão jogar aqui o papel principal. “Sem o problema sanitário resolvido e a vacinação em massa de 60% da população, dificilmente estaremos em condições de dar garantias para receber fluxos turísticos”, adverte o responsável. “Em Portugal, se tudo correr bem, acredita-se que essa meta seja no final de setembro, no Reino Unido será muito antes e há outros países melhor posicionados no plano de vacinação.”

No Algarve, se este ano a Páscoa “já está completamente perdida”, o verão também se prevê “idêntico a 2020, com uma grande procura interna e a externa residual”, antecipa Elidérico Viegas, que vê com bons olhos a proposta do PSD de as restrições serem levantadas por regiões, “e o Algarve está bem posicionado para ser considerado uma região do país mais segura”. Em setembro, com a maioria dos portugueses vacinados, “aí sim, os horizontes já são outros e estaremos em condições de atrair britânicos para a época do golfe”. A retoma a sério não será em 2021, vai demorar anos, e até lá a competição entre destinos será feroz, adverte o presidente da AHETA: “O turismo, quando reabrir, vai ser disputadíssimo, vão ser cem cães a um osso.” (Expresso, texto da jornalista CONCEIÇÃO ANTUNES)

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