sexta-feira, fevereiro 26, 2021

O meu bloco de notas tontas sobre o processo autárquico-2021 na RAM

  • Porque motivo parece-me existir um certo complexo do medo  face a uma eventual candidatura no Funchal de pessoas não identificadas plenamente com a nomenclatura laranja?
  • Não é arriscado transmitirem aos eleitores a ideia de que a prioridade da nomenclatura elitista é apenas a sobrevivência no poder a qualquer preço? Lembro que Albuquerque foi visado em 2019, depois das regionais, por alguns sectores laranjas por alegadamente dar demais ao CDS, para garantir o poder ao PSD-M. Mas é ou não verdade que o PSD-M é hoje um partido refém de factores que não controla e com os quais nunca antes se confrontou?
  • A saída de Calado, que está longe de ter a certeza de que ganha a CMF, pode ou não enfraquecer o GRM e deitar tudo a perder em termos das suas naturais ambições políticas pessoais, caso seja derrotado por Miguel Silva? Mas sobre este tema, confesso que me estou nas tintas para o que façam. Desisti de alertar para a asneirada. Perdi a pachorra para aturar certas coisas, muito menos caprichos.

  • Sem Calado é ou não factual que poderemos ter um GRM politicamente mais fraco, numa altura em que a RAM está a braços com problemas financeiros e orçamentais que precisam de pulso firme quer a concordar quer a discordar? É bem possível que sim, mas alguns teóricos acham que o blá-blá-blá do costume resolve tudo…
  • O actual Vice do GRM – que presumo que  se for candidato à CMF terá que abandonar o GRM antes de formalizar a candidatura -  corre ou não o risco de ser acusado pela oposição (entre outras questões incómodas que serão por ela suscitadas e que podem abanar o eleitorado…), de ter abandonado o  GRM antes que a situação na RAM se agrave, complicando deste modo a sua candidatura. Afinal, estamos a falar de uma governação virada para 250 mil habitantes que será trocada por uma governação de uma cidade com 110 mil habitantes…
  • Alguém  consegue explicar aos eleitores que é mais importante a CMF do que a governação regional? E quem impede os eleitores de concluírem que há uma ambição corporativista e de grupo subjacente a algumas das manobras que visam o assalto à CMF, falhado em 2017 com a candidatura de uma ex-vereadora de MA (Rubina Leal) e que não saiu nada bem desse confronto eleitoral contra Cafofo?

 

PSD – 17.971 votos, 32,1%

PS (coligação com BE, JPP, NC, PDR) – 23.577 votos, 42,1%

 

  • Calado quer sair do GRM pela ambição de ser Presidente da CMF? Se for isso, trata-se de uma decisão pessoal, e contra isso nada a dizer. Cada um toma e assume as suas opções. Calado não pode estar a ser empurrado para uma eventual derrota que o impedirá de ter espaço político próprio, no futuro, permitindo que deixe de constituir uma “ameaça” seja para quem for, quando o PSD-M for confrontado com a inevitabilidade de uma discussão interna, que neste momento ninguém equaciona, mas que um cenário de trapalhadas e de sucessivos tiros-nos-pés,  pode acelerar?
  • É factual, embora não constitua um impedimento, que Pedro Calado, tal como o actual autarca do Funchal, nunca foi candidato (cabeça de lista) a nenhuma eleição. Caso venha a sê-lo nas autárquicas deste ano, é óbvio que não pode contar com uma campanha eleitoral à moda antiga, que seria importante, devido aos condicionalismos do covid19 a que se juntará um potencial agravamento da situação regional em termos sociais, económicos e orçamentais.
  • É verdade, sim ou não, que a candidatura de Calado irritou umas tantas (poucas) ambições pessoais de figuras menores da nomenclatura laranja, que sonhavam com a candidatura à CMF, mas que não conseguem perceber  se seriam ou não candidaturas ganhadoras?
  • Os resultados das presidenciais na Madeira, acabaram por ser uma “contrariedade” para Albuquerque que várias vezes criticou Marcelo por não fazer nada a propósito dos problemas colocados por Lisboa. Lembro que MA chegou mesmo a anunciar a possibilidade de ser candidato presidencial, propósito que obviamente nunca foi seriamente assumido.
  • É ou não factual que um secretariado de um partido tem que estar regularmente presente no terreno, junto das suas estruturas de base, falando com elas, ouvindo-as, construindo um retrato fiel da realidade ao nível do sítio, da freguesia ou do concelho?
  • A valorização política da CMF é obsessiva? Será que alguém já explicou às pessoas a lógica da teoria de que a CMF é fundamental para a eficácia e o sucesso da governação regional, e que não é verdade, o que alguns dizem, que seja uma estranha teimosia?
  • Alguém já explicou aos eleitores funchalenses - porque os eleitores dos demais concelhos estão-se borrifando para estas diatribes na capital – a lógica de tudo isto, incluindo todas as manobras de bastidores por causa do Funchal?
  • E se tudo isto “der no porco”, como diz o povo, o que é que se vai passar a seguir? Alguém vai assumir responsabilidades políticas? Ou essa responsabilização política vai morrer soteira?
  • No PSD-M existem grandes dúvidas no Porto Santo, a que se junta a estranha continuação de divisões e “sacanagens” pessoais na Ponta do Sol, tudo por causa de infindáveis intrigas, muitas delas com origem no Funchal, construídas sobre uma potencial destruição eleitoral causada pelos "donos" (políticos) dos concelhos.


  • Começa a ser óbvio que há o receio do crescimento eleitoral do Chega, tal como aconteceu nos Açores, e da fuga de eleitorado para essa área. Um Chega que nunca seria olhado como o tal partido de extrema-direita, e apoiado como tal, mas antes por ser um partido anti-PSD-M.
  • Há ou não estruturas de base queixosas por estarem sem reuniões e sem serem ouvidas porque ninguém foi ao seu encontro depois dos ”negócios” políticos firmados com o CDS-M ainda antes das desastrosas regionais de 2019 onde o  PSD-M, apesar de ter sido o mais votado, não alcançou a maioria absoluta, ficando por isso refém de uma realidade política que continua a ser politicamente instável, pelo menos até ser consolidada no tempo?
  • A presença do líder em encontros com as bases, onde este tema das autárquicas deve ser discutido abertamente, sem veleidades e sem imposições, não deveria ser um trabalho político periódico? Os militantes e simpatizantes não podem ser olhados de forma distante só para sacar votos.
  • Os números indiciam grandes dificuldades eleitorais do Funchal, que começaram com a derrota em 2013, teve consequências em 2017 e pelos vistos, perante a queda constante de votos na capital, poderá repetir-se de novo em 2021, realidade que tem múltiplas explicações algumas das quais são incomodativas. Lembro que o PSD-M também perdeu para o PS no Funchal nas regionais e legislativas de 2019 sem que o CDS-M, numa lógica de coligação, compense essas perdas.
  • E em São Vicente como vai ser? O actual presidente terá regressado ao PSD-M e a uma militância que tinha abandonado em 2013 para ser candidato em lista de cidadãos, obrigado a isso pela legislação. Será o PSD-M a formalizar candidatura ou o autarca nortenho vai liderar de novo uma lista de cidadãos, voltando a ter que se desfiliar do PSD-M numa palhaçada política vergonhosa? Obviamente com o Chega atento…

  • E na Ribeira Brava não estaremos a caminho do definhar do PSD-M, tudo por causa do que foi feito em 2017 ao autarca em funções e que pretendiam escorraçar como se se tratasse de um “bandido jardinista”? Obviamente com o Chega atento…
  • E em Santana, cada vez mais um problema político complexo para o PSD-M e para os social-democratas neste concelho que dificilmente aceitarão no futuro um maior envolvimento no partido. Seria mau demais aceitarem ser ignorados e diminuídos e depois obrigados a apelarem ao voto numa solução que não querem. E é simples perceber. O CDS-M sabe que conquistou aquela edilidade nortenha em 2013 e 2017 devido aos erros cometidos pelo PSD-M conjugados com a mais-valia que Teófilo Cunha foi para o partido de Barreto. O actual autarca centrista, tal como o seu colega no Funchal, nunca concorreu a eleições e nunca ganhou qualquer acto eleitoral. Os resultados nas regionais e nas legislativas de 2019 mostraram um PSD-M distante (e ganhador) do CDS-M. Temendo perder a única Câmara que alguma vez liderou na Madeira, o CDS-M não quer arriscar a concorrer em listas separadas, pelo que precisa de vergar o PSD-M e nada melhor que a imposição de uma coligação onde o partido mais forte e com mais votos é relegado para uma posição secundarizada. Se não se entenderem a alternativa será concorrerem com listas próprias o que não significa que o PSD-M tenha a garantia de uma candidatura ganhadora em Santana. Resta saber o que vão dizer nas urnas os eleitores do PSD-M em Santana. E claro, com o Chega atento a estas manobras e a um eventual descontentamento dos eleitores laranjas que duvido votem numa coligação dominada pelo CDS-M mas sem Teófilo Cunha.
  • O PSD-M comete um erro de análise: quem garante que os dois partidos no poder regional conseguem segurar o seu eleitorado com a imposição de coligações autárquicas? Câmara de Lobos e Calheta estão fora destas manobras, Ribeira Brava volta a ser “sui generis” porque acho que as bases de um PSD-M desactivado não parecem ter queixas de Nascimento. São Vicente será uma novela pelos motivos já referidos, Ponta do Sol pode nem mudar de mãos, uma vez mais, se não existir unidade, inteligência política, escolhas sensatas e ganhadoras e uma liderança política forte, que corte as amarras com o passado e trave todas as pressões externas ao antigo bastião autárquico social-democrata. O Porto Santo volta a ser uma incomodativa incógnita porque não há sangue novo no PSD-M e as alternativas, dadas algumas recusas, não apresentam grande pujança. No Porto Moniz a alternativa parece ser a decisão de recomeçar tudo do zero – depois do falhanço de 2013 e 2017 – tentando lançar as sementes para o futuro que dificilmente será este ano. Até porque parecem ser demasiadas as indisponibilidades, o que é revelador do estado anímico a que chegou o PSD-M. Dúvidas que se repetem em Machico e Santa Cruz onde sobram as hesitações e são raras as convicções. A teoria de candidaturas “milagrosas” - para ganhar a autarcas no poder, suficientemente experimentados, matreiros e organizados no terreno, sem que haja da parte do PSD-M um “trabalho de casa”, eficaz, contínuo e visível no terreno – não exclui a possibilidade de todas estas invenções de gente (no Funchal) sem experiência e pragmatismo político baterem no fundo.




  • Dúvida final: quando vai o PSD-M realizar o seu Congresso Regional para que os dirigentes expliquem às bases os acontecimentos políticos regionais desde o último Congresso (realizado em 2017), os resultados eleitorais de 2019 e as decisões tomadas em termos de presidenciais e autárquicas de 2021?

Duas notas finais:

- sendo certo que Câmara de Lobos e Calheta estão fora de qualquer cenário de coligação, teremos PSD-M e CDS-M no terreno, com listas próprias, a brincarem às eleições, guerreando-se uns aos outros para  gáudio da oposição?



- É um facto que a coligação PSD-CDS não pode concorrer no Funchal e ser derrotada por uma candidatura do PS-M (em coligação) liderada por Miguel Silva (que pela primeira vez se apresentará a eleições…) porque poderia fragilizar demais a governação e a própria coligação. E eventualmente torna inevitável uma remodelação governamental que será maior se Calado sair da vice-presidência para concorrer à CMF (LFM)

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