quarta-feira, fevereiro 17, 2021

Pandemia tira segundos empregos a milhares de portugueses

 

O número de trabalhadores com mais do que um emprego tinha vindo sempre a subir desde 2013, mas a pandemia retirou a milhares de portugueses outras fontes de rendimento para além do primeiro emprego, segundo dados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), analisados pelo Diário de Notícias. A crise sanitária, que encerrou muitos estabelecimentos sobretudo ligados ao turismo, retalho e restauração deixou sem segundos empregos quase 37 mil trabalhadores em 2020. Esta é a primeira descida depois da recuperação económica iniciada após a crise das dívidas soberanas.

De acordo com a publicação, em 2019, mais de 225 mil pessoas disseram ter mais do que um emprego, o que correspondia a 4,6% da população empregada em Portugal (4,9 milhões de trabalhadores). No início de 2020, durante o primeiro trimestre (o primeiro caso de COVID-19 foi diagnosticado em Março), ainda o número de trabalhadores com segundo emprego estava acima de 216 mil pessoas, representando 4,4% da população empregada. Mas no segundo trimestre, entre Abril e Junho, esse número desceu para 154,3 mil trabalhadores, correspondendo a 3,3% da população empregada. Foi o valor mais baixo da actual série do INE iniciada em 2011. Nesse período, mais de 62 mil pessoas ficaram sem outra fonte de rendimento para além do primeiro emprego.

No terceiro trimestre, a economia registou uma recuperação robusta (13,2% em cadeia) e os segundos empregos reconquistaram lugar, mas mesmo assim ficaram abaixo do período pré-pandemia. No último trimestre de 2020, o número de trabalhadores com mais do que um emprego voltou a subir para 202 mil pessoas (4,2% da população empregada), mas não foi suficiente para, no conjunto do ano, repor os níveis de 2019. Os dados do inquérito ao emprego mostram que foi no segmento dos contratos precários onde se verificou grande destruição de emprego ao longo do ano passado. Entre o final de 2019 e o final de 2020, desapareceram mais de 123 mil empregos com contratos a termo, representando uma queda de 17,1%. O mesmo aconteceu com os outros tipos de contrato, que incluem formas mais precárias, de muito curta duração, que registou uma queda de 10,3%.

O impacto nos contratos precários já era esperado e ao longo de 2020 tinha vindo a ser uma constante nas estatísticas trimestrais. Os apoios ao emprego lançados pelo Governo não abrangiam estes trabalhadores que podiam ser mandados para casa quando os contratos acabaram. O lay-off simplificado apenas impedia despedimentos colectivos ou por extinção do posto de trabalho enquanto durasse a ajuda e nos dois meses seguintes ao fim do apoio (Human Resources )

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