terça-feira, fevereiro 23, 2021

Covid19: O que disseram os especialistas na reunião do Infarmed (22.2.2021)

  • A incidência de contágios a 14 dias teve regista uma "descida muito significativa". André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde, foi o primeiro a tomar a palavra para abordar a atual situação epidemiológica no país. O especialista revelou ainda que a incidência do vírus no país é, agora, de 322 casos por 100 mil habitantes.
  • "Todas as regiões portuguesas estão numa fase de descida", incluindo a Madeira.  No entanto, "há zonas do território com incidências ainda particularmente altas, como Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Centro, entre 480 e 960 casos por 100 mil habitantes, mas já há vastas áreas do território com uma incidência inferior a 240 casos por 100 mil habitantes”, frisou.
  • Em termos etários, André Peralta Santos notou que se mantém “a tendência de descida de todos os grupos etários”, sendo que a faixa da população com 80 ou mais anos é ainda “o grupo com maior incidência neste momento”, apesar de ser “mais reduzida e com níveis de incidência ao nível de novembro”.
  • Valor do R(t) encontra-se abaixo de 1 em todo o país e é o mais baixo da Europa , revela Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor. Ricardo Jorge. "Nos últimos cinco dias tem estabilizado em torno de 0,66 e 0,68", acrescentou. A redução do número de novas infeções aumentou com o segundo pacote de medidas, que incluiu o fecho das escolas, defendeu o especialista. De acordo com o investigador, a redução de incidência foi mais acentuada na população com idades entre os 10 e os 50 anos e 80 e mais anos.
  • Em termos de contactos sociais, verificou-se uma redução do número contactos sociais na população portuguesa em linha com a redução da mobilidade, sendo que foi no grupo etário dos 60 ou mais anos onde se observou a maior redução de contacto, cerca de 41%, e no grupo etário dos 18 aos 49 anos cerca de 35%.
  • Segundo as projeções, a taxa de incidência acumulada a 14 dias estará abaixo dos 120 casos por 100 mil habitantes no início de março e abaixo dos 60 casos na segunda quinzena de março. O número de doentes Covid-19 internado em UCI estará abaixo de 320 na segunda quinzena de março e abaixo dos 200 no final do mês de março.
  • Sobre a variante do Reino Unido. Em Portugal, desde 1 de dezembro, terão ocorrido cerca de 150 mil casos de infeção por esta variante. “Em janeiro fizemos uma projeção a três semanas que indicava que na semana seis – a semana passada – cerca de 65% dos novos casos fossem provocados por esta variante. Tal não aconteceu graças ao confinamento. Os dados indicam que temos cerca de 48% dos novos casos provocados por esta variante e sem uma tendência crescente”, afirmou o especialista do INSA, notando que no Reino Unido já se estima uma prevalência desta variante superior a 90%.
  • No entanto, o investigador do INSA alertou que com o futuro desconfinamento será expectável uma recuperação do ritmo de crescimento de infeções por esta variante, por ser mais transmissível. João Paulo Gomes observou que o 'planalto' de valores encontrado nas últimas semanas se deve à limitação dos contactos sociais por força do confinamento.
  • Outras variantes. Até 22 de fevereiro, foram detetados quatro casos da variante da África do Sul e sete casos da variante P.1 (a chamada variante de Manaus). Sobre esta última, João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, diz que "estamos a falar de apenas uma cadeia de transmissão".
  • A estratégia para identificar novas variantes da Covid-19 vai mudar no mês de março: o rastreio passa a ser semanal, e não mensal.
  • Como será o novo normal nos hospitais? João Gouveia, da Coordenação da Reposta em Medicina Intensiva, responde: com menos de 242 doentes em UCI, 245 camas de Medicina Intensiva dedicadas à Covid-19 e 629 camas para a atividade normal. O especialista refere também a necessidade olhar para a testagem e analisar a mobilidade das populações.
  • “A situação da medicina intensiva em Portugal é ainda muito frágil, temos uma situação atual que não é real, é enganadora. É necessário completar obras em curso e assegurar recursos humanos”, reiterou João Gouveia, que, após vincar que a taxa de ocupação não deve exceder os 85% - ou seja, sensivelmente 242 doentes covid em cuidados intensivos -, assegurou que Portugal só vai conseguir chegar “no final da terceira semana de março” aos 245 doentes.
  • Como atuar para controlar a pandemia? Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, elencou uma série de "princípios para a atuar":  incidência, internamentos por dias e a velocidade a que os fenómenos ocorrem, através do R(t), o índice de transmissibilidade.
  • Plano de vacinação: ponto de situação. Já chegaram cerca de um milhão de vacinas a Portugal, das quais mais de 700 mil já foram inoculadas. 248 mil pessoas já levaram as duas doses, revela Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force. Há há “7  pessoas em cada 100 habitantes com uma inoculação pelo menos; 4,5% da população com a primeira dose e 2,4% com a segunda dose”.
  • O Vice-almirante disse ainda que "haverá uma concentração de vacinas já no segundo trimestre suficiente para aumentar a velocidade de vacinação para cerca de 100 mil vacinas por dia". Previsão para se atingir a imunidade de grupo em Portugal "pode passar do fim do verão para meados de agosto ou o início de agosto" — e não em setembro.
  • “Há uma expectativa mais positiva relativamente ao segundo trimestre e muito mais positiva relativamente ao terceiro e quarto trimestres. Se estas expectativas de disponibilidades de vacinas se mantiverem e materializarem num futuro próximo, o período em que se pode atingir a imunidade de grupo - 70% - pode eventualmente reduzir-se relativamente ao fim do verão para passar para meados do verão, em volta de meados ou início de agosto”, disse Gouveia e Melo (Sapo)

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