Companhia aérea terá tido
um resultado operacional consolidado (EBIT) negativo de 907 milhões de euros,
segundo as projeções enviadas para Bruxelas pelo Governo português. A TAP
fechou 2020 com um resultado operacional consolidado (EBIT) negativo de 907
milhões de euros. A projeção, que está presente no documento enviado a meio de
dezembro para Bruxelas pelo Governo português, a que o ECO teve acesso, aponta
para que as receitas terão rondado os mil milhões de euros, isto num ano
fortemente marcado pelas restrições à aviação causadas pela pandemia.
A “crise sem precedentes”
para a aviação e para a TAP está a penalizar fortemente as contas da empresa,
explicaram tanto o CEO Ramiro Sequeira como o chairman Miguel Frasquilho esta
terça-feira no Parlamento. Alertaram para o impacto da pandemia na operação da
companhia aérea, que está à espera de “luz verde” de Bruxelas para avançar com
um plano de reestruturação.
As projeções presentes neste documento, a que o ECO teve acesso, indicam que o resultado operacional (EBIT) da TAP SA ter-se-á situado em -907 milhões de euros em 2020, o que compara com 47 milhões de euros positivos no final de 2019. O “buraco” deve-se à queda na operação já que a empresa perdeu 13 milhões de passageiros no ano passado. As estimativas apontam uma quebra de 69% nas receitas para 1.025 milhões de euros (face a 3.299 milhões em 2019).
As previsões para 2020
foram desenhadas ainda sem que o ano estivesse fechado e não incluem valores
para os resultados líquidos. Ou pelo menos este valor não foi incluído no documento
entregue pelo Governo no Parlamento, que tem várias informações rasuradas. No
entanto, as contas relativas aos primeiros nove meses de 2020 sinalizavam já
que o impacto da pandemia.
Entre janeiro e setembro,
o EBIT foi negativo em 610,2 milhões de euros e as receitas de apenas 841,3
milhões de euros. O resultado líquido foi negativo em 700,6 milhões de euros
nos primeiros nove meses de 2020 com a segunda vaga da Covid-19 e as novas
restrições impostas à mobilidade a reverterem a tendência de recuperação do
verão.
Os resultados do grupo,
da TAP SGPS, serão fortemente afetados pela quebra na atividade da principal
empresa (até porque outras unidades como a Cateringpor ou a Groundforce têm
grande parte da atividade dependente da companhia aérea).
Para a TAP SGPS, a
estimativa é que os resultados operacionais sejam negativos em 922 milhões este
ano (contra 59 milhões, em 2019), enquanto as receitas deverão cair para 1.046
milhões (dos 3.345 milhões registados em 2019). A expectativa é que a TAP SGPS
esteja a dar lucro em 2023 com o plano de reestruturação e, em 2025, também a
SA tenha resultados positivos e esteja a pagar dívida.
O plano de reestruturação
— que só deverá ter resposta de Bruxelas no segundo trimestre do ano — assenta
no ajustamento da capacidade (dimensionamento de frota e otimização de rede),
otimização dos custos operacionais (negociação de leasings, revisão de custos
com terceiros, ajuste dos custos laborais), melhoria da receita (receitas de
passageiros, operação de carga, entre outras), venda de ativos e melhoria da
estrutura do balanço.
A poupança com massa
salarial estimada é de 1,4 mil milhões de euros e com operação de outros 1,3
mil milhões de euros. “A TAP vai mesmo ter de mudar de vida. A TAP vai ter de
ser uma empresa sustentável e rentável“, sublinhou Frasquilho, no Parlamento. O
CEO Ramiro Sequeira acrescentou que “a aviação como a conhecemos não voltará”
(ECO digital, texto da jornalista Leonor Mateus Ferreira)
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