O ano começou com um travão às comissões, mas dois grandes bancos do
sector vão agravá-las na primavera.
1 - Que mudanças o Novo Banco vai fazer ao preçário?
O Novo Banco guardou para 7 de maio inúmeras mexidas no seu preçário, que vão desde os depósitos até aos cheques. Deixa de haver isenção nas comissões dos depósitos à ordem, mesmo quando o cliente tem recursos acima de €35 mil, e passa a pagar uma anuidade de €12. Pelo contrário, os clientes com um envolvimento de recursos até €5 mil neste tipo de depósitos veem a comissão disparar de €15 para €62,3 (já os que têm entre €5 mil e €35 mil verificam uma ligeira descida da comissão de €65 para €62,3). Há subidas na comissão de manutenção em várias contas, sendo que a disponibilização e a substituição de cartões de crédito e os cheques também vão ficar mais caros. Um cheque ao balcão custará €13,50, face aos €12 atuais (mais imposto).
2 - A Caixa Geral de Depósitos também irá imitá-lo?
Tal como o Novo Banco, o banco público também divulgou a revisão do seu
preçário, prevendo as mudanças para 1 de maio. A disponibilização de cartões
sobe (de €18 para €19) e há mexidas nos critérios de bonificação nas
contas-pacote, obrigando a uma relação mais próxima com o banco para obter esse
“desconto”. Também deixa de ser mais barato ir levantar dinheiro ao balcão com
a caderneta, ficando ao mesmo preço do que está em vigor para outros
levantamentos (nos €4,95, em vez dos €3 atuais). A Caixa Geral de Depósitos vai
mexer também, neste caso a partir de abril, nas remunerações dos seus
depósitos, cortando para um terço: os juros semestrais que são pagos aos
clientes irão ser reduzidos de 0,015% para 0,005%.
3 - Porquê subir desta forma a cobrança aos clientes?
Num ambiente de taxas de juro em mínimos (a taxa diretora do Banco
Central Europeu está em zero), os bancos veem a margem financeira (diferença
entre os juros recebidos em créditos e juros pagos em depósitos) a diminuir.
Por isso, como não podem pedir juros elevados nos créditos, diminuem as
remunerações associadas aos depósitos. Sem conseguirem margem, os bancos
procuram mexer nas comissões bancárias. E, depois, há questões específicas dos
dois bancos a explicar a atuação. No caso da CGD, a competitividade da oferta
dos serviços foi uma das missões deixadas pela Comissão Europeia em 2017. Já o
Novo Banco precisa de assegurar rentabilidade para virar as páginas do prejuízo
em que tem vivido desde a sua constituição, em 2014.
4 - Mas não tinha havido um travão às comissões?
A pandemia tirou parte dos proveitos conseguidos com comissões, já que
houve menos operações bancárias. Além disso, o ano de 2021 também começou com
os reflexos de uma decisão do Parlamento que colocou travão às comissões
bancárias, contra aquela que era a vontade da banca. E a nova legislação impede
custos com transferências através do sistema MB Way (só é possível quando há
demasiada frequência nas operações ou a partir de €30 por transação). Os bancos
também ficaram proibidos de exigir aos seus clientes o pagamento de comissões
de processamento nos contratos celebrados, comissões pela emissão de declaração
que comprove a extinção da dívida (distrate) e ainda comissões pela emissão de
declarações de dívida (Expresso, texto do jornalista DIOGO CAVALEIRO)
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