Dois dos principais especialistas em doenças infecciosas dos Estados Unidos apresentaram um olhar preocupante sobre a batalha que está ainda por vir contra a Covid-19. “Mesmo com uma vacina, não há como voltar ao normal tão cedo”, disse Thomas Frieden, ex-diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, num evento virtual da ‘CNBC’, sobre o regresso seguro ao local de trabalho. “Preparem-se para, pelo menos, oito a 12 meses dessa situação”, disse Frieden, que agora dirige a organização de prevenção de doenças ‘Resolve to Save Lives’. Já Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, estima que 7% a 9% da população total dos EUA tenha sido infetada com coronavírus, o que significa que “o pior ainda está por vir”, enfatizou, ressalvando que o melhor entendimento no campo da medicina é que a transmissão não diminuirá até que 50% a 70% da população esteja infetada.
Para as empresas e economia dos EUA, significa que não haverá um regresso em “V” aos locais de trabalho. “A maioria das empresas terá dificuldade em operar da maneira que deseja”, disse Osterholm.
“Entendo a dor e o sofrimento económico, mas não vejo como poderemos reduzir os números regionalmente. Temos que interromper esta atividade do vírus ou podemos recear continuar a ver estes picos. Mas todas vezes que diminui, atinge um nível mais alto e volta novamente. Em muitas comunidades deste país, não vejo como será possível operar como antes da pandemia”.
Os novos casos positivos começam a dar alguns sinais de desaceleração nos pontos mais complicados nos EUA e sul dos EUA, incluindo Flórida, Texas e Arizona. Contudo, os dois especialistas acreditam que a Covid-19 “veio para ficar”.
Se por um lado Osterholm defende que “vamos lidar com isto para sempre”, por outro, Frieden assegura que a Covid-19 “veio para ficar, sendo que o que parece mais provável é que este vírus continue a circular mesmo com uma vacina para o combater”.
Frieden considera ainda que um dos maiores problemas, neste momento, é o facto de comunidade médica ainda carecer de bons dados sobre a doença, mas acrescentou: “nada do que vimos sugere que simplesmente desapareça”. E mesmo que uma fique disponível nos próximos seis a 12 meses e for produzida em quantidade suficiente para a população, “ainda haverá grandes pontos de interrogação sobre sua eficácia”, salientou Frieden.
Osterholm, que estudou a classe de doenças infecciosas por coronavírus em todo o mundo, incluindo MERS e SARS, disse que esses vírus são “notoriamente famosos por não conceder imunidade durável” e acrescentou que vai obrigar a uma vacinação repetida todos os anos (Executive Digest, texto da jornalista Sonia Bexiga)
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