sábado, agosto 01, 2020

“Mesmo com uma vacina, não há como voltar ao normal tão cedo”, alertam especialistas

Dois dos principais especialistas em doenças infecciosas dos Estados Unidos apresentaram um olhar preocupante sobre a batalha que está ainda por vir contra a Covid-19. “Mesmo com uma vacina, não há como voltar ao normal tão cedo”, disse Thomas Frieden, ex-diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, num evento virtual da ‘CNBC’, sobre o regresso seguro ao local de trabalho. “Preparem-se para, pelo menos, oito a 12 meses dessa situação”, disse Frieden, que agora dirige a organização de prevenção de doenças ‘Resolve to Save Lives’. Já Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, estima que 7% a 9% da população total dos EUA tenha sido infetada com coronavírus, o que significa que “o pior ainda está por vir”, enfatizou, ressalvando que o melhor entendimento no campo da medicina é que a transmissão não diminuirá até que 50% a 70% da população esteja infetada.

Para as empresas e economia dos EUA, significa que não haverá um regresso em “V” aos locais de trabalho. “A maioria das empresas terá dificuldade em operar da maneira que deseja”, disse Osterholm.
“Entendo a dor e o sofrimento económico, mas não vejo como poderemos reduzir os números regionalmente. Temos que interromper esta atividade do vírus ou podemos recear continuar a ver estes picos. Mas todas vezes que diminui, atinge um nível mais alto e volta novamente. Em muitas comunidades deste país, não vejo como será possível operar como antes da pandemia”.
Os novos casos positivos começam a dar alguns sinais de desaceleração nos pontos mais complicados nos EUA e sul dos EUA, incluindo Flórida, Texas e Arizona. Contudo, os dois especialistas acreditam que a Covid-19 “veio para ficar”.
Se por um lado Osterholm defende que “vamos lidar com isto para sempre”, por outro, Frieden assegura que a Covid-19 “veio para ficar, sendo que o que parece mais provável é que este vírus continue a circular mesmo com uma vacina para o combater”.
Frieden considera ainda que um dos maiores problemas, neste momento, é o facto de comunidade médica ainda carecer de bons dados sobre a doença, mas acrescentou: “nada do que vimos sugere que simplesmente desapareça”. E mesmo que uma fique disponível nos próximos seis a 12 meses e for produzida em quantidade suficiente para a população, “ainda haverá grandes pontos de interrogação sobre sua eficácia”, salientou Frieden.
Osterholm, que estudou a classe de doenças infecciosas por coronavírus em todo o mundo, incluindo MERS e SARS, disse que esses vírus são “notoriamente famosos por não conceder imunidade durável” e acrescentou que vai obrigar a uma vacinação repetida todos os anos (Executive Digest, texto da jornalista Sonia Bexiga)

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