sexta-feira, março 22, 2024

Porto, Faro, Funchal, Açores e aviões maiores são alternativas para a TAP continuar a crescer, diz Luís Rodrigues

Sem espaço para crescer no Aeroporto Humberto Delgado, Luís Rodrigues antevê que a TAP cresça aumentando a capacidade dos aviões, sendo o A350 o candidato desejado, e usando outros aeroportos, nomeadamente o do Porto, Faro, Funchal e Açores. Privatização só em 2025. A uma semana de apresentar os resultados de 2023 que se antevê sejam recorde, Luís Rodrigues, presidente da TAP, assegura que a transportadora irá continuar a crescer. Porém, como não irá haver um novo aeroporto tão cedo, e face à limitações da Portela, que define como "uma manta de retalhos", o gestor diz que é preciso olhar para outras alternativas.

"[A TAP] está condicionada naturalmente", reconhece. "Sabemos que o aeroporto não vai acontecer nos próximos três, cinco anos. Portanto, temos de ser muito pragmáticos. Se queremos crescer temos de procurar" outros caminhos. E aponta algumas formas de crescimento. "Temos de considerar o aumento da capacidade dos aviões, por si só. E temos de considerar outras geografias como o Porto, Faro, Funchal e os Açores. Essas são as formas através das quais a TAP poderá crescer nos próximos anos, até que haja uma nova infraestrutura", afirmou Luís Rodrigues, em Bruxelas, na quarta-feira. Cenário que avança em resposta à pergunta como irá a TAP crescer num aeroporto condicionado de espaço como é o Humberto Delgado.

O gestor não diz, mas quando aponta o recurso a aviões maiores está referir-se a possibilidade de a companhia voltar a encomendar Airbus os A350, hipótese noticiada pelo Expresso na edição de 15 de março. Para já, não passa de um plano a prazo, e que provavelmente, no caso de a privatização avançar, será uma decisão do futuro acionista.

Luís Rodrigues tem defendido que Lisboa precisa de um novo aeroporto, mas defende que a expansão se faça fora da Portela. "Mas a nova infraestrutura não é necessária para trazer mais turistas. É necessária porque nenhuma cidade sustentável, capital europeia, pode dar-se ao luxo no futuro de ter um aeroporto no meio da cidade", sublinhou. Sobre o Aeroporto Humberto Delgado e falta de espaço para a TAP, Luís Rodrigues salienta que este "é um aeroporto ineficiente", porque "tem sido uma manta de retalhos ao longo de muitos anos", o que não permite uma operação eficiente.

TAP TEM CONDIÇÕES PARA SER UMA DAS MELHORES DO SETOR

O gestor, que chegou à liderança da TAP há quase um ano, afirma que a sua equipa está a trabalhar para tornar a companhia uma empresa mais sustentável e defende que não há nenhuma razão para a TAP não ser uma das melhores companhias de aviação do mundo.

"Mais importante que os lucros [a apresentar para a semana] será dar mais um passo na afirmação no caminho que a TAP está a fazer. A sair de um modo onde esteve durante uma série de anos", sublinhou. Dizendo que a transportadora "está empenhada agora em construir um negócio e uma atividade sustentável a prazo, boa para os seus trabalhadores, boa para os seus clientes" para que não pese mais sobre o panorama nacional. “Estamos apostados em transformar isso. Não há nenhuma razão estrutural para a TAP não ser uma das companhias melhores da indústria a nível global. Temos todas as condições para isso”. O gestor reconhece que "é um caminho que não é fácil", nem "rápido", nem linear, "mas é um caminho que deve ser feito e acho que temos que o fazer". 

PSD VÃO ESTAR EM SINTONIA FACE AO AEROPORTO

Luís Rodrigues que os dois principais partidas vão alinhar estratégias face à TAP e ao aeroporto, porque a solução é fundamental para o futuro do país. "Espero que a TAP e o sistema aeroportuário português, o ecossistema português, sejam não um motivo de dissonância entre governos mas um motivo de convergência", avança. E diz acreditar que são temas que tanto o Governo que está a acabar agora as suas funções como o novo estão no essencial de acordo.

"Estamos todos na mesma página", sintetiza. "Há obviamente questões de pormenor que serão diferentes, mas no essencial estão acordo, e que precisamos de um novo aeroporto e de oportunidades para crescer", diz. Espera que a decisão seja tomada ainda este ano. "Não sei se é até ao verão, mas acredito que este ano haja uma decisão sobre isso. Espero que seja bem pensada porque é uma questão que implica gerações. Não é para os próximos cinco anos, nem dez anos, implica gerações. É uma mudança estrutural muito grande que tem de ser bem pensada e bem trabalhada", alerta.

A reestruturação está a "funcionar bem", admite o gestor. "Estamos a sair de uma fase de emergência que foi o ano de 2022 e 2023, em que havia muita coisa para fazer, principalmente em termos de recursos humanos e termos de operação. Essa fase está a acabar e estamos agora a evoluir para a nova fase, e a pensar estrategicamente como é que podemos evoluir"diz. Reconhece no entanto que a transportadora ainda está condicionada pelo plano de reestruturação, que dura até o final de 2025.

Uma condicionante que, salienta, acresce às limitações criadas pela infraestrutura aeroportuária e a gestão do espaço aéreo que "também tem as suas particularidades". "Com base nesses três fatores a companhia está a fazer o seu caminho e está a cumprir o plano de reestruturação", frisa (Expresso, texto das  jornalistas Susana Frexes e Anabela Campos)

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