sexta-feira, março 08, 2024

Adesão da Ucrânia à UE teria um impacto de até 136 mil milhões de euros no orçamento comunitário, apontam especialistas

A adesão da Ucrânia à União Europeia poderá ter um impacto de entre 110 e 136 mil milhões de euros no orçamento comunitário, segundo apontou o think tank ‘Bruegel’, o que representa entre 0,1 e 0,13% do PIB da UE. Um valor que, garantem os especialistas, exclui os enormes custos de reconstrução – estimados em pelo menos 450 mil milhões de euros na próxima década – e na expectativa de que Kiev consegue recuperar todos os territórios ocupados pelas tropas russas. Segundo a ‘Bruegel’, Kiev teria direito a 85 mil milhões de euros provenientes da Política Agrícola Comum (PAC) – considerando que o programa, uma vez implementado de acordo com os hectares de terras cultivadas, vai tornar a Ucrânia, com o seu poderoso sector agrícola, o maior beneficiário.

Os especialistas revelaram ainda que Kiev verá chegar 32 mil milhões de euros da Política de Coesão, que financia projetos de desenvolvimento. A atribuição de fundos de coesão está limitada a 2,3% do PIB de um Estado-Membro. Sem este limite, a Ucrânia teria direito a cerca de 190 mil milhões de euros, seis vezes mais. Por último, mais 7 mil milhões de euros de outros programas. Tudo somado, Kiev receberia cerca de 136 mil milhões de euros no orçamento comunitário de sete anos – no entanto, se a Ucrânia não recuperar os territórios nas mãos dos russos, essa dotação reduz-se para 110 mil milhões de euros. Mesmo que o país conseguisse uma recuperação robusta após a guerra, apontou a ‘Bruegel’, continuaria a ser consideravelmente mais pobre do que o estado mais pobre da UE, a Bulgária, e provavelmente do que os dos Balcãs Ocidentais. Por isso, o PIB per capita da UE diminuiria, o que iria provocar mudanças na quantidade de fundos de coesão distribuídos a cada região elegível, salientou Zsolt Darvas, investigador sénior da ‘Bruegel’ e um dos autores do relatório.

“Se a média diminuir, isso significa que algumas regiões da UE que estão atualmente na categoria mais baixa poderão passar para as regiões de transição e algumas regiões de transição poderão passar para regiões mais desenvolvidas”, referiu Darvas, em declarações ao site ‘Euronews’. “Concluímos também que os atuais países da UE obteriam menos cerca de 24 mil milhões de euros do financiamento da coesão, simplesmente devido ao impacto mecânico da Ucrânia.” (Executive Digest, texto do jornalista Francisco Laranjeira)

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