Se o Estado está a receber mais dinheiro do que aquele que gasta, deve devolvê-lo aos portugueses, reduzindo impostos (52%); o IVA zero devia ser prolongado, para evitar uma subida de preços em janeiro (63%); e os aumentos para pensionistas (61%) e funcionários públicos (52%) são insuficientes. Nota positiva, no Orçamento do Estado para 2024, só mesmo para a redução do IRS (50%), de acordo com os resultados de uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Fernando Medina começou ontem a defender a sua proposta de Orçamento do Estado. Um documento que, com maiores ou menores alterações, não terá dificuldade em ser aprovado, tendo em conta a maioria absoluta do PS na Assembleia da República. E, quando se pergunta aos portugueses sobre a prioridade seguida no desenho do documento, ou seja, as “contas certas” que prometem, neste e no próximo ano, um excedente de quase três mil milhões de euros, até são mais os que estão de acordo com essa estratégia (36%), com destaque para os que votam no PS, os homens e os cidadãos com 65 anos ou mais, do que aqueles que discordam (31%). Mas o caso muda de figura quando se trata de dar opinião sobre decisões em concreto.
A falta de sintonia torna-se evidente, desde logo, quando os portugueses são confrontados com o destino a dar ao dinheiro que “sobra” (ou seja, os 2200 milhões de excedente que haverá este ano, a que se somarão os 664 milhões de 2024): o ministro das Finanças quer “depositar” o dinheiro num fundo de investimento, mas só 12% dos inquiridos o acompanham nesse plano. O que os portugueses querem é que o dinheiro lhes seja devolvido através de uma redução de impostos (52%), sendo essa a estratégia preferida de todos os segmentos da amostra (geografia, género, faixa etária, classe social e voto partidário), incluindo os eleitores socialistas. Mesmo sabendo que já está previsto um alívio no IRS, que a maioria considera positivo (50%).
A ameaça da
inflação
A decisão que
revela maior oposição é a de pôr fim ao IVA zero, que abrange um cabaz de 43
produtos alimentares essenciais e que permitiu reduzir a pressão inflacionista
e, nalguns casos, conseguiu mesmo baixar os preços. Praticamente dois terços
dos inquiridos (63%) entendem que o mais acertado, para 2024, era manter o IVA
zero, para evitar a subida de preços logo em janeiro, em vez de canalizar um
apoio extraordinário apenas para os mais necessitados (29%), como pretende o
Governo.
A percentagem dos
que consideram que o aumento das pensões é insuficiente (61%) é quase a mesma
dos que contestam o fim do IVA zero (63%). Mas a forma como os diferentes
segmentos da amostra respondem é, nalguns casos, muito diferente. Desde logo,
os cidadãos com 65 ou mais anos, que se destacam de todos os outros no apoio à
mudança de estratégia no que diz respeito ao cabaz de alimentos, alinhando com
o Governo (41%), mas que, quando confrontados com um aumento de pensões que até
será superior à inflação prevista, estão entre os que manifestam maior
descontentamento (69%).
Pormenores
10%
Um em cada dez
portugueses entende que os aumentos previstos para a Função Pública são
excessivos, com destaque para os mais jovens. Mas a maioria (52%) acha que é
insuficiente, incluindo os eleitores do PSD e do PS.
Mulheres
insatisfeitas
Há uma divisão de
género clara sobre o Orçamento. Elas são muito mais críticas do que eles com o
Governo no que diz respeito ao fim do IVA zero ou aos aumentos de pensões e da
Função Pública e são mais veementes a exigir a devolução dos impostos cobrados
a mais.
63%
Os eleitores do
Chega são os maiores defensores da devolução do excedente sob a forma de
redução de impostos. Mas logo a seguir, e com escassos pontos percentuais de
diferença, aparecem os eleitores da Iniciativa Liberal e do PSD.
Apoio ao excedente
A estratégia de obter excedentes só obtém saldo positivo (diferença entre quem concorda e discorda) em dois tipos de eleitores partidários: os socialistas e os bloquistas. Nos restantes, com destaque para a Direita, o saldo é negativo (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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