segunda-feira, outubro 09, 2023

Governo de Costa: Ministro mantém ‘jota’ que filiou militante do Chega

O caso da filiação ilegal de militantes na Juventude Socialista (JS) de Oeiras — incluindo um militante do Chega —, sem o conhecimento dos visados, está a escalar para o nível nacional: Miguel Partidário, autor da angariação abusiva de militantes (através da recolha de dados pessoais para um sorteio de bilhetes para o NOS Alive), pertence ao Secretariado Nacional da JS e trabalha no gabinete do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, líder da federação lisboeta do PS, que o mantém em funções. Este jovem de 25 anos posicionava-se para se candidatar, em dezembro, às eleições internas para líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) da JS, mas com esta polémica a candidatura está comprometida.

Miguel Partidário demitiu-se da concelhia da JS de Oeiras esta quarta-feira à noite, 10 dias depois da notícia do Expresso — mas não do Secretariado Nacional —, e foi censurado na quinta-feira num comunicado do próprio PS local. Este dirigente da JS é, desde setembro, assessor de comunicação no gabinete do ministro Duarte Cordeiro, que não vai tirar consequências políticas da atuação do colaborador. “O único comentário que neste momento há a fazer é que o episódio ocorreu na esfera partidária e não no âmbito do seu trabalho técnico no gabinete do ministro”, diz fonte oficial do ministério. Miguel Partidário licenciou-se em Ciências da Comunicação em 2019, é ator e professor e ganha €2256 líquidos.

O caso está a ser investigado pela Comissão Nacional de Jurisdição da JS, depois de o deputado Pedro Anastácio — ainda presidente da FAUL — ter enviado uma mensagem a todas as estruturas da ‘jota’. Anastácio exigia “uma clarificação do posicionamento do secretário-geral”, Miguel Costa Matos, e da “estrutura nacional” sobre o “recurso” a este tipo de expedientes e “eventuais consequências da sua utilização”. Pediu também a abertura de “uma verificação imediata dos cadernos [eleitorais] da concelhia em causa, sob pena de ficar irremediavelmente comprometida a credibilidade institucional da estrutura e da sua democracia interna”.

Contactado pelo Expresso, no entanto, Anastácio não quis comentar antes de o processo estar concluído e diz que o e-mail em causa é “interno, e endereçado a um conjunto de destinatários” que não o deviam ter divulgado. Sem tirar a confiança política ao membro do seu Secretariado, Miguel Costa Matos, líder da JS, “condena a inscrição de cidadãos numa estrutura sem o seu consentimento”, mas não faz mais comentários ao Expresso enquanto não estiver terminado o inquérito.

Depois de notícias sobre estas práticas de caciquismo, a direção nacional da JS começou a chamar novos militantes à sede para verificar assinaturas. “Iniciámos essa prática, entre outras, há mais de dois anos, tendo em vista reforçar as garantias de que a inscrição é livre, sendo solicitada confirmação da assinatura sempre que os serviços identifiquem que a mesma se distingue significativamente à do cartão de cidadão”, diz Costa Matos. Mas no email que enviou, e a que o Expresso teve acesso, Anastácio também se queixa de não lhe terem dado acesso às fichas dos novos militantes, para também as poder verificar.

Contactado pelo Expresso, Miguel Partidário respondeu já depois de fechada a edição: "Assumo as minhas responsabilidades políticas", afirma o dirigente da Juventude Socialista que está no centro da polémica. "Pela forma como este caso afeta a JS Oeiras, demiti-me da presidência da concelhia. Agora é tempo de responder à Comissão Nacional de Jurisdição e colaborar para que este assunto seja esclarecido" (Expresso)

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