segunda-feira, outubro 30, 2023

Sondagem: 61% dos portugueses culpam Governo pelo arrastar do conflito na Saúde


Metade dos utentes concorda com o protesto. Um quinto responsabiliza os sindicatos pela atual crise e 12% culpam os médicos. Quase 30% ligam para o SNS24 em caso de doença súbita, mas muitos ainda vão diretos à Urgência. Depois de mais de 16 meses de negociações sem acordo entre médicos e Ministério da Saúde, com várias greves pelo meio e um protesto às horas extra que está a fechar vários Serviços de Urgência, os portugueses culpam o Governo pelo arrastar do conflito e tendem a concordar com os protestos dos médicos. Más notícias para o ministro Manuel Pizarro que amanhã terá mais uma oportunidade para se entender com a classe, de forma a evitar o "novembro dramático" prognosticado pelo diretor-executivo do SNS. Um total de 61% dos inquiridos na sondagem DN/JN/TSF sobre a Saúde e a crise dos médicos, consideram que o Executivo de António Costa é o maior responsável pelo arrastar do conflito. Outros 20% culpam os sindicatos e 12% responsabilizam os médicos.

São as mulheres, os jovens adultos (18-34), as classes mais favorecidas e os utentes que nas últimas legislativas votaram nos partidos da Direita (PSD, Iniciativa Liberal, Chega e CDS) que mais responsabilizam o Governo pela interminável contenda. Por outro lado, há mais homens e mais idosos (maiores de 65 anos) a culpar os sindicatos pelo conflito. Os inquiridos com maiores dificuldades socioeconómicas são os que mais apontam o dedo aos médicos.

Com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) num turbilhão, os portugueses dão a mão aos sindicatos e aos médicos. Metade dos utentes concorda, ou concorda totalmente, com o prolongamento dos protestos daqueles profissionais até que haja um acordo com o Governo. Do outro lado, 31% discordam, ou discordam totalmente, e 18% não concordam, nem discordam.

A escolha da Urgência

Dias depois de o primeiro-ministro ir ao Porto pedir aos portugueses que liguem para o SNS24 em vez de irem pelo próprio pé à Urgência, eis que a maior parte dos portugueses mostra que já sabe o que fazer, embora um quarto ainda prefira a deslocação direta ao hospital. Inquiridos sobre qual seria a primeira escolha perante um problema de saúde imediato, 29% responderam que usariam a linha SNS24, 26% optariam por dirigir-se à Urgência de um hospital público e 22% pela Urgência de um hospital privado. Como quarta opção surge o centro de saúde (solução para apenas 19% dos portugueses) e no final o consultório privado (4%).

Olhando à residência dos inquiridos, notam-se comportamentos diferentes. Os utentes da Área Metropolitana do Porto, da Região Centro e do Sul de Portugal e ilhas são os que mais escolhem a linha SNS24 como primeira opção em caso de doença súbita. Para os habitantes da Região Norte e da Área Metropolitana de Lisboa, a linha é uma segunda opção. No Norte, os utentes escolhem ir a uma Urgência do hospital público em primeiro lugar e em Lisboa a primeira opção é a Urgência privada. Refira-se ainda que os cidadãos do Centro foram os que mais escolheram a opção centro de saúde (em segundo lugar após o SNS24).

O nível socioeconómico dos inquiridos também influencia as opções. Os mais desfavorecidos colocam a Urgência do hospital público em primeiro lugar, seguido do centro de saúde e só a seguir o SNS24. Entre os mais favorecidos, a linha está no topo das escolhas, seguida da Urgência privada, da Urgência pública e só depois do centro de saúde.

No que respeita a género, há mais homens do que mulheres a ligar primeiro para o SNS24.

SATISFAÇÃO

Com médicos

Dos 805 inquiridos, 43% recorreram, nos últimos três meses, a nível pessoal ou com um familiar às Urgências do SNS. Dos que usaram estes serviços, 33% registaram um grau de satisfação pequeno (15%) ou muito pequeno (18%) com os cuidados médicos prestados. Para 35% foi médio e para 31% muito grande ou grande.

Atendimento geral

Quanto à satisfação com o atendimento global na Urgência, para 34% foi pequeno ou muito pequeno, para 33% foi médio e para 32% grande ou muito grande (DN-Lisboa, texto da jornalista Inês Schreck)


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