sábado, novembro 19, 2022

TAP contesta espaço dado à EasyJet

 

Sentiu-se desconforto dentro da TAP com a transferência da easyJet do terminal 2 para o 1, o que aconteceu depois de a companhia low cost ter ficado com 18 slots (faixa horária para aterrar e levantar voo) diários que a transportadora aérea portuguesa se viu obrigada a abdicar, como penalização pela aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas. A TAP não se queixou formalmente, mas questiona o acesso da easyJet às mangas (posições de contacto), um bem escasso no congestionado aeroporto Humberto Delgado e cobiçado por tornar as operações mais eficientes e a circulação dos passageiros mais rápida. Em carta enviada ao presidente da ANA, Thierry Ligonnière, a 14 de novembro, a que o Expresso teve acesso, a TAP afirma que a concessionária está a adotar “práticas que discriminam positivamente a easyJet na utilização do terminal 1”, e que isso tem não só um impacto “adverso na sua operação, como distorce a concorrência”. E apresenta números, dizendo que desde 31 de outubro, data em que a easyJet passou para o terminal 1, até 12 de novembro, a TAP teve acesso a 640 mangas, para um total de 1799 voos (36%), enquanto para a easyJet foram disponibilizadas 241 mangas para um total de 386 voos (62%).

A ANA contesta os argumentos da TAP. Assegura ao Expresso que a transportadora aérea portuguesa mantém o mesmo número de mangas que tinha antes da transferência da easyJet para o terminal 1. “A ANA não pode discriminar negativa ou positivamente nenhuma companhia, mas não deixa de ter em consideração o papel que a TAP tem como empresa hub no aeroporto Humberto Delgado”, afirma fonte oficial. E esclarece que nos voos de médio curso (os que são comparáveis com a easyJet), o tempo de uso das mangas é semelhante entre as duas companhias. “O que fica demonstrado pelo facto de o número de horas de estacionamento nas posições com mangas, tendo em conta o número de voos das duas companhias, ser igual para ambas.” A questão, diz, é que a TAP fica duas vezes e meia mais tempo em terra do que a easyJet. A ANA diz estar disponível para dialogar com a TAP. E explica que a easyJet, agora número dois em Lisboa, mudou para o terminal 1 — mais prestigiado — porque já não cabia no 2.

A escassez de mangas no aeroporto de Lisboa, que tem disponíveis 17 pontos de contacto, é um problema que se arrasta há anos e que pode ser atenuado com obras — que acrescentariam mais 12 mangas. A concessionária está disponível para as fazer, mas o processo está parado há meses à espera da criação da comissão de negociações pelas Finanças. É que a ANA só faz as obras, cujo investimento é de €300 milhões, quando renegociar o contrato de concessão. Sem obras, o verão de 2023 fica comprometido (Expresso, texto da jornalista Anabela Campos)

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