sábado, novembro 19, 2022

Menos de metade dos portugueses poupa para a reforma

 

Menos de metade dos portugueses (42,7%) está neste momento a poupar para a sua reforma — ainda que a proporção de pessoas a poupar para outros fins seja superior. O maior incentivo para a poupança para a reforma é a previsão de quebra de rendimentos no futuro, seguido de quem acredita que terá custos maiores com a saúde e de quem pretende ter dinheiro para viajar. Estas são algumas das conclusões de um inquérito coordenado pelo professor universitário Fernando Alexandre, sobre a poupança de longo prazo em Portugal, e que será apresentado na conferência anual da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) desta quinta-feira, 17 de novembro. O inquérito insere-se num estudo alargado que está a ser realizado em parceria entre o supervisor e a Universidade do Minho. Neste inquérito, que contou com uma amostra superior a 1700 pessoas, foi concluído que 67% de quem respondeu poupa, seja qual for o destino desse dinheiro. A maioria dos inquiridos deixa de lado um montante fixo de forma regular. Só que depois, olhando especificamente para a poupança para a reforma, a percentagem desce para 42,7%, deixando menos de metade dos portugueses expostos aos rendimentos que possam ter quando deixarem a fase ativa da vida.

“A previsão de uma quebra nos rendimentos na reforma é o motivo principal mais referido para poupar para a reforma”, sendo apontado por 54% dos inquiridos, segundo o estudo, que refere também que há quem coloque dinheiro de lado para eventuais custos com a saúde ou para viajar (ou outras atividades de lazer).

PPR PRETERIDOS FACE ÀS AÇÕES

São vários os indicadores que são cruzados neste inquérito, e um deles é perceber qual é a principal aplicação de poupança para as reformas. Os planos poupança reforma (PPR) são apenas o terceiro produto mais usado, indicado por 13% das respostas, atrás dos depósitos a prazo e perdendo para as aplicações concentradas em ações (26%).

A probabilidade de poupar para a reforma vai aumentando com a idade, escolaridade e com os rendimentos das famílias e diminuindo consoante o vínculo laboral é mais precário. Outra das conclusões do estudo é que “famílias que consideram a possibilidade de vender a residência principal para fazer face a despesas na reforma têm uma maior propensão a poupar para a reforma”.

Neste inquérito, que pretende depois servir de base a um estudo mais alargado, é referido que aqueles que acreditam que viverão mais tempo estão mais predispostos a poupar para a reforma; nesse sentido, as pessoas que fumam diariamente têm, também, uma menor probabilidade de o fazer. Pelo contrário, quem faz exercício físico poupa mais.

O desequilíbrio demográfico europeu faz temer uma crescente diferença entre o rendimento que as pessoas recebem na sua fase ativa e a pensão de reforma de que irão beneficiar quando deixarem de trabalhar. Há relatórios da Comissão Europeia já a apontar nesse sentido, e a ASF pretendeu conhecer quais os hábitos no país relativamente a quem poupa independentemente da reforma de que possa beneficiar no futuro. Isto numa altura em que na Europa entra em comercialização o novo PPR europeu (PEPP), mas faltando ainda os pormenores sobre como se vai concretizar (benefícios fiscais, por exemplo) (Expresso, texto do jornalista Diogo Cavaleiro)

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