Abaixo do social-democrata estão Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, ambos subindo ligeiramente (0,2 pontos) desde novembro. Ainda assim, a líder do Bloco parte para estas legislativas 0,6 pontos abaixo do seu registo a um mês das legislativas de 2019, assim como o secretário-geral do PCP está 0,4 mais negativo do que então. Seguem-se Inês Sousa Real, líder do PAN (sobe para 3,5 pontos de popularidade), Francisco Rodrigues dos Santos (3,2), João Cotrim Figueiredo (3,1) e, no final da lista, André Ventura (com 2,3 pontos, que só comparam com os de Joacine Katar Moreira, até aqui deputada independente, eleita em 2019 pelo Livre, que agora vai candidatar Rui Tavares). Ventura, ao contrário de Cotrim, está em queda nesta avaliação.
Mas é na avaliação das características pessoais de António Costa e Rui Rio, repetindo o mesmo inquérito feito antes das legislativas de 2019, que se consegue perceber melhor a evolução das perceções dos líderes dos dois maiores partidos.
Tal como nas intenções de voto, há duas maneiras de olhar para os números. Primeiro, pelo valor facial, onde António Costa compara bem com Rui Rio. É destacadamente visto como mais experiente (65% contra 14%), também como líder “mais forte” do que o social-democrata (55% contra 20%). E é ainda apontado como sendo “mais simpático” (53% contra 21%), mais ponderado (48% contra 26%), mais “competente” (46% contra 26%) e mais “preocupado com as pessoas” (43% face a apenas 19% do adversário). De resto, Rio só começa a ficar mais perto do socialista na avaliação de quem é “mais honesto” — onde Costa tem 36% das respostas versus 21% de Rio.
24% dos inquiridos consideram que nenhum dos dois líderes é honesto e 23% afirmam que nenhum deles se preocupa com as pessoas
Há, porém, um parâmetro onde o líder do PSD efetivamente bate o socialista: na questão sobre quem está “mais disposto a dizer o que pensa” — ou seja, na frontalidade. Aí, Rui Rio sobe aos 41%, contra 31% do secretário-geral do PS. A opinião majoritária dos inquiridos, assim, bate certo com uma das mensagens que o PSD escolheu para a sua campanha, a de valorização da imagem de seriedade do seu líder. Mas o inquérito, mesmo assim, não valida a segunda mensagem escolhida pelos sociais-democratas: a determinação de Rio como líder que impulsionaria as medidas de que o país precisaria. É que Costa está a 51 pontos de distância do presidente do PSD na perceção de liderança forte e também com 20 pontos de vantagem na avaliação de competência — os dois indicadores que, cruzados, mais se aproximam desse indicador.
Para o líder do PSD, porém, há indicadores mais animadores. É que, comparando com as respostas ao inquérito prévio às legislativas de 2019, consegue subidas em quase todos os pontos de avaliação. Sobe 13 pontos na frontalidade, nove na ponderação, seis na honestidade e na avaliação de quem é o “mais forte” — e subidas menos visíveis na perceção da sua preocupação com os cidadãos, de competência, simpatia e experiência. De facto, só há um fator onde Rui Rio perde pontos, que é na avaliação da sua experiência face a António Costa. Isto apesar de a progressão de Rio ser curta para neutralizar as enormes desvantagens com que partia nas anteriores eleições.
ALGUNS INDECISOS A CONVENCER
Ao invés, o líder socialista perde em cinco pontos de avaliação de personalidade: menos nove pontos na experiência, menos cinco na frontalidade, menos um na simpatia e frontalidade, mantendo-se igual na perceção da sua ponderação e competência. Há, mesmo assim, um dado em que ganha pontos (quatro): a sua preocupação com as pessoas — talvez efeito da gestão da pandemia.
Um dado importante para o mês de campanha intensa que se avizinha, sobretudo para o debate a dois que está marcado para dia 13 de janeiro, com transmissão em todos os canais abertos de televisão, é a percentagem de eleitores que se mostra indecisa na resposta ou mesmo que se afasta da avaliação de qualquer dos dois principais líderes partidários. Por exemplo, 24% dos inquiridos consideram que nenhum dos dois líderes é honesto e 23% afirmam que nenhum deles se preocupa com as pessoas. E a taxa de não-respostas a estas questões é alta em vários parâmetros: varia entre os 20% na honestidade e os 13% quando a pergunta é sobre qual é o mais experiente, passando pelos 19% de indecisos quanto à competência e os 14% quanto a quem é o “mais forte”. Há, portanto, ainda margem para convencer eleitores nas quatro semanas que se seguem.
ANTÓNIO COSTA DOIS ANOS DEPOIS
+ Preocupação com as pessoas
É o único ponto onde Costa sobe: 43% acreditam que se preocupa com as pessoas
= Ponderação
Igual à sondagem de 2019: 48% valorizam o bom senso de Costa
= Competência
Também sem alterações, são 46% os que acreditam na sua competência
- Líder forte
Ligeira quebra de um ponto, mas 55% veem Costa como mais forte
- Honestidade
Também um ponto a menos face a 2019. É um dos pontos fracos de Costa
- Simpatia
Também perde um ponto, mas 53% consideram Costa mais simpático
- Diz o que pensa
Menos cinco pontos em frontalidade. Aqui Rio passa Costa
- Experiência
Maior perda do socialista, mas 65% reconhecem-lhe mais experiência
RUI RIO DOIS ANOS DEPOIS
+ Diz o que pensa
A maior subida de Rio, nove pontos. Vista como a sua maior qualidade
+ Ponderação
Rio ganha nove pontos nesta avaliação. Mas só fica com 26%
+ Mais forte
Uma subida de seis pontos em dois anos. Mas fica longe de Costa
+ Honestidade
Mais uma subida de seis pontos. Fica a 15 pontos de Costa aqui
+ Atenção às pessoas
Rio sobe cinco pontos em dois anos, Costa quatro. Diferença mantém-se
+ Competência
Líder do PSD sobe quatro pontos, mas permanece a 20 de Costa
+ Simpatia
Ganha quatro pontos, mas é a terceira pior característica de Rio
- Experiência
Perde dois pontos, fica com 14%. É a maior diferença face ao PM (Expresso, texto do jornalista DAVID DINIS)
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