Mais de 17 mil casos num só dia: nunca houve tantos.
Mas quando se comparam dados de 21 a 28 de dezembro deste ano com os de há um
ano, conclui-se que há muito menos mortes, internamentos e doentes em unidades
de cuidados intensivos - e também menos positividade nos testes. Explicamos
tudo neste artigo - que mostra em números como a vacinação está a funcionar
Portugal bateu esta terça-feira o recorde de casos diários de covid-19. São 17.172 casos em apenas 24 horas, mas, ao contrário do que se verificou há um ano, mais contágios não se traduzem num grave aumento da mortalidade nem sequer das hospitalizações. Vamos aos números. A partir dos dados oficiais da DGS, a CNN Portugal calculou as médias da última semana (dados de 20 a 27 de dezembro, reportados sempre um dia depois). E confirma-se que Portugal está com casos como nunca, numa altura em que também se testa como nunca.
Os quatros dias com mais testes realizados desde o
início da pandemia foram, de acordo com os dados do Ministério da Saúde, precisamente
22, 23, 24 e 27 de dezembro de 2021 (só nesses quatro dias foram realizados
mais de 1,1 milhões de testes). Tudo ponderado, foram realizados 197.740 testes
em média por dia entre 20 e 27 de dezembro deste ano, dos quais 4,8% foram
positivos; no período homólogo de 2020 foram realizados 31.411 testes por dia,
em média, dos quais 9% deram positivo. Ou seja, a taxa de positividade está
mais baixa este ano.
De notar que, precisamente por causa desse grande volume de testes, muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso. O mais relevante é perceber quais os efeitos que tudo isto tem ao nível da atividade do vírus, mas também quais são as consequências que ele tem na saúde pública. Há muitos mais casos e testes, mas há muito menos positividade, menos internamentos e muito menos mortes. Efeito claro da vacina, em cujo processo Portugal é um dos países mais avançados.
Tal como pode verificar no quadro em cima, os internamentos
caíram 70%, o número de pessoas em cuidados intensivos caiu 70% e os óbitos
recuaram 78% na semana de natal deste ano face ao mesmo período do ano passado.
Estamos pois a realizar muito mais testes e por isso
aparecem mais infetados em números brutos mas a taxa de positividade recuou (na
prática, Portugal está a testar seis vezes mais mas os níveis de positividade
estão quase em metade do verificado no último ano); tudo o que coloca pressão
sobre o Serviço Nacional de Saúde também recuou bastante. Ou seja, ter muitos
casos não diz tudo quando não se faz esta contextualização.
Os números são ainda mais impressionantes
relativamente aos efeitos de casos vs. mortes e internamentos. Há um ano, com
três vezes menos casos morria-se quatro vezes mais de covid-19 em Portugal. Em
relação aos internamentos, eram três vezes superiores ao atualmente verificado.
Os internamentos em unidades de cuidados intensivos apresentam indicadores
iguais: houve uma média de 506 pessoas nessa situação em cada um dos dias entre
20 e 27 de dezembro, sendo este ano de 151.
Resumindo: apesar de no ano passado se ter verificado
uma média de 2818 casos neste período face aos 9.430 de 2021, todos os
restantes dados são favoráveis (CNN-Portugal, texto dos jornalistas António
Guimarães, Pedro Santos Guerreiro e Pedro Falardo)
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