terça-feira, março 02, 2021

Um ano depois, que países responderam melhor à pandemia da Covid-19?

 


Foi um ano de confinamentos, distância social e apoios financeiros. Mas quem se saiu melhor? Em junho de 2020, Ian Bremmer e alguns dos seus colegas do Eurasia Group analisaram os países do mundo que melhor reagiram ao surgimento da Covid-19 – desde Singapura, à Alemanha ou aos Emirados Árabes Unidos. Agora, passados oito meses, o jornalista da revista TIME voltou a analisar a resposta destes mesmos países à pandemia e verificou que bons exemplos devemos retirar deste primeiro ano a co-habitar com o vírus.

Taiwan

Após um ano de pandemia, a ilha vizinha da China conta apenas 940 casos e 9 mortes de Covid-19, fruto de um rápido fecho de fronteiras no início da pandemia, da utilização de uma aplicação digital para identificar e confirmar que as pessoas em quarentena estão a obedecer às regras, assim como a uma resposta centralizada do Governo (com um vice-presidente epidemiologista) através do seu sistema nacional de saúde. Graças a esta rápida ação e apertado controlo dos cidadãos, Taiwan nunca impôs um confinamento geral, ao contrário da maioria dos países do mundo, apesar de recentemente ter proibido a entrada de pessoas estrangeiras e não residentes no país. Agora, enfrentam um obstáculo inesperado: o facto de estarem a lidar tão bem com o vírus está a diminuir o sentido de urgência da vacinação dos cidadãos.

Singapura

Com 59 mil casos e 29 mortes desde o início da pandemia, o caso de Singapura é semelhante ao de Taiwan: uma ação rápida e agressiva do Governo, com o uso de tecnologia e poderes do Estado para implementar uma monitorização dos cidadãos, permitiu um baixo número de transmissões do vírus. Entre estas medidas, contaram-se a verificação de bilhetes de identidade nas portas de supermercados ou a rápida construção de novas camas para acomodar e isolar doentes. Graças a isso, Singapura conseguiu enviar os seus estudantes universitários de volta às faculdades – uma exceção num mundo dominado pelas aulas online -, enquanto manteve o país economicamente sustentável através de pacotes de grandes pacotes de estímulo do Governo. No entanto, o país continua a sofrer críticas pelo tratamento desigual dado aos seus trabalhadores imigrantes.

Coreia do Sul

Graças a uma política implacável de controlo de pequenos surtos do vírus e a um alto controlo da população – tal como nos casos de Taiwan e Singapura -, a Coreia do Sul continua a destacar-se como um dos casos de maior sucesso entre as democracias avançadas mundiais. Em fevereiro, o país asiático registava 85 mil casos de Covid-19 e 1544 mortes, números significativamente baixos para a sua população de 51 milhões de pessoas. Contudo, o país enfrenta um problema: após ter apostado em tratamentos com anticorpos monoclonais, a Coreia renegou para segundo plano a compra das vacinas, adquirindo menos doses por habitante que países como o Reino Unido e os EUA. Agora, os tratamentos com anticorpos monoclonais revelaram-se menos eficazes do que o esperado – e o governo está a correr atrás do prejuízo.

Nova Zelândia

Contando apenas pouco mais de 2 mil casos e 26 mortes desde o início da pandemia, a Nova Zelândia tem corrido os jornais de todo o mundo como um dos melhores exemplos a seguir. Graças a medidas de confinamento agressivas, testes em massa, uma boa comunicação política da primeira-ministra Jacinda Adern e o fecho de fronteiras, o país tem mantido os casos de Covid-19 sob controlo. No entanto, o seu lento ritmo de vacinação tem levantado preocupações – mais um país onde o baixo nível de casos reflete a menor importância dada à imunização, tanto pelo governo como pelos cidadãos.

Austrália

Os números da Austrália – 28 mil casos e 909 mortes – parecem elevados quando comparados com a vizinha Nova Zelândia. No entanto, estes são números positivos para um país que tem feito um bom controlo da pandemia, com a rápida implementação de restrições de viagens e de confinamentos desde o início da pandemia. Paralelamente, o primeiro-ministro, Scott Morrison, tem acompanhado estas restrições com grandes pacotes de estímulo económico para a população, assim como apoios para desempregados e cuidados para crianças gratuitos para todos.

Canadá

Enquanto a Austrália sofre por ser comparada com a vizinha Nova Zelândia, o Canadá tem o efeito contrário quando comparado com os EUA, com quem partilha uma longa fronteira. Ainda assim, os canadianos contam com 840 mil casos e 21455 mortes de Covid-19, tendo sofrido particularmente com a segunda vaga do vírus e as suas novas variantes. Com um sistema nacional de saúde a nível federal e vários apoios fiscais concedidos ao longo da pandemia, o governo do Canadá tem evitado males maiores. No entanto, o país tem assistido a crescentes protestos anti-confinamento e vários locais estão a começar a desconfinar, apesar de apenas 4% da população ter sido vacinada até ao momento, fruto desta pressão pública.

Alemanha

Com mais de 2 milhões de casos de Covid-19 e 66 mil mortes, Angela Merkel não tem tido uma tarefa fácil no combate à pandemia. O ritmo de vacinação na Alemanha é inferior ao de outros países da União Europeia e os protestos anti-confinamento também estão a crescer no país, pondo em causa a resposta robusta que o governo tinha dado nos primeiros meses da pandemia, com testes em massa e uma comunicação transparente. Recentemente, Merkel anunciou que planeia manter o atual confinamento até ao dia 28 de março, após o país ter sofrido um forte impacto com a segunda vaga do vírus.

Islândia

Com apenas 6 mil casos e 29 mortes, os números do pequeno país falam por si próprios. A Islândia manteve-se fiel à sua campanha de testes em massa e quarentenas desde o início da pandemia e, graças a tal, este mês iniciou o processo de reabertura de bares e ginásios. Apesar de ter apenas 364 mil habitantes, facilitando o controlo dos casos positivos e de risco, a Islândia ainda assim chegou a apresentar o índice de testes por habitante mais elevado do mundo. Neste momento o país enfrenta o desafio da vacinação da sua população – cujos números não são particularmente altos, tendo imunizado apenas 2.5% da população.

Emirados Árabes Unidos

Com o seu primeiro caso confirmado a 29 de janeiro de 2020, os Emirados Árabes Unidos tomaram rápidas e implacáveis medidas de confinamento, distância social e recolher obrigatório no país desde cedo. Apesar de ter instalado um sistema de vigilância apertado – qualquer pessoa que partilhe informação médica falsa nas redes sociais pode enfrentar uma multa de 4500 euros -, o governo garantiu apoios financeiros a todos os custos causados pela Covid-19. Agora, o país conta com 361 mil casos e mil mortes de Covid-19. Perturbado pelas disrupções no mercado do petróleo, a maior fonte de rendimento do país, os Emirados Árabes Unidos continuam a conseguir controlar o vírus apesar dos surtos pontuais. Segundo Bremmer, os Emirados “podem vir a ser considerados o modelo desta pandemia.” (Visão)

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