domingo, março 28, 2021

Nota: nas autárquicas as "contabilidades eleitorais" são factualidades desvalorizadas...

 

Este quadro mostra as votações do CDS em Santana (2017) e da coligação do PS no Funchal (2017) com a indicação dos melhores resultados, nos dois casos, obtidos por cada força política em cada uma das freguesias. Tanto no Funchal como em Santana (salvo São Roque do Faial em que foi a Assembleia Municipal) a melhor votação do CDS e da coligação do PS foi sempre na eleição do Presidente da Câmara Municipal. Curioso que nas freguesias em que o PSD-M ganhou as Juntas de Freguesia (3 em Santana e 5 no Funchal) os social-democratas perderam as votações para as CM e AM.


Miguel Gouveia, no fundo tal como Dinarte Fernandes em Santana (desde final de 2019), sabe que precisa de ganhar uma eleição para ter a legitimidade eleitoral que, digam o que disserem, nem um nem outro têm. Porque em 2017 não ganharam eleições. Limitaram-se a fazer parte, tal como outros elementos eleitos vereadores, de una lista de candidatos vencedora nas urnas, ambas lideradas por pessoas diferente (Cafofo no Funchal e Teófilo Cunha no norte da ilha) - que foram as mais-valias eleitorais da coligação montada pelo PS-M, e do CDS-M, pelo que hoje ninguém sabe, mesmo depois destes anos em que estiveram na liderança camarária, se conseguem capitalizar a seu favor essa mais-valia pessoal que em 2017 existiu. Confesso que tenho algumas dúvidas que espero sejam dissipadas este ano.

Ora se Miguel Gouveia e Dinarte Fernandes precisam desse tira-teimas eleitoral, para se apresentarem aos olhos das pessoas valendo o que valem e esperando ser os vencedores nas urnas das autárquicas deste ano - e não meros substitutos de outras pessoas que encabeçaram as candidaturas em 2017 e, portanto, às quais foram imputados os méritos das vitórias eleitorais alcançadas no Funchal e em Santana - parece-me mais do que legítimo que precisam de resistir às pressões internas dos seus partidos no processo decisório relacionado com a constituição das respectivas equipas de candidatos. Em cenários diferentes.

Santana (CDS) diferente do Funchal (PS)

Enquanto em Santana subsiste a dúvida sobre se o CDS ganha a edilidade sem Teófilo Cunha - parecendo-me ser mais os descrentes do que aqueles que convictamente apostam nesse desfecho (e não estando o CDS-M interessado em sair fragilizando do processo eleitoral, perdendo eventualmente a

única Câmara que têm na RAM e uma das 6 no País) - no caso do Funchal e para o PS-M, trata-se de resistir, de novo em coligação, ao ataque forte que a coligação

regional PSD-M - CDS-M está a preparar e manter assim a maioria na capital sobretudo pelo emblemático que essa continuidade significaria. Apesar der não o ter sido para Cafofo nas regionais de 2019, recordo que tanto na Madeira, como agora nos Açores os Presidentes dos Governo Regionais foram ambos presidentes das principais autarquias de cada região, Funchal (Albuquerque)  e Ponta Delgada (Bolieiro). Também Sampaio e Costa no PS passaram pela liderança da Câmara de Lisboa e Rio foi autarca no Porto durante vários anos. Há pois, nalguns casos, gostem ou não que se digam, uma lógica de trampolim nalgumas vitórias autárquicas. Pelo menos a esperança de que assim seja...

Portanto, julgo ser indiscutível e  legítimo que sejam eles - Gouveia e Dinarte - a ter a última palavra sobre a composição das respectivas equipas, aliás um aspecto quase sempre desvalorizado no passado mas que cada vez mais acaba por assumir uma quota-parte importante nos desfechos eleitorais autárquicos. Por isso as diferenças de votos dos partidos em três actos eleitorais diferentes que se realizam todos ao mesmo tempo. Os eleitores fazem escolhas pessoais, por muito que tem - os partidos - desvalorizar isso

Um exemplo:

Santana - CDS (2017)

Câmara Municipal - 2.797 votos, 60,5%

Assembleia Municipal - 2.544 votos, 55%

Assembleias de Freguesia (Juntas de Freguesia) - 2.367 votos, 51,2%

Funchal - PSD (2017)

Câmara Municipal - 17.971 votos, 32,1%

Assembleia Municipal - 17.903 votos, 31,9%

Assembleias de Freguesia (Juntas de Freguesia) - 21.093 votos, 37,5% (LFM)


Este quadro mostra as votações do CDS-M e do PSD-M em Santana (2017) e para os 3 actos eleitorais autárquicos. Mostra igualmente as votações no Funchal do PSD-M, CDS-M e coligação liderada pelo PS-M. Enquanto em Santana o CDS-M obteve a melhor votação na eleição da Câmara Municipal, o PSD-M obteve a sua melhor votação nas Assembleias de Freguesia. No caso do Funchal, o PSD-M obteve igualmente a sua melhor votação nas Assembleia de Freguesia, enquanto o CDS-M conseguiu o seu melhor resultado na Assembleia Municipal e o pior na eleição da Câmara Municipal.

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