Este quadro mostra as votações do CDS em Santana (2017) e da coligação do PS no Funchal (2017) com a indicação dos melhores resultados, nos dois casos, obtidos por cada força política em cada uma das freguesias. Tanto no Funchal como em Santana (salvo São Roque do Faial em que foi a Assembleia Municipal) a melhor votação do CDS e da coligação do PS foi sempre na eleição do Presidente da Câmara Municipal. Curioso que nas freguesias em que o PSD-M ganhou as Juntas de Freguesia (3 em Santana e 5 no Funchal) os social-democratas perderam as votações para as CM e AM.
Miguel Gouveia, no fundo tal como Dinarte Fernandes em Santana (desde final de 2019), sabe que precisa de ganhar uma eleição para ter a legitimidade eleitoral que, digam o que disserem, nem um nem outro têm. Porque em 2017 não ganharam eleições. Limitaram-se a fazer parte, tal como outros elementos eleitos vereadores, de una lista de candidatos vencedora nas urnas, ambas lideradas por pessoas diferente (Cafofo no Funchal e Teófilo Cunha no norte da ilha) - que foram as mais-valias eleitorais da coligação montada pelo PS-M, e do CDS-M, pelo que hoje ninguém sabe, mesmo depois destes anos em que estiveram na liderança camarária, se conseguem capitalizar a seu favor essa mais-valia pessoal que em 2017 existiu. Confesso que tenho algumas dúvidas que espero sejam dissipadas este ano.
Ora se Miguel
Gouveia e Dinarte Fernandes precisam desse tira-teimas eleitoral, para se
apresentarem aos olhos das pessoas valendo o que valem e esperando ser os
vencedores nas urnas das autárquicas deste ano - e não meros substitutos de
outras pessoas que encabeçaram as candidaturas em 2017 e, portanto, às quais
foram imputados os méritos das vitórias eleitorais alcançadas no Funchal e em
Santana - parece-me mais do que legítimo que precisam de resistir às pressões
internas dos seus partidos no processo decisório relacionado com a constituição
das respectivas equipas de candidatos. Em cenários diferentes.
Santana (CDS)
diferente do Funchal (PS)
Enquanto em
Santana subsiste a dúvida sobre se o CDS ganha a edilidade sem Teófilo Cunha -
parecendo-me ser mais os descrentes do que aqueles que convictamente apostam
nesse desfecho (e não estando o CDS-M interessado em sair fragilizando do
processo eleitoral, perdendo eventualmente a
única Câmara que
têm na RAM e uma das 6 no País) - no caso do Funchal e para o PS-M, trata-se de
resistir, de novo em coligação, ao ataque forte que a coligação
regional PSD-M -
CDS-M está a preparar e manter assim a maioria na capital sobretudo pelo
emblemático que essa continuidade significaria. Apesar der não o ter sido para
Cafofo nas regionais de 2019, recordo que tanto na Madeira, como agora nos
Açores os Presidentes dos Governo Regionais foram ambos presidentes das
principais autarquias de cada região, Funchal (Albuquerque) e Ponta Delgada (Bolieiro). Também Sampaio e
Costa no PS passaram pela liderança da Câmara de Lisboa e Rio foi autarca no
Porto durante vários anos. Há pois, nalguns casos, gostem ou não que se digam,
uma lógica de trampolim nalgumas vitórias autárquicas. Pelo menos a esperança
de que assim seja...
Portanto, julgo
ser indiscutível e legítimo que sejam
eles - Gouveia e Dinarte - a ter a última palavra sobre a composição das
respectivas equipas, aliás um aspecto quase sempre desvalorizado no passado mas
que cada vez mais acaba por assumir uma quota-parte importante nos desfechos
eleitorais autárquicos. Por isso as diferenças de votos dos partidos em três
actos eleitorais diferentes que se realizam todos ao mesmo tempo. Os eleitores
fazem escolhas pessoais, por muito que tem - os partidos - desvalorizar isso
Um exemplo:
Santana - CDS
(2017)
Câmara Municipal -
2.797 votos, 60,5%
Assembleia
Municipal - 2.544 votos, 55%
Assembleias de
Freguesia (Juntas de Freguesia) - 2.367 votos, 51,2%
Funchal - PSD
(2017)
Câmara Municipal -
17.971 votos, 32,1%
Assembleia
Municipal - 17.903 votos, 31,9%
Assembleias de
Freguesia (Juntas de Freguesia) - 21.093 votos, 37,5% (LFM)
Este quadro mostra as votações do CDS-M e do PSD-M em Santana (2017) e para os 3 actos eleitorais autárquicos. Mostra igualmente as votações no Funchal do PSD-M, CDS-M e coligação liderada pelo PS-M. Enquanto em Santana o CDS-M obteve a melhor votação na eleição da Câmara Municipal, o PSD-M obteve a sua melhor votação nas Assembleias de Freguesia. No caso do Funchal, o PSD-M obteve igualmente a sua melhor votação nas Assembleia de Freguesia, enquanto o CDS-M conseguiu o seu melhor resultado na Assembleia Municipal e o pior na eleição da Câmara Municipal.
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