terça-feira, março 02, 2021

Um ano da pandemia que mudou Portugal: o impacto da covid-19 em números

 


Faz hoje um ano desde que a pandemia chegou a Portugal. No dia 2 de março de 2020 as autoridades de saúde comunicaram os primeiros dois casos de covid-19 no país, uma informação que alterou por completo os doze meses seguintes.

365 dias depois, muita coisa mudou, desde o aumento de casos e mortes, aos 12 estados de emergência que o país atravessou, passando pelas doses de vacina já administradas. Veja aqui o balanço dos últimos doze meses em números.

804.956 casos

No dia 2 de março de 2020 a ministra da Saúde, Marta Temido, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmaram os primeiros dois casos de covid-19 em Portugal. Um médico de 60 anos que regressou do norte de Itália e foi internado no Hospital de Santo António, no Porto. E um homem de 33 anos regressado de Valência, em Espanha, que aguardava a confirmação do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

Agora, um ano e três vagas pandémicas depois, o número de infetados cresceu para 804.956, segundo os últimos dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Isto significa que o novo coronavírus já atingiu, pelo menos, 8% da população portuguesa.

16.351 mortes

A primeira infeção foi registada há exatamente um ano e a primeira morte por covid-19 foi notificada alguns dias depois, a 16 de março. Tratava-se de um homem de 80 anos com várias comorbilidades (doenças) associadas, que esteve internado durante vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

A informação foi, na altura, avançada pela ministra da Saúde, que apresentou as suas condolências à família e lamentou a primeira vítima de covid-19 em Portugal.

Perante o primeiro óbito, a diretora-geral da Saúde avisou que era expectável que o número de mortes aumentasse, uma vez que “faz parte da história da doença”. E efetivamente aumentou. Hoje, há 16.351 mortes a lamentar em Portugal por causa da covid-19.

35.510 anos de vida perdidos

A pandemia provocou milhares de mortes, causando um excesso de mortalidade em Portugal, à semelhança de outros países do mundo.

Os óbitos prematuros por covid-19 que ocorreram no país desde o início da pandemia traduzem 35.510 anos de vida que se perderam, de acordo com uma conclusão dos investigadores da Escola Nacional de Saúde Pública, revelada na semana passada.

Assim, tendo em conta a esperança média de vida em Portugal e o número de pessoas que faleceram prematuramente devido à covid-19, os investigadores chegaram à conclusão que o coronavírus ‘tirou’ 35.510 anos de vida.

720.235 recuperados

A 12 de março, dez dias depois de ter sido comunicado o primeiro caso em Portugal, surgiu o primeiro doente recuperado da covid-19.

Foi um dos primeiros casos positivos internados no Hospital de São João, no Porto, que ficou infetado depois de uma viagem a Itália e conseguiu recuperar em cerca de duas semanas. Teve alta hospitalar após ter testado negativo duas vezes.

Todos os dias, desde que surgiram as primeiras infeções, há doentes que recuperam da covid-19, deixando de pertencer ao grupo dos casos ativos. No total, desde o início da pandemia, recuperaram da doença pelo menos 720.235 pessoas.

2167 internados (e 469 em cuidados intensivos)

O primeiro doente internado com covid-19 correspondeu ao primeiro caso positivo: o médico de 60 anos que esteve no norte de Itália e que foi admitido no Hospital de Santo António, no Porto.

O paciente zero da covid-19 em Portugal foi, na altura, internado, “mas na prática foi um doente que hoje não seria e podia ser vigiado em casa”, recordou este sábado o diretor do serviço de infeciologia do Centro Hospitalar Universitário do Porto – Hospital de Santo António, Rui Sarmento e Castro, nas vésperas de completar um ano desde essa primeira admissão.

Depois de os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) terem entrado em rutura e atingido o seu limite no fim de janeiro/ início de fevereiro, o país encontra-se, agora, numa situação mais estável e controlada. Há, neste momento, 2167 pacientes internados em enfermarias e 469 em cuidados intensivos, de acordo com o último boletim da DGS.

12 estados de emergência

O primeiro estado de emergência em Portugal foi decretado 16 dias após ter sido notificada a primeira infeção, ou seja, no dia 18 de março.

Foi a primeira vez que foi implementado um estado de emergência na história da democracia portuguesa, e exigiu “a aplicação de medidas extraordinárias e de caráter urgente de restrição de direitos e liberdades”, como dava conta o primeiro decreto presidencial.

Esteve em vigor entre o dia 18 de março e 2 de maio, tendo sido renovado três vezes seguidas. Lembra-se das primeiras medidas? Foi imposto o dever de recolhimento domiciliário, o regime de teletrabalho passou a ser obrigatório, o comércio a retalho e a restauração encerraram, e só ficaram abertos os estabelecimentos que vendiam bens de primeira necessidade, entre outras medidas.

Com a diminuição do número de casos e com a chegada do verão, o estado de emergência foi descartado, mas voltou a estar em cima da mesa em novembro. O primeiro-ministro, António Costa, pediu ao Presidente da República que voltasse a decretar o estado de emergência entre o dia 9 e 23 de novembro, perante o aumento de casos da segunda vaga. O estado de exceção foi depois renovado e prolongado consecutivamente, desde novembro até agora, março.

Com o último (e 12.º) estado de emergência renovado na quinta-feira passada, Portugal vai estar em confinamento até, pelo menos, 16 de março.

2 grandes confinamentos

O primeiro grande confinamento em Portugal começou na primeira vaga da pandemia, na primavera do ano passado, e previu uma série de regras apertadas.

As deslocações foram restringidas ao necessário, graças ao dever de recolhimento domiciliário. Os cabeleireiros e salões de beleza fecharam, bem como as lojas não essenciais, a restauração e os bares. O teletrabalho passou a ser obrigatório, os ajuntamentos foram limitados, e foi implementado o controlo fronteiriço de pessoas e bens. A proibição das deslocações entre concelhos e o encerramento das escolas de todos os graus de ensino foram outras medidas que marcaram a primeira ‘quarentena’.

Já o segundo grande confinamento começou no primeiro mês deste ano. No dia 9 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa disse que não havia alternativa a um confinamento geral a partir da semana seguinte. Assim, voltou a ser proibido andar entre concelhos ao fim-de-semana, as lojas não essenciais encerraram outra vez, e, mais tarde, as escolas e universidades fecharam e as aulas voltaram a ser online.

As medidas mais restritivas aplicadas desde janeiro ainda estão em vigor, sendo que o plano de desconfinamento vai ser apresentado em breve, no dia 11 de março, por António Costa.

3 vagas

Durante os últimos 12 meses, Portugal enfrentou três vagas da pandemia, cada uma com os respetivos picos de casos e de mortes.

A pior semana da primeira vaga ocorreu no fim de março/ início de abril. A 2 de abril de 2020, o total de casos dos sete dias anteriores era 5618, correspondendo a uma média de 803 novos casos por dia, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Esse total semanal só foi ultrapassado em outubro.

Já o pico da segunda vaga foi atingido entre a terceira e a quarta semana de novembro. Segundo afirmou André Peralta Santos, estatístico da DGS, numa reunião do Infarmed, foi atingida a “incidência máxima cumulativa no dia 25 de novembro”. Já o pico do número de mortes ocorreu no final de dezembro.

Na terceira vaga, Portugal atingiu o número mais alto de casos (16.432) e de mortes (303) alguma vez registado desde o início da pandemia. No dia 28 de janeiro foram atingidos estes dois novos ‘recordes’.

8.200.231 testes à covid-19

Portugal já realizou 8.200.231 testes ao novo coronavírus, o que inclui PCR e antigénio (testes rápidos), segundo os últimos dados disponibilizados pela Direção-Geral da Saúde.

Nos últimos dias, a testagem caiu para mais de metade, devido à redução do número de casos positivos. Estão a ser feitos 25 a 30 mil testes por dia à covid-19, enquanto em janeiro eram 65 a 80 mil.

O Governo anunciou que vai começar, em breve, uma testagem massiva nas escolas, fábricas e outros locais considerados de “elevada exposição social”. A testagem vai contemplar a amostra de saliva para a realização dos rastreios laboratoriais, segundo a atualização da norma da DGS sobre a Estratégia Nacional de Testes.

868.951 doses de vacinas administradas

O plano nacional de vacinação contra a covid-19 arrancou no dia 27 de dezembro no Hospital de São João, no Porto. O diretor do serviço de infeciologia desta unidade, António Sarmento, foi o primeiro português vacinado contra a covid-19.

Uns dias mais tarde, a 4 janeiro começou, em Mação, a vacinação nos lares de idosos. Quase três meses após o início da campanha de imunização, já foram vacinadas com a primeira dose 603.585 pessoas, segundo o último relatório da DGS. E 265.366 mil já receberam as duas doses, o que perfaz 868.951 vacinas administradas, no total.

Quase 3% da população portuguesa já recebeu as duas inoculações, o que significa que já está imunizada contra a covid-19 – uma percentagem que aumenta a cada dia (Executive Digest, texto da jornalista Mara Tribuna)

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