quarta-feira, março 18, 2020

Nota: agora não, mas quando chegar o tempo para isso, sim

Uma das vantagens possíveis, no meio desta catástrofe que a pandemia tem causado às nossas vidas, à sociedade em geral, à nossa forma de estar e de viver, às nossas rotinas diárias, é a certeza de que depois dela, nada poderá ficar como antes, sobretudo no que aos sistemas de saúde diz respeito.
Não haverá mais espaço a paleio e outras tretas do costume. O povo vai exigir um SNS e um SRS eficazes, dotados devidamente do que precisam para funcionar em pleno, quer nestes momentos de maior exigência, quer na sua rotina normal em tempos de maior acalmia.
O povo vai exigir esclarecimentos, vai querer saber o que se passou, o que falhou e porque motivo falhou. Não é agora, porque agora o tempo é de olhar para a frente, não para trás, para discussões idiotas porque estes são tempos de solidariedade entre todos em que se quer de acção, competência e empenho total.
Mas o passado não pode ser branqueado quando tudo isto passar. O povo vai esmagar economicismos e economicistas idiotas que brincam com a saúde das pessoas por causa de défices, tudo para brilharem em conferências de imprensa de merda com as idiotices da dívida que servem para que certos egos excrementosos de masturbem. Tanto é assim que agora, com esta pandemia doida que nos consome aos poucos, metem no traseiro a treta da dívida, deixa de haver constrangimentos financeiros ou orçamentais, até já falam em orçamentos rectificativos em vez da trampa mal-cheirosa do superavit, discurso que garante apetecíveis tachos europeus. Mas ao tentarem passar por entre os pingos da chuva, esses que serão chamados a explicar-se quando tudo isto passar - e cabe às redes sociais, ao povo em geral, abusivamente usado para "sancionar" tanta porcalhice na política, forçarem a que isso aconteça e que quem falhou seja afastado ou se afaste - não se salvarão do julgamento popular em devido tempo.
Não podemos ser mais tolerantes com as palermices medíocres das selfies que nada resolvem e que nos desviam do essencial, ou com os doentes das cativações ou da fobia dos pagamentos antecipados de dívidas, no fundo as causas dos problemas que a saúde hoje padece. Há uma máxima popular que nunca fez tanto cabimento como hoje: "Devo não nego, pago quando puder"! O povo vai exigir medidas em matéria de recursos humanos, de espaços para doentes nos hospitais, de instalações condignas, da dignificação da saúde pública que não pode ser um parente pobre de uma governação ou ser deliberadamente prejudicada em nome de outros negócios da corja do costume, de equipamentos modernos e suficientes, vai querer saber o que está planificado para eventuais situações futuras, porque está visto que os tempos em que vivemos trarão, é uma questão de tempo, novos fenómenos destes, mais ou menos arrasadores e à escala global. Por isso, se dúvidas porventura alguém tivesse, a saúde passou a ser agora, mais prioritária do que nunca. Mas deixemos isso tudo para quando dermos a volta a isto, quando recuperarmos a nossa liberdade, a nossa rotina, a nossa vida. E quando esse tempo chegar não virem costas a um tema que é do nosso interesse colectivo. Pandemias houve no passado, epidemias também, vírus a devorar vidas igualmente. Reconheço e aceito que este fenómeno se tenha desenvolvido a uma velocidade demasiado alta, beneficiando da ignorância e do erro colectivo de termos desvalorizado os primeiros sinais, mesmo que ténues, surgidos da longínqua China onde parece que tudo acontece (LFM)

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