domingo, março 22, 2020

Ao longo da história foram vários os momentos em que a Humanidade foi atacada por doenças mais ou menos mortíferas e espalhadas pelo planeta. Primeiro esporádicas, depois cada vez mais frequentes, à medida que as pessoas se foram concentrando em cidades maiores e diversificando contactos com populações, animais e ecossistemas. A empresa canadiana Visual Capitalist, que trata graficamente tendências e notícias, fez esta cronologia gráfica, onde fica evidente que hoje os surtos são frequentes, embora não atinjam todos a categoria de pandemia, como a covid-19 e, em 2009, a gripe A.

Apesar da persistência das doenças e das pandemias ao longo da História, há uma tendência consistente de “redução gradual da taxa de mortalidade”, frisa o Fórum Económico Mundial. “A melhoria dos cuidados de saúde e do conhecimento sobre as pandemias têm sido ferramentas poderosas para mitigar o seu impacto.”
Ainda que longe do fim, a pandemia da covid-19, que começou no final de 2019 na China, já infetou 250 mil pessoas e matou mais de 10 mil. É um número mais de dez vezes acima do registado nas duas últimas epidemias causadas por outros coronavírus (a SARS em 2002 e a MERS em 2015). Mas ainda está bastante distante de outras que marcaram a História, como a gripe espanhola de há 100 anos. A evolução das ciências, e da medicina em particular, leva a acreditar que esses números não voltarão a ser atingidos.
“Este vírus comporta-se como um relógio”
O professor de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Jorge Buescu, avançou na última edição do Expresso com três cenários para a evolução do número de casos de pessoas infetadas em Portugal com o novo coronavírus. Passada uma semana, o cenário 1, o menos grave, com cerca de quatro mil infetados no fim deste mês, “é para esquecer, já não será possível de se atingir”.
O país está, portanto, a avançar entre os cenários 2 (com medidas de restrição progressivas, classificado como “à francesa”), em que se poderia atingir os 19 mil infetados no fim de março, e o mais grave, o cenário 3, com um impacto de infeção sobre até 60 mil pessoas. Buescu alerta que os números divulgados até esta semana ainda refletem as infeções que ocorreram há 15 dias (tempo máximo do surgimento dos sintomas) e só agora foram diagnosticadas. E os números da Direção-Geral da Saúde são tornados públicos refletindo a situação do dia anterior, enquanto as previsões do matemático devem ser lidas no dia a que se referem. Ou seja, há sempre um atraso de 24 horas nos números oficiais.
A polémica sobre a pertinência de um matemático analisar a evolução da doença, sobretudo alguém que numa primeira fase desvalorizou o impacto da epidemia, estalou nas redes sociais e, desde então, os modelos matemáticos multiplicaram-se (ver texto nesta página). Mas Jorge Buescu não se desvia dos seus cálculos: “Este vírus comporta-se como um relógio. Também houve casos de turistas a tentar fintar a GNR e o SEF. Foi o caso de um alemão barrado na fronteira de Vilar Formoso. Inconformado com o bloqueio de que foi alvo, resolveu entrar numa fronteira que se encontrava encerrada. Só que acabou por ser apanhado (Isabel Paulo e Hugo Franco, Expresso)

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