quinta-feira, dezembro 17, 2015

Madeira: CDS num Congresso que pode trazer surpresas

O CDS-Madeira tem este fim-de-semana um congresso regional acelerado pela demissão de José Manuel Rodrigues, depois da clara derrota sofrida pelos centristas nas eleições legislativas de Outubro passado, aliás em linha com o que já tinha ocorrido nas regionais de Março.
Rui Barreto, deputado em Lisboa até Outubro passado, era apontado como o potencial e natural sucessor na liderança, mas rapidamente se percebeu que existe no CDS - a começar pelo grupo parlamentar - correntes que tinham outras ideias e que pareciam não aceitar essa solução fácil.
Neste momento o que se sabe de concreto, para além da liderança de Barreto, é que um outro candidato poderá surgir, embora os trabalhos do congresso possam colocar em causa determinadas estratégias alegadamente já combinadas por alguns dos sectores que estarão em confronto de ideias e propostas no congresso.
Segundo apurei Lopes da Fonseca não esconde a sua disponibilidade para se candidatar e embora possa reunir alguns apoiantes, sobretudo no Funchal, poderá encontrar dificuldades nas zonas não urbanas onde a implantação do CDS, atendendo à realidade do partido, poderá ser decisiva.
Teófilo Cunha, autarca de Santana é visto como alguém que poderá ter um papel importante na procura de uma solução, tal como alguns militantes do CDS em  Câmara de Lobos e na Calheta.
Ricardo Vieira, antigo líder é visto por alguns sectores como uma espécie de candidato a candidato, mas a verdade é que nunca assumiu a intenção de ser líder de novo. Contudo não quer ser posto de fora por alegadamente temer que a eleição de Barreto o possa marginalizar no contexto partidário em nome de um novo ciclo que pode inclusivamente "cortar" com o passado. Por isso, e pelo menos é essa a interpretação que faço, Ricardo Vieira é visto como uma espécie de zelador do passado histórico do CDS regional embora tenha sido apenas com José Manuel Rodrigues que o partido conheceu em termos eleitorais alguns sucessos
Vieira opta assim por uma moção de estratégia claramente interna, definindo modelos e propondo opções para o CDS-M pós-JMR mas não se candidata nem o seu grupo assume a candidatura de João Catanho, cunhado de Vieira, um antigo dirigente da JP (oriundo de uma família de militantes históricos do partido) que confirmou em vários momentos a sua disponibilidade de candidatura mas parece bloqueado pela inexistência de uma organização militante devidamente estruturada e apostada nessa candidatura. Há muita hesitação por estas bandas.
O problema, neste momento, é que existe uma dúvida grande, quanto ao real poder de Barreto junto das bases, que apoiantes reunirá, que tipo de máquina o agora deputado regional colocou no terreno a trabalhar para si e que possibilidades tem de resolver o assunto rapidamente.
Todas as dúvidas serão dissipadas na noite de sábado, primeiro dia do congresso, já que dificilmente esse dia não deixará de ser aproveitado, apesar do programa oficial, para as últimas e decisivas movimentações nos bastidores, visando a apresentação das listas de candidatos na manhã de domingo, 20 de Dezembro, altura em que ficará eleito o novo líder do CDS.
José Manuel Rodrigues, segundo apurei, não se mostra disponível para aceitar lugares embora exista uma corrente que pretende convidá-lo a manter-se na liderança do Conselho Regional, por considerar que o jornalista e ainda líder do CDS-M foi uma mais-valia para o partido que não pode ser posta de lado por causa de uma adversidade eleitoral que teve muito a ver com a austeridade nacional e com o facto do PSD e CDS nacionais terem sido penalizados também na Madeira.
Neste momento JMR parece disposto a manter-se à margem deste processo eleitoral e há mesmo quem duvide que ele aceite continuar quer na Câmara do Funchal quer na Assembleia Legislativa. Contudo admite-se em círculos populares, incluindo os próximos de Barreto, que JMR caso pretenda abandonar a edilidade funchalense poderá fazê-lo mas que deve continuar no grupo parlamentar assumindo um protagonismo maior. Aliás, uma das dúvidas é saber até que ponto os deputados do CDS - Lopes da Fonseca, Mário Pereira, Isabel Torres, Ricardo Vieira, José Manuel Rodrigues, Rui Barreto e Lino Abreu - se podem ou não dividir por vários grupos, fragilizando o grupo parlamentar e retirando eficácia e consistência à actividade parlamentar dos centristas.
Desconhecemos também se existe possibilidade de uma solução consensual, na medida em que Rui Barreto - acusado por alguns sectores do partido de poder ser um potencial aliado estratégico do PSD-Madeira num futuro cenário político regional - não estará interessado em envolver-se em polémicas internas, o que não significa que não vá a combate, desde que delas resultem uma solução de liderança fragilizada e eleita por uma minoria de votos.
Enfim, um Congresso onde pouco ou nada estará definido -. pelo menos publicamente conhecido . e que poderá, por isso, originar surpresas. Como me dizia um dia destes um militante centrista distante de cargos, e que assim pretende manter-se, o pior que poderia resultar deste congresso era descobrirmos todos no CDS que afinal as eleições de Outubro conjugadas com as regionais causaram mossa ainda maior.

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