quarta-feira, abril 06, 2011

João Duque: Leilão de hoje foi um "número de teatro"

Segundo o Jornal de Negócios, "o economista João Duque considerou um "número de teatro" o leilão hoje realizado e, sobre a eventual compra de dívida pela Segurança Social, disse que devia haver coragem de "brincar até ao fim" pondo os juros abaixo da Alemanha. "O Estado quer fazer um número de teatro em que uma pessoa finge que faz um leilão e as pessoas da família compram com o dinheiro do próprio. Aliás, podiam baixar hoje a taxa para três ou quatro por cento, aquilo bem combinadinho ia até abaixo da Alemanha", disse João Duque, à margem da conferência "Economia, Demografia e Sustentabilidade", que hoje se realiza na Fundação Gulbenkian, em Lisboa."Eu acho que tinha lata para fazer isso", ironizou.Segundo o presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), "uma vez que é a brincar, que não esta lá ninguém no leilão, o instituto chega lá e dá muito mais dinheiro para baixar a taxa e de repente fica o mundo que boca aberta". O Estado colocou hoje no mercado 1.005 milhões de euros em dívida com maturidade em Outubro deste ano e Março de 2012, pagando nesta última um juro 5,902 por cento, mais 1,571 pontos percentuais que na última emissão semelhante. Para João Duque, o leilão hoje realizado "não convence [os mercados] de coisa nenhuma" porque estes "entendem" português. "Se não havia compradores não se fazia a emissão", afirmou. O professor universitário manifestou-se ainda contra a compra de dívida portuguesa pelo Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. "O que Portugal devia fazer nestas carteiras de poupança era aplicar em activos de outros Estados soberanos no pressuposto de que são cumpridores. Não faz sentido ter uma carteira de dívida portuguesa ou então podemos rasgar essa dívida e confiar nos impostos sobre os futuros cidadãos", disse. Quanto sobre o pedido de ajuda externa, João Duque considerou que se as autoridades se mantiverem no "não", essa atitude irá acabar "numa rotura de Tesouraria num sítio qualquer", seja por incumprimento aos credores ou mesmo não pagamento de salários ou reformas".

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