Dois maiores partidos continuam com empate técnico, mas dão um tombo. Chega, IL e PAN sobem na primeira sondagem do Cesop desde a crise política. O centro afunda-se e o Chega sobe. É isto que mostra a sondagem de Novembro do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica (Cesop) para o PÚBLICO, RTP e Antena 1: 29% para os sociais-democratas, 28% para os socialistas. Na última sondagem, de Julho, o PSD tinha também mais um ponto do que o PS – 33% contra 32%. O “empate técnico” entre PS e PSD mantém-se, mas a conclusão nova e mais evidente é que os dois maiores partidos sofrem um rombo eleitoral em igual medida, o que significa que desde o Verão o eleitorado penaliza praticamente da mesma forma os grandes partidos. Em quatro meses, os dois partidos alienam juntos oito pontos percentuais, sendo que os únicos partidos a subir no mesmo período são o Chega, IL, PAN e CDS.
Esta sondagem foi feita entre os dias 15 e 24 de Novembro, reflectindo já os efeitos da crise política aberta no dia 7, com buscas a gabinetes do Governo e com a demissão de António Costa por causa da Operação Influencer. Nessas buscas, foram constituídos arguidos o chefe de gabinete do primeiro-ministro, o então ministro das Infra-Estruturas e o advogado e amigo de António Costa Diogo Lacerda Machado, entre outros. No dia 9, o Presidente da República reuniu o Conselho de Estado e anunciou que a solução para o país seria eleições antecipadas, que marcou para o dia 10 de Março.
Com a demissão de Costa, o PS prepara-se para escolher um novo líder em eleições directas nos dias 15 e 16 de Dezembro, sendo que há três candidatos: Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro e Daniel Adrião. De acordo com a sondagem, a maior subida na intenção de voto é no Chega, que passa de 10% em Julho para 16%. A Iniciativa Liberal sobe de 7% para 9%, o PAN de 1% para 2% e o CDS também de 1% para 2%.
O BE e o PCP não ganham nada com a actual crise política. Pelo contrário, os dois antigos parceiros do PS no Governo da "geringonça" descem de 7% para 6% e de 4% para 3%, respectivamente. Estes partidos têm líderes muito recentes mas, de acordo com a sondagem de Novembro e também a de Julho, não têm capitalizado nas intenções de voto. Desde que ganhou as eleições legislativas com maioria absoluta em 2022, o PS tem vindo a cair nas intenções de voto do barómetro da Cesop. Já o PSD tem-se mantido à beira dos 30%.
Outro dado importante: a percentagem de pessoas que estão indecisas sobre em quem votar é alta, de 22%, sendo superior à registada em Julho (18%). O Cesop optou por fazer a distribuição destes indecisos considerando também os que, embora não tendo a certeza de ir votar, manifestaram intenção de voto. A ponderação destes eleitores deve-se ao facto de ainda haver factores de incerteza maiores do que em anteriores ocasiões pelo facto de não haver ainda líder do PS no momento em que foram feitas as entrevistas. Se a distribuição de indecisos fosse feita da forma habitual, a diferença entre PS e PSD seria maior: PSD 31% e PS 26%.
Esta sondagem também revela dados interessantes sobre as motivações dos eleitores para escolher determinado partido. Olhando para os três partidos mais escolhidos, verifica-se que a razão para a escolha no PS é "a avaliação do trabalho feito/eficácia da acção" (foi a razão apontada por 43% das pessoas que indicaram o PS) e a razão para a escolha do PSD é "alternância democrática/tentar algo de novo" (razão apontada por 30%). Estas avaliações por parte dos inquiridos foram recolhidas com base em perguntas abertas, ou seja, não foram fornecidas hipóteses de resposta.
Quanto às pessoas que nas legislativas de 2022 votaram no PS, conclui-se ainda que 73% destes votantes admitem voltar a votar no partido de António Costa. Se caminharmos por ordem do partido em que os votantes do PS menos estariam abertos a votar, encontramos primeiro o PSD, depois o BE, PAN, Livre, Iniciativa Liberal, CDU, CDS e, em último lugar, o Chega. A mesma reciprocidade não existe nos votantes do PSD em 2022. Estes votantes mais facilmente votariam no Livre do que no PS, por exemplo. 87% dos votantes do PSD mantêm-se fiéis a este partido.
Ficha técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e PÚBLICO entre os dias 15 e 24 de Novembro de 2023. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone. Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1102 inquéritos válidos, sendo 41 dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 31% da região Norte, 20% do Centro, 33% da Área Metropolitana de Lisboa, 7% do Alentejo, 5% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 31%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1102 inquiridos é de 3% com um nível de confiança de 95% (Público, texto da jornalista Helena Pereira)
Sem comentários:
Enviar um comentário