sábado, novembro 11, 2023

Soindagem: Pedro Nuno é o preferido e Medina à frente de José Luís Carneiro

Fernando Medina poderia estar na corrida para a liderança do PS com vantagem sobre a candidatura do atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro. Socialistas movimentam-se no processo aberto para escolher o sucessor de Costa. António José Seguro disse que tem recebido muitos telefonemas. Sondagem revela que portugueses apoiam fortemente decisão de convocar eleições antecipadas e ainda demissão do primeiro-ministro. Pedro Nuno Santos é visto pelos portugueses como o melhor sucessor de António Costa na liderança do PS. Não tem porém uma vantagem esmagadora nem sequer maioritária. Em segundo lugar está um candidato que não avançou, o ministro das Finanças, Fernando Medina. Uma sondagem da Aximage para o DN feita esta semana, com uma amostra de 516 "entrevistas efetivas", diz que 30% acha que Pedro Nuno Santos será o sucessor de Costa, enquanto para Fernando Medina reúne 19%. José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna - e com Pedro Nuno um dos dois candidatos que já avançaram - obtém 9% nesta sondagem, Carlos César (presidente do PS) 6%. Um terço dos inquiridos foram colocados na categoria "não sabe/não responde".

Medina melhor que Pedro Nuno na Área Metropolitana de Lisboa

A sondagem estratificou os resultados geograficamente. Pedro Nuno é claramente mais forte no Norte e na Área Metropolitana do Porto (Porto), com resultados de 37% em ambas, superiores à sua média nacional (30%). Depois na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e no Sul e ilhas o seu score é inferior ao nacional. Esta distribuição percebe-se pelas origens do ex-ministro: o distrito de Aveiro. Já Fernando Medina, ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (de 2015 a 2021), só está à frente de Pedro Nuno na AML (25% das preferências contra 21%). Nas restantes regiões está sempre atrás do ex-ministro das Infraestruturas e na AM do Porto quase empatado com José Luís Carneiro (que foi presidente da câmara de Baião, no interior norte do distrito, além de presidente da federação distrital do PS) .

A segmentação é ainda feita de acordo com o sexo, o grupo etário e a classe social. Enquanto Pedro Nuno e José Luís Carneiro têm mais vantagens nos homens do que nas mulheres (33/27), Fernando Medina tem nas mulheres. Quanto aos grupos etários, Pedro Nuno e Carneiro são mais fortes junto dos mais velhos (dos 50 anos aos 64), enquanto Medina é nos mais jovens (dos 18 aos 49 anos).

Maioria a favor da decisão de Marcelo convocar eleições...

Mais de metade dos inquiridos (56%) apoiam a decisão do Presidente da República de dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas (para 10 de março do próximo ano).

A favor da decisão de "nomear um novo Governo com base na maioria existente na Assembleia da República" - a decisão que António Costa defendeu propondo ao Presidente da República a sua substituição por Mário Centeno - manifestou-se 39% da amostra. E nos "não sabe/não responde" foram apenas 5% - prova de que neste assunto as dúvidas são poucas.

«A região mais favorável à dissolução foi a região centro (60%) e a menos favorável foi a do sul e ilhas (44%). Aqui, a ideia de novo governo com novo primeiro-ministro mas dentro do atual quadro parlamentar, sem eleições antecipadas, revelou-se maioritária (52%). O grupo etário mais favorável à ideia de eleições antecipadas foi o dos 35 aos 49 anos (62%) enquanto o mais favorável à continuidade com novo primeiro-ministro foi o dos mais velhos (65 e mais anos).

Entre os partidos, a ideia de dissolução recolhe os apoios mais fortes no eleitorado do PSD e a ideia de novo Governo sem eleições dentro do eleitorado PS - segmentações naturais visto que refletem as próprias opções dos estados-maiores dos dois partidos..

...e a favor da decisão de Costa se decidir

O estudo da Aximage revela também um apoio esmagador à decisão do primeiro-ministro se demitir (e a pergunta foi: "Qual a sua opinião sobre a decisão de António Costa apresentar demissão do cargo de primeiro-ministro e não se voltar a recandidatar?"). Entre os que concordam "totalmente" (54%) e os que apenas concordam (28%), o apoio a essa decisão ascende 82%.

Já os que "discordam" (4%) e os que discordam "totalmente" (2%) foram assim apenas 6%. Neste capítulo também se verifica que a maioria dos inquiridos tem certezas seguras sobre qual foi o procedimento mais sério: só 1% alinhou no grupo dos não sabem nem respondem.

A região que mais apoiou a decisão do ainda primeiro-ministro foi a da Área Metropolitana do Porto e que menos apoiou foi a do sul e ilhas. Os homens apoiaram mais do que as mulheres e os grupos etários mais favoráveis foram os 35-49 anos e 50-64 anos. Na divisão partidária dos eleitorados, os eleitores do PSD estiveram evidente mais de acordo com os eleitores do PS.

Confiança nas instituições pelas ruas da amargura

É baixo (27%) ou muito baixo (36%) o grau de confiança dos cidadãos nas instituições do Estado. Este é outro dos dados revelados nesta sondagem. A pergunta foi: "As polémicas em torno do Presidente da República dizem respeito às notícias sobre a suposta influência na autorização de um tratamento hospitalar de elevado valor monetário e às afirmações relativas à guerra no Médio Oriente. Por sua vez o primeiro-ministro, António Costa, apresentou demissão do cargo após confirmação de que será alvo de um processo-crime. Nestas circunstâncias e pensando, enquanto cidadão, nestas polémicas e nesta crise política, diria que o seu grau de confiança nas instituições políticas nacionais é..." - e as opções de resposta foram do "muito elevado" ao "muito baixo", incluindo-se também o tradicional "não sabe/não responde". Só 12% dos inquiridos disseram ter um grau de confiança "muito elevado" (3%) e "elevado" (9%). A desconfiança é maior no norte.

Núcleo duro de Costa sem candidato à liderança

A sondagem avalia quem é o melhor candidato à liderança do PS e coloca em segundo lugar um dirigente que (pelo menos por ora) não é candidato, o ministro das Finanças, Fernando Medina.

Para já, só Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro avançaram. E se a escolha ficar entre os dois isso mostra uma total ausência de candidatos do núcleo duro de António Costa na direção da maioria. Poderiam ser ou Medina, ou a ministro da Presidência Mariana Vieira da Silva, ou a ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares Ana Catarina Mendes (que já verbalizou que não será candidata) ou ainda o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias.

A ausência desses nomes na lista dos candidatos a secretário-geral aponta assim, confirmando-se no fim, para uma certa: o próximo líder do PS não será ninguém da absoluta continuidade face ao ainda secretário-geral. Pedro Nuno Santos sempre correu em pista próxima, deixando o Governo e a direção do PS em dezembro de 2022, e José Luís Carneiro nunca foi incluído por Costa no seu núcleo duro, apesar de até ter sido seu secretário-geral adjunto.

Hoje José Luís Carneiro tem uma declaração marcada para as 18h00, na sede do PS em Coimbra. Na segunda-feira, às 18h30, na sede nacional do PS em Lisboa, será a vez de Pedro Nuno Santos apresentar a sua candidatura. As eleições diretas para a eleição do sucessor de António Costa foram marcadas para 15 e 16 de dezembro. O congresso será em 6 e 7 de janeiro.

Seguro: "Não tenho um Citroën para fazer rodagem"

Enquanto isto, António José Seguro, o secretário-geral do PS a quem António Costa conquistou em 2014 a liderança do partido, resolveu falar. No final de uma conferência na Lousã, disse aos jornalistas que tem recebido mensagens a incentivá-lo a avançar para uma candidatura: "É normal que neste turbilhão o meu telefone tenha tocado e recebido mensagens mais vezes."

Interrogado sobre se tenciona fazê-lo, referiu-se a um famoso episódio político do verão de 1985, quando Aníbal Cavaco Silva foi ao congresso do PSD na Figueira da Foz fazer a rodagem do seu Citroën e saiu de lá líder dos sociais-democratas. E isto para dizer: "Mas não tenho nenhum Citroën para fazer a rodagem."

Seguro acrescentou que em maio abriu uma exceção ao seu silêncio político para dizer que se sentia "perplexo quando olhava para o país". E agora partilha a "tristeza e de inquietação" dos portugueses. "O país merece muito mais e merece melhor do que aquilo com que temos sido confrontados".

FICHA TÉCNICA DA SONDAGEM

Objetivo do estudo: Sondagem de opinião realizada pela Aximage - Comunicação e Imagem Lda. para o DN sobre temas da atualidade nacional política. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e região (4). A amostra teve 516 entrevistas efetivas; 115 entre os 18 e os 34 anos, 150 entre os 35 e os 49 anos, 138 entre os 50 e os 64 anos e 113 para os 65 e mais anos; Norte 199, Centro 107, Sul e Ilhas 65, Área Metropolitana de Lisboa 145. Técnica: Aplicação online - CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) - de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas; O trabalho de campo decorreu entre 8 e 9 de novembro de 2023. Taxa de resposta: 88,36%.Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de + ou - 4,3%. Responsabilidade do estudo: Aximage - Comunicação e Imagem Lda., sob a direcção técnica de Ana Carla Basílio (DN-Lisboa, texto do jornalista João Pedro Henriques)

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