Com a pandemia a cobrar um preço elevado em termos sociais e, também, ao nível da atividade económica - a economia sofreu um trambolhão bem mais expressivo do que em 2012, o pior registo até agora. Nesse ano, em pleno resgate internacional a Portugal, e com a troika no país, o PIB recuou 4,1%. Um número que agora até parece quase modesto, apesar de na altura ter estado associado a uma grande dose de austeridade e sacrifícios.
Apesar da queda do PIB ter sido mais
expressiva do que em 2012, há uma grande diferença entre esta crise e a
anterior. É que, segundo todas as projeções, esta será mais curta, com a
campanha de vacinação a conduzir a uma melhoria da situação sanitária e, logo,
ao retomar da atividade em níveis mais elevados.
Segundo o Banco de Portugal, a economia
portuguesa deve regressar ao patamar de 2019 em 2022, ou seja, três anos
depois. Há, contudo, projeções mais negativas, caso do NECEP da Catolica Lisbon
School of Business & Economics, que aponta apenas para 2024, o que
significa que serão precisos cinco anos para voltar a atingir o patamar de
2019.
Ainda assim, é um período bem mais curto do
que na crise da dívida soberana. Com o resgate a Portugal, em 2011, foram precisos
sete anos para regressar ao nível de 2010, o ano anterior ao pedido de ajuda
internacional. Mais ainda, se a comparação for feita com 2008,antes da crise
financeira internacional arrastar a economia portuguesa para um ciclo de crise
que abrangeu os anos da troika, só dez anos depois, em 2018, o PIB regressou a
esse patamar.
A queda verificada, de 7,6%, é, também,
menos negativa do que antecipado pelos economistas. Há pouco mais de duas
semanas as projeções recolhidas pelo Expresso apontavam, em média, para uma
contração de 8,2%.
A explicação está num desempenho melhor do
que o previsto da economia nacional nos últimos três meses de 2020.
Os economistas ouvidos pelo Expresso em
meados de janeiro consideravam que a economia não iria escapar a uma contração
no quarto trimestre de 2020 face aos três meses anteriores, interrompendo a
forte recuperação iniciada no Verão. A média dessas projeções apontava para um
recuo de 2,1% em cadeia e de 8,3% em termos homólogos.
Afinal, os dados do INE indicam que a
economia até cresceu no quarto trimestre de 2020 por comparação com os três
meses anteriores. O aumento do PIB foi de 0,4%, depois de ter crescido 13,3%,
também em cadeia, no terceiro trimestre. Tudo porque "os contributos da
procura interna e da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB
foram ambos positivos", aponta o INE.
Já em termos homólogos, a economia recuou
5,9% no quarto trimestre de 2020 (-5,7% no terceiro trimestre). Segundo o INE
"o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi menos
negativo que o observado no 3º trimestre, refletindo, em larga medida, a
diminuição menos intensa do investimento, apesar da redução mais pronunciada do
consumo privado".
Já "a procura externa líquida apresentou um contributo mais negativo no 4º trimestre, verificando-se uma contração mais intensa das Exportações de Bens e Serviços que a observada nas Importações de Bens e Serviços" (Expresso, texto dos jornalistas Sónia M. Lourenço e Carlos Esteves)
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