sexta-feira, março 05, 2021

Nota: almoços mediatizados não funcionam

 

Miguel Albuquerque vai almoçar com MRS quando ele vier ao Funchal. Consta da agenda oficial entretanto adiada. MA fez saber pela comunicação social (errado) que tem uma espécie de menu para apresentar ao inquilino de Belém (certo). Presumo que será por ocasião de um almoço restrito na Quinta Vigia - pode crer que se promover um almoço com aquelas "salamalequices" institucionais todas, está tudo lixado! Não passara de encenação para consumo mediático e nisso MRS bater toda a concorrência. Tem que ser um repasto restrito, menos institucional e mais cordial, para que falem os dois olhos nos olhos, se quiserem frente a frente, com frontalidade, verdade e pragmatismo, dizendo tudo o que há para dizer, clarificando tudo o que precisa ser resolvido, etc.

Confesso que não espero que saia nada de especial desse almoço, por que MRS não tem poderes executivos, apenas e só relações pessoais e institucionais influentes, presumo eu, junto de Costa. Mas espero que ai menos MRS clarifique, desde logo consigo próprio, duas coisas essenciais: que papel pode (vai) ter no acompanhamento do relacionamento entre as Regiões Autónomas, particularmente massacradas pela crise, e o Estado - com quem a RAM tem enormes dificuldades em se aproximar e obter seja o que for, a não ser por esmola - e que acompanhamento vai e deve ter desse relacionamento e como pode Belém acompanhar a evolução do comportamento do Estado para com as duas Regiões Autónomas e não apenas em termos da bazuca mas no relacionamento institucional em geral.

O segundo aspecto é mais político: pode ou não MRS exercer o seu magistério de influência - termo pomposo, mas real - no processo de revisão da lei de finanças regionais e até que ponto pode promover nos bastidores da política lisboeta (que ele conhece melhor que ninguém...) entendimentos em matéria de revisão constitucional e de clarificação dos preceitos autonómicos (quais e em que medida), já que a capacidade de manobra das duas Regiões Autónomas me parece bastante limitada. Tratando-se do último mandato de MRS e quando já não se trata de pensar em votos, dispensamos beijocas e selfies - agora ausentes do quotidiano presidencial por razões que resultam do covid19 - antes desejamos conselhos, recomendações e compromissos.

Facilmente se perceber que pela natureza dos assuntos e pela especificidade da situação institucional, estas coisas não se discutem com bocas para os jornais, sopros nos ouvidos de alguns jornalistas mais privilegiados nem em repastos alargados onde falam de tudo menos do que importa, por  que o que importa não pode nem deve ser falado à frente de toda a gente. Se essa for a linha de rumo de Albuquerque, a maior discrição possível e recomendável, obviamente que me parece ser a melhor opção.

Finalmente no caso da RAM uma outra questão essencial que transcende os milionários pareceres médicos de outros tempos: qual o futuro do CINM na lógica presidencial? Porque não se informa devidamente os portugueses da realidade através de um simples estudo comparativo entre o CINM e outras praças europeias (da responsabilidade da AT ou de quem o governo de Lisboa entender), devidamente identificadas, incluindo que tipo de serviços propiciam, que receitas alcançam, etc. Falo do CINM e de praças concorrenciais europeias - Holanda, Malta, etc - que lutam entre si por empresas que roubam umas às outras por via de melhores estímulos fiscais (LFM)

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