terça-feira, maio 13, 2014

FMI reconhece desvios nas metas, mas reafirma estratégia do Governo!



Li no Público, num texto do jornalista PEDRO CRISÓSTOMO que “o Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou hoje a fazer um mea culpa em relação ao ritmo de implementação do programa de resgate português. O representante permanente da instituição em Portugal, Albert Jaeger, admitiu que o plano desenhado pela troika “não foi perfeito”, mas reafirmou que o processo de ajustamento tem de continuar nos próximos anos, considerando o documento de estratégia orçamental apresentado pelo Governo “uma boa base para isso”. Na conferência Estratégias orçamentais – 2014-2018, que decorreu nesta segunda-feira no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa, Albert Jaeger esforçou-se por defender o diagnóstico da troika em 2011 e as metas definidas no programa económico e financeiro negociado por Portugal como contrapartida ao empréstimo de 78 mil milhões de euros. Com o programa prestes a terminar, Jaeger afirmou que uma das razões que levou a troika a impor uma implementação rápida da consolidação das contas públicas foi o facto de Portugal registar em 2011 um défice elevado. No início, o processo de ajustamento “foi provavelmente muito rápido”, admitiu, lembrando, no entanto, que o programa começou a ser implementado a meio de 2011 e que era preciso reagir. Dois terços do ajustamento estão cumpridos, falta implementar a outra parte, continuou, dizendo que é preciso evitar “duas caricaturas” sobre o ajustamento orçamental que estão em pólos opostos: quando se fala em “missão cumprida” ou em “missão falhada”.  Em defesa da troika, contrapôs que é “impossível” resolver em apenas três anos problemas orçamentais crónicos e disse que o processo de ajustamento tem de continuar nos próximos anos. O Documento de Estratégia Orçamental (DEO) “é uma boa base para isso”, vincou, minutos depois de o secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, Hélder Reis, garantir na mesma conferência que a estratégia do executivo tem “em conta os compromissos” a que Portugal está vinculado e defender que é preciso “consolidar o que já foi conseguido”. Albert Jaeger fez uma comparação entre as metas iniciais do programa e as últimas projecções da troika, lembrando que os objectivos orçamentais foram sendo revistos, assim como as projecções feitas para a despesa pública (que se revelou mais elevada do que o previsto no programa de 2011), quanto à receita (que teve um desempenho melhor do que o projectado) e quanto à dívida pública (que se revelou mais elevada). Para futuro, o representante do FMI sugere que se criem mecanismos mais apertados de “controlo da despesa”, com mais “informação para se saber onde em que ponto está o ajustamento orçamental” e para que se possam “conhecer as metas” da diminuição nos vários ministérios. Aproveitando a deixa de Albert Jaeger sobre os desvios nas previsões, o assessor económico do PS, Óscar Gaspar, presente na mesma conferência, insistiu que “o Governo não tem aprendido” com o que aconteceu nos últimos anos. E fez a ponte para o Documento de Estratégia Orçamental, que disse ter sido elaborado pelo Governo a partir de bases técnicas desconhecidas, mas com o objectivo de “ir além do tratado orçamental”.