quinta-feira, maio 29, 2014

Jardim Gonçalves: "Rezo por quem me fez mal. Berardo incluído"

Li  no Expresso que "o antigo presidente do BCP diz, no livro "Jorge Jardim Gonçalves - O poder do silêncio", - a ser lançado na próxima semana -, que inclui Joe Berardo nas suas orações. Berardo foi um dos principais críticos de Jardim, num movimento que levou à saída do fundador do banco, no final de 2007, e a uma profunda alteração da estrutura acionista do BCP. Nesta biografia, da autoria de Luís Osório na sequência de cinco anos de conversas, o jornalista escreve que Jardim "reza pelos amigos e pelos inimigos: 'Rezo por quem me fez mal, é básico'. Não tem problemas em incluir Berardo. Se o tivesse seria um contra-senso". Jardim explica a sua teoria de que o BCP foi alvo de um 'assalto', acusando diretamente o ex-primeiro ministro. José Sócrates, e o presidente da EDP, António Mexia, de serem parte ativa nessa estratégia.
"Enquanto as primeiras páginas se enchiam de mentiras a meu respeito, o BCP mudava de mãos. Tudo patrocinado por altas figuras do Estado e pelos bancos concorrentes que emprestaram dinheiro com o objetivo de alterar a estrutura acionista e permitir a mudança do poder. A opinião pública estava demasiado ocupada a falar de mim para perceber que, à frente do seu nariz, algo de mais importante acontecia", diz o fundador do BCP. Um processo que classifica de 'destruição', com a entrada de novos acionistas, em 2007: "Esses novos acionistas entraram para dividir e destruir. E fizeram-no com dinheiro emprestado por outros bancos, o que transformou tudo isto numa espécie de jogo de casino. Não tenhamos ilusões: as coisas só podiam acabar muito mal. Bastaria os acionistas a crédito, mas ainda se abriu a porta à Sonangol". No livro, o fundador do banco conta a história da sua vida e não foge a temas como a sua ligação à Opus Dei - refere que não usa cilício - e a sua fé. Mas é naturalmente no seu percurso na banca e no BCP que grande parte do livro se concentra. O fundador do BCP enfrenta acusações nos tribunais por utilização de sociedades offshore para alegadamente "maquilhar" as contas do banco. Já foi inclusivamente condenado por manipulação do mercado. Neste livro, com 686 páginas, Jardim Gonçalves não poupa ninguém. Sobre a sucessão no banco, refere que "durante longos anos alguns administradores do BCP tudo fizeram para que notasse que eram mais inteligentes, rigorosos e produtivos".