sábado, maio 24, 2014

Finanças: o "calcanhar de Aquiles" na CMF mas Cafofo quer decidir por si e já tem dois nomes pensados

A questão das finanças no novo executivo da CMF, depois da inesperada renúncia ao mandato da "independente" mas muito próxima do PS, Filipa Jardim Fernandes, constitui o verdadeiro"calcanhar de Aquiles" de Paulo Cafofo.
Sem possibilidades de encontrar nos restantes membros da candidatura da Mudança um especialista em questões financeiras e de gestão, Cafofo não tem outra alternativa senão a de optar por uma solução mista, interna e contestável pela oposição:
- assumir as competências políticas sobre o sector das finanças camarárias e delegar depois poderes alargados aos responsáveis pelos serviços financeiros da CMF, com todos os riscos que isso representa no plano político, dado que na actual conjuntura a questão financeira tem que ser gerida politicamente  e não tecnocraticamente;
- proceder à nomeação para o seu staff de um assessor, de reconhecido mérito e competência, exclusivamente para colaborar com Paulo Cafofo nas questões financeiras concretas, garantindo ao Presidente a devida preparação de todos os "dossieres". Sectores da oposição que integraram a lista da coligação temem que, também a este nível, Cafofo seja uma vez mais usado por Vitor Freitas que parece estar a aproveitar a crise na CMF para consolidar a sua liderança no seio do PS.
Aliás há mesmo quem no PS garanta que as escolhas que a candidata ao PE, Liliana Rodrigues, depois de eleita, fará para o seu gabinete (garantindo assim o devido controlo à distância por parte de Freitas) podem ser sinais sintomáticos dessa disputa surda interna,  já que se fala com insistência na contratação de Célia Pessegueiro, ex-Presidente da JS, ex-deputada do PS e actual companheira de Vitor Freiras,  aliás um nome surgido na roleta de candidatos do PS local ao Parlamento Europeu, mas que parece ter sido recusado por Lisboa. Acresce que Célia Pessegueiro foi claramente derrotada na Ponta do Sol, nas autárquicas de 2013, apesar da conjuntura politicamente desfavorável para o candidato do PSD, Rui Marques
Há quem considere que Paulo Cafofo tem um problema bastante mais grave do que se possa supor no âmbito da gestão financeira da CMF e que qualquer solução, como as que atrás referi, fragilizará sempre a edilidade. Contudo garantiram-me que Paulo Cafofo quer fazer a sua escolha - dada acomplexidade do assunto - sem interferências de terceiros, nem mesmo de Freitas, tendo inclusivamente já dois nomes - ambos de professores com formação na área financeira e de gestão - a quem penda recorrer, ou já recorreu. A cpontratação de um deles para o seu gabinete, dado que implicará a suspensão de funções docentes por parte do que for escolhido, tem muito a ver com a garantia de que a situação na CMF se acalmou politicamente,o que como é sabido, ninguém  o pode fazer, dados os contornos da crise ocorrida e o facto dese tratar de uma coligação.
Aliás esta questão não é nova. O Grupo Parlamentar do PS na Assembleia Legislativa da Madeira - na perspectiva de que os deputados são eleitos para produzirem legislação - não tem entre os seus eleitos, paradoxalmente, nenhum licenciado em direito, situação que também tem sido criticada, mesmo no seio do próprio PS,  mas que fica mais evidente sobretudo quando se procura avaliar qualitativamente a lógica e o conteúdo jurídico das inicativas apresentadas, algumas delas contendo verdadeiras enormidades. Uma carência resolvida por via da contratação de assessoria jurídica que em parte resolve o problema, mas não a imagem que se cria com situações paradoxais deste tipo.