Segundo o DN de Lisboa, “entre o primeiro
trimestre de 2011 e 2014 aumentou o número de pessoas que recebem menos de 310
euros de salário por mês. O número de trabalhadores por conta de outrem que
ganham menos de 310 euros líquidos por mês é hoje maior do que antes de
Portugal entrar no programa de assistência financeira em 2011. Entre os que têm
salários mais elevados registou- se o movimento contrário: nestes três anos
desapareceu mais de um quarto dos trabalhadores que estão no patamar dos 1800
euros em diante. São menos 46 700. Os serviços empregam a maior parte dos 144,1
mil que no início deste ano declaravam ganhar menos de 310 euros por mês. Entre o primeiro trimestre de 2011 e o mesmo
período deste ano, o universo de trabalhadores por conta de outrem perdeu cerca
de 300 mil pessoas, mas há mais trabalhadores ( cerca de 4100) a declarar um
salário mensal inferior a 310 euros, de acordo com os mais recentes dados do
INE. A subida, refere o economista João Duque, pode estar associada ao facto de
os que ficaram sem trabalho no início da crise estarem agora a chegar ao fim do
subsídio de desemprego e a aceitar trabalhos em part- time. São, ainda assim,
menos do que os 160,8 mil contabilizados no início de 2013, ano em que o
desemprego disparou. O Norte é a região onde se encontra o grupo mais numeroso
de pessoas que ganham menos de 310 euros por mês, seguindo- se Lisboa e o
Centro. Os dados mostram também que os serviços são o sector onde há mais
pessoas abaixo daquele valor. Entre os
que ganham mais de 1800 euros por mês a tendência foi sempre de descida,
independentemente de a comparação ter por referência o primeiro trimestre de
2011 ou 2013. Antes da chegada da troika representavam 4,7% do total dos
trabalhadores por conta de outrem, mas no início deste ano já só eram 3,8% do
total. Ao todo, há agora menos 46 700 pessoas com salários acima dos 1800
euros. Ao longo de todo este período, os dados indicam que somente o grupo de
trabalhadores com salários entre os 900 e os 1800 euros registou uma ligeira
subida. Em termos de salário médio mensal líquido ( descontando impostos e
contribuições), regista- se uma redução sete euros ( de 809 em 2011 para 802 em
2014), ainda que a variação por regiões mostre comportamentos diferenciados. E
esta descida também não foi acompanhada por todos os sectores de atividade. Na
agricultura e nos serviços houve descidas no salário líquido e a indústria teve
ligeira subida para 746 euros, mais sete euros”