segunda-feira, janeiro 14, 2013

Governo de Coelho paga meio milhão de euros por portal digital para promover turismo...

Escreve o Jornal I, num texto do jornalista Pedro Rainho, um “deputado do PSD diz que por “metade desse valor qualquer universidade” faria o mesmo. Governo disponibilizou um milhão. O Turismo de Portugal vai pagar mais de meio milhão de euros para que a InfoPortugal – uma empresa que em 2007 integrou o grupo Impresa – construa e assegure a manutenção do principal portal de promoção turística do país no estrangeiro. O contrato é válido por pouco mais de três anos (39 meses). “A verba aprovada em Conselho de Ministros foi de um milhão de euros, o que, face à realidade que conheço, me parece um valor exorbitante”, diz o deputado do PSD Paulo Baptista Santos. O valor aprovado levou mesmo o social- democrata a dirigir uma pergunta ao governo, em Junho do ano passado, na qual se procurava saber se o executivo considerava o valor adequado ao serviço em causa e se este seria um investimento prioritário, face à oferta já existente de portais semelhantes. Respondendo às questões de Baptista Santos, o Ministério da Economia considera tratar-se de um valor “ajustado aos actuais preços de mercado” e, em resposta ao i, acrescenta que “é um investimento prioritário”. No entanto, admite ter sido impossível estabelecer comparações, por não estarem disponíveis contratos semelhantes.
No entanto, mesmo o valor final do contrato causa alguma estranheza ao deputado do PSD. “Por mais sofisticado que seja o portal, daquilo que conheço, por metade desse valor qualquer universidade asseguraria o serviço.” Segundo as informações que constam do portal Base: contratos públicos online, os serviços foram contratualizados pelo Turismo de Portugal há menos de um mês, a 13 de Dezembro, por 511 459,03 euros. Feitas as contas, são mais de 430 euros por dia, ou 13 114 euros por mês, que o Turismo de Portugal terá de pagar àquela empresa pela “construção e operação do novo portal Visitportugal e do respectivo serviço de atendimento”.
Proposta mais barata
Questionada pelo i, fonte do Turismo de Portugal diz que “foram submetidas 11 propostas” a concurso, das quais apenas duas terão sido admitidas: a da InfoPortugal e outra, apresentada pela UbiWhere (de mais de 770 mil euros). A escolha terá assentado na avaliação de cinco factores: preço, qualidade técnica, prazo de garantia, actualização das bases de recursos turísticos e actualização cartográfica. A InfoPortugal terá reunido “a maior pontuação na aplicação do modelo de avaliação”, com 73,58 pontos, contra os 47,25 da outra concorrente. Ainda na resposta a Paulo Baptista Santos, o ministério da Economia, seguro da mais-valia do portal para o reforço da imagem do país no estrangeiro, defendia que “a perspectiva do investimento feito é clara, não só em receita fiscal, mas também nos proveitos de muitas empresas e na manutenção de muitos postos de trabalho”. O deputado do PSD mostra-se reticente face ao cenário descrito, quando diz ver “com muita dificuldade que se possa fazer essa avaliação com exactidão”, ainda que o portal se revele um “instrumento essencial para a promoção exterior do país”. Ao i, fonte do ministério da Economia refere que o portal “constitui um eixo central na estratégia de marketing digital de Portugal enquanto destino turístico” e, reforçando a resposta dada ao deputado do PSD, destaca ainda que “43% dos turistas internacionais que visitam Portugal, organizam a sua viagem através da internet”. Sobre o contrato celebrado com a InfoPortugal, a mesma fonte esclarece que o concurso “inclui a prestação, ao longo de três anos, de um leque alargado de serviços, como a construção do portal web, a construção da versão móvel e de uma aplicação móvel”, entre outras funções de manutenção do portal. É ainda referido que “o contrato não prevê renovações”, limitando-se aos três anos já em curso. Questionado sobre os motivos que o levaram a interpelar o governo, o deputado do PSD diz que, “havendo dúvidas – e, por um milhão de euros, é natural que elas existam –, as perguntas têm de ser feitas”. “Não estamos cá só para agradar ao governo”, diz o deputado social-democrata Paulo Baptista Santos”.