terça-feira, janeiro 29, 2013

Mercados: Perguntas & Respostas (2)

"Quanto é que Portugal colocou nesta emissão? E quando é que terá de ser paga esta dívida?
- O leilão superou as expectativas iniciais e, no total, o Estado português conseguiu colocar 2,5 mil milhões de euros, pagando um juro médio de 4,89%. Esta dívida terá de ser amortizada em outubro de 2017.
Qual é a vantagem de emitir dívida a longo prazo? Menos juros?
- Normalmente, o preço da dívida de um país mede- se através dos seus títulos a dez anos. Ontem, Portugal conseguiu fechar o dia abaixo dos 5,8% a dez anos, o valor mais baixo desde que a troika entrou em Portugal. Adívidade longo prazo, apesar de ser normalmente mais cara para os Estados ( face à dívida de curto prazo), tem duas vantagens: 1) é umsinal de que os investidores confiam a longo prazo no país e 2 ) é um encaixe antecipado para oTesouro, já que a dívida emitida só é amortizada passados alguns anos.
Esta dívida é sustentável se o País continuar em recessão?
- É difícil. Por duas razões: primeiro, o País vai continuar a acumular dívida. Com uma recessão de 1% em 2013 e um défice previsto de 4,5%, Portugal terá de continuar a emitir mais dívida para cobrir esse défice. Por outro lado, e mesmo que Portugal volte a crescer em 2014, esse crescimento não será suficiente para cobrir os atuais encargos com a dívida. Em novembro de 2012, Portugal tinha acumulado 197 mil milhões de euros em dívida ( mais do que toda ariqueza, PIB, gerada em 2012, 166 mil milhões).
Portugal ainda volta aos mercados este ano? E de que forma?
- Antes deste leilão, oTesouro tinha necessidades de financiamento, em 2013, de 11,5 mil milhões de euros. No primeiro trimestre do ano, o IGCP voltará ao mercado pelo menos uma vez por mês para reforçar os seus Bilhetes do Tesouro ( dívida de curto prazo). Ontem, Maria Luís Albuquerque garantiu que poderá voltar a acontecer outra operação de longo prazo, se as condições forem propícias.
Os bancos portugueses costumam comprar dívida do Estado?
- Sim, e muita. Até novembro, os bancos tinham acumulado 200 mil milhões em dívida do Estado. As vantagens são duas: 1) esta dívida pode ser apresentada pelos bancos ao BCE como colateral para garantirem empréstimos a taxas de juro muito baixas e 2) os bancos recebem o juro definido pelo Estado na venda de dívida a terceiros" (Expresso)