quinta-feira, janeiro 31, 2013

Remodelação de ministros só depois da reforma do Estado?

Escreve a jornalista do Económico, Inês David Bastos que "os politólogos desvalorizam “ajustamentos” no Governo e dizem que Passos remodelará ministros na viragem do ciclo. O Governo vai esperar pela apresentação da reforma do Estado e pela inversão do ciclo económico para fazer uma remodelação de ministros no elenco governativo. Nessa altura, a ‘dança das cadeiras' será comunicada como um refrescamento do Executivo e um sinal de que se fecha um ciclo - o da austeridade e depressão - e se abre outro - o da inversão económica. Esta é a convicção dos politólogos contactados pelo Diário Económico, que desvalorizam o peso político dos "ajustamentos" nas secretarias de Estado que Passos hoje deverá levar a Cavaco. Uma convicção partilhada por elementos da coligação. O núcleo duro do Governo evita comentar cenários de remodelação (e Passos insiste em dizer que não remodelará "sobre pressão") mas dirigentes social- democratas e centristas, ouvidos pelo Diário Económico, concordam com os politólogos e dizem que um refrescamento do Governo deverá acontecer quando se iniciar uma nova etapa e forem lançadas as bases da reforma que levará ao corte de quatro mil milhões de euros na despesa pública, ainda antes das autárquicas. "A saída do secretário de Estado Paulo Júlio levou apenas a mexidas nos casos que estavam a correr mal ou não havia relações com os ministros, esta não é a altura de mexer em ministros porque ainda está a decorrer o debate da reforma do Estado", disse ao Económico um dirigente do PSD. Esta é a terceira vez que Passos mexe no elenco governativa, mas só ao nível dos secretários de Estado, apesar dos insistentes apelos para que mude ministros, nomeadamente Vítor Gaspar (Finanças), Álvaro Santos Pereira (Economia) e Miguel Relvas (Presidência). As linhas gerais da reforma do Estado deverão ser lançadas em Março, daí que os politólogos sejam unânimes em dizer que só depois de Abril se abrirá espaço a uma remodelação ministerial. "É natural que o Governo faça a remodelação quando é mais oportuno para a imagem política", diz José Adelino Maltez, para quem o Governo fez bem em não aproveitar a demissão de Paulo Júlio para fazer uma remodelação mais profunda. Também Carlos Jalali antevê que o Governo vai esperar pela inversão do ciclo económico e pela reforma do Estado para refrescar o Governo, apresentando a remodelação como um "gesto simbólico" dessa viragem. "A remodelação servirá para reforçar essa mensagem de que se entrou num novo ciclo económico" e, dessa forma, o Executivo vai "capitalizar a remodelação a seu favor", diz Jalali. O politólogo António Costa Pinto completa: "Apresentada a reforma do Estado é provável que aconteça um refrescamento no Governo".
Passos fala em "pequenas alterações" e cria mal-estar no Governo
O primeiro-ministro deverá hoje entregar a Cavaco lista dos novos secretários de Estado. Naquilo a que Passos chamou de "ajustamentos" ou "pequenas alterações" (politólogos concordam), estão de saída do Executivo Daniel Campelo, secretário de Estado das Florestas, Carlos Oliveira, do Empreendorismo, e Pedro Silva Martins, do Emprego. Ontem, circulava ainda a informação de que poderiam ser substituídos ainda a secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, e o da Cooperação, com quem Portas não tem boas relações. Informação que fontes da maioria não confirmaram. Passos, apurou o Diário Económico, estava ontem à hora do fecho desta edição a ultimar contactos para fechar a lista. O anúncio só será feito depois de Cavaco tomar conhecimento da lista, o que deverá acontecer esta tarde na habitual audiência semanal. Certo é que o primeiro-ministro não vai aproveitar estas "pequenas alterações" para mexer na orgânica do Executivo (fundir ou separar pastas). O próprio Passos desvalorizou a saída dos secretários de Estado, dizendo que este "ajustamento" não tinha "dignidade para ocupar grande destaque político no debate interno". Uma declaração que causou mal-estar no Executivo porque estava a ser interpretada como uma desvalorização da função de secretário de Estado. Mas os politólogos concordam, explicando que "sob o ponto de vista da orgânica do Governo os secretários de Estado têm pouco destaque política e pouca autonomia".