terça-feira, janeiro 29, 2013

Uma nota a propósito de uma audição

Achei de muito mau gosto a reportagem da RTP-Madeira sobre a audição ao ministro Relvas, realizada hoje na Assembleia da República, sobre o processo de privatização da empresa. Durante essa audição - que segui em direto através do Canal Parlamento - falou-se essencialmente da RTP, salvo quando Jacinto Serrão - e não vou falar nos motivos, nem nas motivações, nem nos propósitos subjacentes a esta estranha insistência no tema JM quando nesse mesmo dia, à tarde, o Presidente da ERC foi convocado à Assembleia da República para falar do mesmo assunto - colocou um assunto perfeitamente deslocado.
Obviamente que todos percebemos que o JM continua a render protagonismo, fotografias e notícias. Foi no passado quando o CDS tinha outro deputado em Lisboa, foi agora quando Serrão parece estar a aproveitar ainda o facto do novo deputado do CDS estar ainda a "apalpar" terreno e a conquistar o seu espaço.
A minha estranheza resume ao facto da notícia da RTP-Madeira ter sido toda centrada no JM, que recebe 3 milhões de euros anuais do orçamento regional (é uma empresa pública como a RTP/RDP) não tendo desenvolvimento o que ali esteve de fato em discussão, incluindo quanto ao futuro, bastante incerto, da RTP/RDP da Madeira, que custam 12 milhões de euros anuais. Em 2012 a RTP, globalmente, custou cerca de 540 milhões de euros (cerca de 1,5 milhões de euros por dia). Estamos perante um JM que custa cerca de 8.200 euros diários, contra a RTP/RDP da Madeira que custa quase 32.900 euros diários e a RTP, empresa-mãe que custa cerca de 1,5 milhões de euros diários. O que me parece importante referir é que muitas vezes há questões de princípio que necessariamente não podem ser descuradas e que há um rigor deontológico que deve ser observado. Quanto às outras guerras, nomeadamente na imprensa, é um assunto que propositadamente passo ao lado porque neste momento o que pretendo colocar em evidência foi esta questão concreta.
Como é sabido, a minha opinião pessoal é a de que a comunicação social, toda, devia ser privada, funcionando em mercado aberto, com os meios que consiga dispor. Aceito contudo que conjunturalmente possam existir condicionalismos que determinam soluções que obviamente terão que ter uma razoabilidade temporal.