quinta-feira, janeiro 31, 2013

Contestação não vence austeridade, mas mina coligações

Li aqui que "a contestação não está a vencer a guerra contra a austeridade, mas está a provocar enorme instabilidade politica na Europa, fazendo rolar as cabeças de primeiros-ministros e minando coligações". A análise é de Hanspeter Kriesi, politólogo do Instituto Universitário Europeu, que revelou ontem em Londres os primeiros passos da sua investigação sobre o impacto político dos protestos na Europa depois da crise financeira. "Os movimentos de protesto estão a ter influência no ciclo eleitoral e nos partidos. Há mudanças nas lideranças dos partidos, remodelações nos Governos, as coligações tornaram-se mais instáveis, com alguma falta de lealdade dos partidos mais pequenos, e os partidos dos primeiros-ministros estão a ser mais castigados nas urnas", afirmou Hanspeter Kriesi, politólogo do Instituto Universitário Europeu. Numa conferência na London School of Economics, Kriesi notou que a crise fez crescer a base eleitoral de apoio dos partidos populistas, regionais e de protesto e apontou para o caso da Grécia onde o Syriza, o partido de esquerda que recusava o memorando, esteve perto de ganhar as últimas eleições – as segundas desde o início da crise. Embora reconheça que essa tendência é comum a outros países, o politólogo afastou um cenário de colapso dos velhos partidos em Portugal e nos outros países Europa Ocidental. "O sistema de partidos na Europa Ocidental está institucionalizado e não penso que possa entrar em colapso." "Não consigo imaginá-lo," acrescentou, antes de reconhecer que há uma "enorme pressão" vinda da Europa sobre os partidos tradicionais para que ajam de forma responsável e que impede que a mudança de um Governo corresponda a uma mudança, substantiva, das medidas".