sábado, dezembro 16, 2023

Eleições: AD pré-eleitoral tem sempre mais votos que o PS mas só uma conseguiu governar, diz o Novo

Desde 1979 que PSD e CDS formam alianças para concorrerem a eleições – umas antes, outras depois. Marcelo falhou e Passos não resistiu. Pré-eleitorais houve duas, mas só Sá Carneiro conseguiu governar. Montenegro tenta agora fazer renascer o espírito da AD. Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que PSD e CDS tentaram forjar uma coligação antes de umas legislativas para colocarem o centro-direita no poder, mas apenas uma, a mais histórica de todas, a de 1979, patrocinada por Francisco Sá Carneiro, conseguiu uma maioria absoluta para governar – isto apesar de, em todas as coligações, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições, a união PSD/CDS conseguir sempre mais votos que o PS. Mas já lá vamos. Desde então, ou seja, desde 1979, o espírito da Aliança Democrática (AD) espalhou-se para as presidenciais, as autárquicas e, mais tarde, as europeias, mas as tentativas de colocar a direita no poder alavancada numa coligação entre PSD e CDS não mais tiveram frutos.

Num caso, em 1999, Marcelo Rebelo de Sousa, à data presidente do PSD, recebeu aval do partido para negociar uma AD com Paulo Portas, então presidente do CDS, que iria chamar-se “A coragem de mudar” e que incluía uma coligação não só para as legislativas como para as europeias. Na altura, numa entrevista à RTP, o agora Presidente da República até dizia “aposto na AD” e considerava “notável” a liderança de Portas. Já estava uma base programática desenhada e até já existiam listas conjuntas quando os compadres se zangaram e entraram em rota de colisão. Com o caso Moderna (onde Portas tinha sido diretor do centro de sondagens) a dominar a atenção mediática, o PSD entrou em pânico e a coligação foi ficando em cacos, até Marcelo acabar por se demitir da liderança do PSD. Foi uma morte prematura da reedição da AD de Sá Carneiro

Só 36 anos depois da jogada de Sá Carneiro de se juntar ao CDS, PPM e Movimento Reformador (três elementos da ala direita do PS: Medeiros Ferreira, António Barreto e Francisco Sousa Tavares) para conseguir pôr a direita no poder após o 25 de Abril é que se volta a tentar o figurino para umas legislativas. Desta vez, pela mão de Pedro Passos Coelho, em 2015, numa coligação com o CDS que ficou conhecida como “Portugal à Frente” (PàF). E, juntos, venceram de facto as eleições, reunindo mais votos que o PS, mas não conseguiram a proeza que Sá Carneiro tinha alcançado com a sua AD: a maioria absoluta. Sá Carneiro tinha conseguido em 1979 (nas legislativas intercalares) 45,26% dos votos, conquistando 128 deputados em 250. E ainda reforçou a maioria em 1980, elegendo 134 deputados (obteve 47,59%) (Novo, texto da jornalista Inês David Bastos)

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