quarta-feira, dezembro 27, 2023

Bancos despediram este ano mais de 60 mil trabalhadores a nível global

Os bancos despediram mais de 61 mil trabalhadores este ano em todo o mundo, segundo o Financial Times. O ano que agora termina foi marcado por uma quebra forte da atividade empresarial (que afetou principalmente os bancos de investimento) e pelas falências e resgates do SVB e do Credit Suisse. Foi um ano duro para os trabalhadores do setor bancário. Em 2023, os bancos dispensaram, a nível global, 61.905 trabalhadores, um dos piores anos em despedimentos desde a crise financeira de 2008, calcula o Financial Times num artigo publicado esta terça-feira, 26 de dezembro.

Depois de anos pandémicos de atividade frenética, em particular na banca de investimento, sem mãos a medir com fusões, aquisições e outros negócios em 2020 e 2021 - o que obrigou a milhares de contratações e à disputa de quadros entre bancos, provocando um aumento dos salários - o abrandamento foi brusco logo em 2022. O ano 2023 continuou a tendência: a atividade empresarial congelou, os grandes bancos perderam comissões, e sobraram os despedimentos como modo de salvar as contas trimestrais.

Segundo o Financial Times, a maior parte dos despedimentos em 2023 veio mesmo da banca de investimento, com a perda de apetite das empresas por grandes negócios numa era de taxas de juro altas. O que contrasta com os anos de 2015 e 2019, marcados também por despedimentos em massa mas por razões diferentes: com taxas de juro negativas, e com consequente diminuição da margem financeira, a banca de retalho recorreu a despedimentos para manter a rendibilidade.

Porém, mesmo em 2023, a banca de retalho não escapou à redução de pessoal. O ano começou, aliás, logo com uma crise bancária nos EUA e na Europa, que provocou o encerramento de três bancos norte-americanos (o Silicon Valley Bank, o Signature, e o First Republic) e um grande banco europeu, o Credit Suisse. A queda deste último representa uma redução de pelo menos 13 mil postos de trabalho, depois de ter sido comprado à força num fim de semana pelo suíço UBS, em março. O novo dono já anunciou que irá continuar a despedir em 2024.

Nos EUA, o banco que mais despediu foi o Wells Fargo, dispensando 12 mil trabalhadores (e sinalizando que a diminuição do número de pessoal irá continuar, anunciando que pôs de parte mil milhões de dólares adicionais para indemnizar trabalhadores); seguido do Citigroup (5 mil); do Morgan Stanley (4800); do Bank of America (4 mil); do Goldman Sachs (3200); e do JP Morgan (1000).

O grandes bancos de investimento, segundo dados da consultora Coalition Greenwich, dispensaram 4% da sua força de trabalho nos primeiros seis meses do ano, uma redução ainda assim com um ritmo abaixo do da quebra nas receitas. O diretor de análise de dados da Coalition Greenwich, Gaurav Arora, disse ao Financial Times que esta prudência deve-se a um certo otimismo em relação a 2024, esperando-se que seja um ano de negócios empresariais dado o vasto capital por utilizar de vários fundos e corporações. O jornal sublinha, porém, que o número calculado, superior a 60 mil trabalhadores despedidos, será ainda maior; já que não foram incluídos bancos mais pequenos nem contabilizados outros despedimentos de menor dimensão neste balanço do ano. Na crise financeira de 2008, os bancos prescindiram dos serviços de mais de 140 mil trabalhadores (Expresso)

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