domingo, maio 29, 2022

Sondagem: Mais de 80% pedem novas medidas para atenuar a crise


Maioria considera insuficiente a atualização de pensões e salários e defende que devia haver limites aos aumentos de preços da energia e bens essenciais. A esmagadora maioria dos portugueses (81%) considera que o Governo tem de aprovar novas medidas para atenuar os efeitos da crise económica agravada pela guerra na Ucrânia. Limitar os aumentos dos preços da energia e de bens essenciais e baixar impostos são medidas defendidas como prioritárias por mais de metade dos inquiridos na sondagem feita pela Aximage para o JN, DN e TSF. O Orçamento do Estado foi aprovado anteontem; dias antes (as 805 entrevistas foram feitas entre 19 e 24 de maio), cerca de 80% dos inquiridos responderam que a atualização das pensões e o aumento previsto para a Função Pública são insuficientes.

Os 81% de inquiridos que responderam que são precisas novas medidas escolheram três prioritárias entre uma lista de propostas. Uma maioria (71%) elegeu limites aos aumentos dos preços da energia, à subida dos preços de bens essenciais (66%) e a baixa dos impostos (58%). Foram as três medidas mais votadas tanto por homens como por mulheres, por todos os grupos etários e também por todas as regiões.

Menos de metade escolheu outras medidas, como mais apoios sociais às famílias desfavorecidas (43%), apoios à produção de bens alimentares (22%) ou às empresas (16%).

Avaliação ao governo

A atualização extraordinária de 10 euros para os pensionistas que recebem até 1108 euros, com retroativos a janeiro, foi aprovada por todas as bancadas parlamentares, à exceção do Chega, que se absteve. Na sondagem foi classificada por 83% dos inquiridos como insuficiente, especialmente pelos que residem nas regiões Centro (90%), Sul e Ilhas (87%), pelas mulheres e pelos mais velhos de 35 anos.

Já o aumento de 0,9% da Função Pública aplicado desde janeiro é para 79% dos inquiridos insuficiente, sem grande divergência de género (80% dos homens e 78% das mulheres) ou etário, a partir dos 35 anos (81%, no grupo 35-49 anos, 79% entre os mais velhos). A taxa de inflação homóloga em Portugal atingiu os 7,2% em abril, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o valor mais elevado desde março de 1993.

Interpelados sobre a forma como avaliam "a resposta do Governo para atenuar os efeitos desta crise que a guerra intensificou", 40% dos inquiridos responderam que a atuação do Executivo tem sido "nem boa, nem má". Só pouco mais de um quarto (26%) classifica a resposta de boa (23%) ou muito boa (3%). Sendo mais os que a avaliam de má (20%) e muito má (9%).

Mais uma vez, a avaliação "nem boa, nem má" foi a mais escolhida em todas as regiões, por homens e mulheres (40% e 39%, respetivamente) e por todos os grupos etários.

António Costa conseguiu a maioria absoluta nas legislativas de 30 de janeiro. Entre os inquiridos que responderam ter votado no PS nas eleições, 41% consideram que a resposta do Governo foi nem boa, nem má, 37% avaliam-na como boa e 13% como má. Já entre os eleitores do PSD, 20% também avaliam a resposta como boa, 43% "nem boa, nem má" e 23% como má. A maior percentagem de eleitores a dar nota má foram os da CDU (49%) e os que a avaliam como boa foram os do CDS (20%).

Viagens, carros, casas e até filhos estão a ser adiados

Mais de metade dos inquiridos (53%) assumiram que já tiveram de adiar projetos pessoais devido à crise. As mulheres (55% contra 50% dos homens) e a faixa dos 18 aos 34 anos (66%) foram os que responderam mais ter adiado projetos desde o início da guerra. Os que o admitiram escolheram entre uma lista de exemplos do que já abdicaram - 59% prescindiram de viagens de férias, 28% da compra de um carro, 26% de fazer obras na habitação, 20% deixaram de comprar casa, 19% não mudaram eletrodomésticos, 2% não avançaram com negócios e 1% atrasou a decisão de ter filhos. Um número residual assumiu não ter feito arranjos nos carros ou ter deixado de ir ao dentista (Jornal de Notícias, texto da jornalista Alexandra Inácio)

Sem comentários: