domingo, maio 29, 2022

António Costa à beira de ultrapassar Pedro Passos Coelho


Rui Rio está próximo de abandonar a liderança do PSD, ao fim de uns longos quatro anos e três meses. Entre os presidentes sociais-democratas, é o terceiro com mais tempo a dar a cara pelo partido, só atrás de Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho. E_é o recordista na oposição – ou sem ter sido eleito primeiro-ministro – liderando o partido desde 18 de fevereiro de 2018. A 11 de outubro de 2017, em Aveiro, anunciou pela primeira vez que ia a jogo nas diretas de 13 de janeiro de 2018, que decidiriam o sucessor de Passos Coelho. Aí defrontou o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, tendo saído vitorioso com 54,37% dos votos dos militantes sociais-democratas. Tomaria posse um mês depois, no 37º congresso do PSD, realizado em Lisboa. Em janeiro de 2020 recandidatou-se e foi reeleito presidente do partido, concorrendo, numa primeira volta, contra Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, e numa segunda volta apenas contra o antigo líder parlamentar de Passos Coelho, que disputa agora as diretas de hoje com o ex-ministro do Ambiente Jorge Moreira da Silva.

Rio alcançou o terceiro mandato a 27 de novembro de 2021, depois de conseguir mais 1.746 votos do que o eurodeputado Paulo Rangel. Foi a vitória mais curta de sempre em eleições diretas no PSD. Depois da hecatombe na noite eleitoral de 30 de janeiro, no seu segundo discurso de derrota em legislativas, Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD e, apesar de não ter formalizado a demissão, abriu caminho a novas diretas para entregar o testemunho ao seu sucessor no 40.º Congresso do PSD, que se realiza entre 1 e 3 de julho.

Cunhal, o imbatível

Em julho, Rio fechará um ciclo de quatro anos e pouco mais de quatro meses à frente do PSD. Mas, em matéria de longevidade, está longe de ser o líder com mais tempo a dirigir um partido. Neste campo, e a encabeçar o ranking com larga vantagem, está o histórico do PCP Álvaro Cunhal. Nome indissociável da resistência antifascista e do comunismo em Portugal, entrou para o partido uma década depois da sua fundação, em 1932. Mas apenas 29 anos depois de se filiar no partido viria a assumir o cargo de secretário-geral, em 1961. Contabilizando os anos em que o PCP operou na clandestinidade durante o Estado Novo, Cunhal esteve à frente das tropas comunistas durante 31 anos, um recorde que não será batido nos próximos anos pelo atual secretário-geral do PCP ou por qualquer outro líder de um partido político em Portugal.

Jerónimo de Sousa, que acumula 17 anos e 5 meses no cargo, é o segundo no ranking. É secretário-geral do Partido Comunista desde novembro de 2004, mas a decadência eleitoral do partido tem acendido as campainhas em torno da sua sucessão. A ocupar o terceiro lugar chega do pólo oposto Paulo Portas, que liderou o CDS-PP desde 1998 – com uma pausa entre 2005 e 2007 – até 2016, tendo dado a cara pelo partido  durante 15 anos. Foi depois sucedido por Assunção Critas.

Empatados no quarto lugar, com 12 anos de experiência acumulada, segue-se outro histórico comunista, Carlos Carvalhas, que sucedeu a Cunhal, tendo liderado o PCP  entre 1992 e 2004; Francisco Louçã, o  primeiro líder bloquista, tendo ocupado o cargo de coordenador do Bloco de Esquerda entre 2000 e 2012; Diogo Freitas do Amaral, também fundador e primeiro presidente do CDS-PP, tendo estado à frente dos centristas de 1974  até 1982, e, de novo, entre 1988 e 1991; e ainda  o ‘pai da democracia portuguesa’, Mário Soares, secretário-geral do Partido Socialista de 1973 a 1985, ano em que suspendeu mandato para apresentar a candidatura à Presidência da República.

Na presidência das hostes sociais-democratas, Cavaco Silva destaca-se por ser o líder que concentra mais anos. Ao todo, foram 10, de 1985 a 1995. Com apenas um mês de diferença, imediatamente a seguir, encontra-se António Guterres, tendo amealhado 9 anos e 11 meses como secretário-geral do PS, entre fevereiro de 1992 e janeiro de 2002. Prestes a alcançar a mesma bagagem está Catarina Martins, que coordena as tropas bloquistas há 9 anos e 5 meses, desde 2012, quando sucedeu a Louçã.

Costa no retrovisor de Passos

A ocupar os três últimos lugares da tabela estão os três últimos chefes de Governo. Pedro Passos Coelho esteve na liderança dos ‘laranjas’ 7 anos e 10 meses, entre abril de 2010 e fevereiro de 2018. Já o primeiro-ministro António Costa, que é secretário-geral do PS há 7 anos e 6 meses, desde novembro de 2014, está na iminência de ultrapassar Passos Coelho, seu adversário nas legislativas de 2015. A completar este trio, José Sócrates reúne 6 anos e 10 meses, entre setembro de 2004 e julho de 2011, aos comandos da estrutura socialista (Sol, texto da jornalista Joana Mourão Carvalho)

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