quarta-feira, abril 17, 2013

“Ditadura de Gaspar” está a afastar Passos do PSD e CDS

Segundo os jornalistas Inês David Bastos e Márcia Galrão, do Económico, "à medida que ministro das Finanças ganhava peso, núcleo duro de Passos foi-se distanciando. Ministros revelam cansaço e podem sair na próxima mexida.  A influência que Vítor Gaspar tem junto de Passos não causa apenas tensão entre o CDS e o primeiro-ministro. Também os ministros do PSD que há dois anos eram seus conselheiros têm mostrado algum desagrado e, hoje, o núcleo duro do primeiro-ministro pouco tem a ver com o que existia à data da tomada de posse do Executivo. Miguel Macedo, Paula Teixeira da Cruz e Miguel Relvas foram apresentados como três dos ‘pesos-pesados' em termos políticos do Governo e a face do PSD nesta coligação. Por motivos diferentes, todos estão hoje mais distantes, à medida que Gaspar vai ganhando protagonismo junto de Passos. A própria escolha de Jorge Moreira da Silva para número dois do PSD ajudou a aumentar as distâncias e Relvas, que era o seu ministro-adjunto e mais próximo conselheiro, saiu mesmo em ruptura com Passos.Miguel Macedo e Teixeira da Cruz ainda se mantêm ao lado do primeiro-ministro, mas o Diário Económico sabe que já manifestaram várias vezes vontade em serem substituídos. Passos, diz fonte próxima do chefe do Executivo, tem desvalorizado estes "estados de alma" e vai adiando a sua substituição nas mini-remodelações que faz. Na mexida que na passada semana fez no Executivo, Passos acabou por não atender aos pedidos de alguns ministros para sair, mas no PSD há quem admita que numa próxima remodelação mais profunda - e ninguém arrisca antecipar datas - o primeiro-ministro possa fazer-lhes a vontade. Além do desgaste que a crise e as imposições da troika têm provocado nestes governantes (que se vêem sem grande margem de manobra e confrontados com a crescente contestação social), têm sido vários os episódios em que Miguel Macedo e Teixeira da Cruz - a quem se juntam Nuno Crato (Educação) e Paulo Macedo (Saúde) - se manifestaram em Conselho de Ministros contra as políticas apresentadas por Gaspar e Passos (caso da TSU ou das inconstitucionalidades do OE/2013). Gaspar ouve mas não recua. Nem Passos. Ganha, por isso, força a tese de que "chega da ditadura das Finanças", como dizia ao Diário Económico um dirigente do CDS, lembrando que o sentimento se estende ao PSD. Os núcleos mais políticos de cada um dos partidos da maioria estão a ficar irritados com o poder que Gaspar detém na condução política do país, centrado apenas nos números e com pouca noção do efeito social das medidas que impõe. Nos conselhos de ministros, Portas é outra das vozes críticas e ainda este domingo no Conselho Nacional do CDS insistiu que é urgente impulsionar a economia e não radicalizar a posição em relação ao PS, com quem o líder do CDS diz ser necessários consensos para levar a bom porto a resolução da crise"