Escreve a jornalista do Jornal I, Catarina Falcão, que "os portugueses dão nota positiva à saúde, educação e segurança social, os três sectores na mira do governo. A prosperidade económica dos portugueses regrediu nos últimos 39 anos, tal como a actuação da Justiça, que está hoje pior do que a 25 de Abril de 1974. Em sentido contrário, saúde, educação e segurança social - os três principais alvos das medidas de austeridade - melhoraram no pós revolução. De acordo com os resultados da sondagem i/Pitagórica, mais de metade dos portugueses consideram que a democracia portuguesa é má ou muito má. E 41,8% sustenta que é pior que as democracias de outros países da União Europeia. Resultados a que não será alheia a crise económica que actualmente atravessa o país - a apreciação geral do nível de vida é que no pós-25 de Abril a prosperidade económica piorou (56,7%), enquanto apenas 32,6% considera que houve melhorias. De registar que parte das opiniões deriva de uma percepção, mais que de uma vivência, dado que amostra inclui indivíduos nascidos após 74. A par da economia, a justiça foi o outro sector apontado pelos inquiridos como tendo regredido nas últimas décadas - 49,1% das pessoas afirmam que a justiça está pior e para 13,6% a situação está na mesma. Só 27,3% defende que a justiça melhorou desde 1974. Já este ano, os portugueses mostravam-se como um dos cinco povos europeus que menos confia na justiça, num estudo levado a cabo pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e pelo Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE), com base em dados recolhidos pelo European Social Survey. Os valores da confiança eram especialmente baixos no que respeita à eficácia dos tribunais.
Melhorias significativas
Ao mesmo tempo que avaliam negativamente a evolução da economia e da justiça, os inquiridos reconhecem nos sectores da saúde, educação e segurança Social melhorias consideráveis nos últimos quase 40 anos. A saúde lidera destacada o ranking dos serviços que mais progrediram - a opinião positiva é partilhada por 60,7% dos inquiridos. Segue-se a educação, com 51,4% e a segurança social com 46,6%. Estes sectores - muitas vezes apelidados como as conquistas de Abril - são reconhecidos pelos portugueses como uma evolução positiva nos direitos sociais e ocuparam, até 2010, fatias crescentes nas despesas do Estado.De acordo com dados do Pordata, em 1972 gastava-se 1,4% do PIB na educação, enquanto em 2010 essa verba já representava cerca de 5%. Também na saúde, o investimento foi ganhando peso. Em 1972 as despesas do Estado neste sector resumiam-se a 0,2% do PIB enquanto em 2010 os gastos foram de 5,7%. Estas são também as áreas em que mais cortes têm sido aplicados devido às medidas de austeridade impostas desde a assinatura do memorando de entendimento em 2011, altura que os valores da despesa do Estado nestes sectores começaram a diminuir. E são precisamente os três sectores visados pelos cortes que o governo pretende ainda implementar.
Má democracia
Para 41,5% dos inquiridos a democracia em Portugal é má, embora a percentagem dos que a considera boa (38,3%) não fique muito longe. A descrença da amostra no sistema político conquistado na Revolução dos Cravos é mais visível quando se olha para os extremos: 14,4% vê a democracia em Portugal como muito má, mas só 1,1% como muito boa. Já em comparação com os restantes países da União Europeia, 41,8% dos inquiridos defendem que a democracia portuguesa é pior. Quase 40% considera que estamos ao mesmo nível dos parceiros europeus e 9,3% sustenta que em Portugal a democracia é melhor (a mesma percentagem de pessoas que não responde). O descontentamento com o sistema político tem vindo a crescer na par de um decréscimo da participação nos actos eleitorais (ver texto ao lado). No ano passado, um estudo do ICS revelou que 64,6% dos portugueses estavam insatisfeitos com o funcionamento da democracia portuguesa, enquanto que dados de 1999 mostravam 81% consideravam a democracia como um sistema bom ou muito bom, segundo dados do World Values Survey"
Melhorias significativas
Ao mesmo tempo que avaliam negativamente a evolução da economia e da justiça, os inquiridos reconhecem nos sectores da saúde, educação e segurança Social melhorias consideráveis nos últimos quase 40 anos. A saúde lidera destacada o ranking dos serviços que mais progrediram - a opinião positiva é partilhada por 60,7% dos inquiridos. Segue-se a educação, com 51,4% e a segurança social com 46,6%. Estes sectores - muitas vezes apelidados como as conquistas de Abril - são reconhecidos pelos portugueses como uma evolução positiva nos direitos sociais e ocuparam, até 2010, fatias crescentes nas despesas do Estado.De acordo com dados do Pordata, em 1972 gastava-se 1,4% do PIB na educação, enquanto em 2010 essa verba já representava cerca de 5%. Também na saúde, o investimento foi ganhando peso. Em 1972 as despesas do Estado neste sector resumiam-se a 0,2% do PIB enquanto em 2010 os gastos foram de 5,7%. Estas são também as áreas em que mais cortes têm sido aplicados devido às medidas de austeridade impostas desde a assinatura do memorando de entendimento em 2011, altura que os valores da despesa do Estado nestes sectores começaram a diminuir. E são precisamente os três sectores visados pelos cortes que o governo pretende ainda implementar.
Má democracia
Para 41,5% dos inquiridos a democracia em Portugal é má, embora a percentagem dos que a considera boa (38,3%) não fique muito longe. A descrença da amostra no sistema político conquistado na Revolução dos Cravos é mais visível quando se olha para os extremos: 14,4% vê a democracia em Portugal como muito má, mas só 1,1% como muito boa. Já em comparação com os restantes países da União Europeia, 41,8% dos inquiridos defendem que a democracia portuguesa é pior. Quase 40% considera que estamos ao mesmo nível dos parceiros europeus e 9,3% sustenta que em Portugal a democracia é melhor (a mesma percentagem de pessoas que não responde). O descontentamento com o sistema político tem vindo a crescer na par de um decréscimo da participação nos actos eleitorais (ver texto ao lado). No ano passado, um estudo do ICS revelou que 64,6% dos portugueses estavam insatisfeitos com o funcionamento da democracia portuguesa, enquanto que dados de 1999 mostravam 81% consideravam a democracia como um sistema bom ou muito bom, segundo dados do World Values Survey"