Segundo
o jornalista do Jornal I, António Ribeiro Ferreira, "Henrique Gomes já tinha diro que
relatório confidencial foi parar às mãos da EDP uma hora depois de ter chegado
a S. Bento e que a sua saída do governo foi festejada com garrafas de
champanhe. Foi preciso mais de um ano para o ministro da Economia, Álvaro
Santos Pereira, ter revelado esta semana que o seu primeiro secretário de
Estado da Energia, Henrique Gomes, foi demitido por pressões do lobby da
energia quando já tinha elaborado um relatório sobre os cortes das rendas
excessivas no sector eléctrico, previstos no Memorando de entendimento. A
demissão foi anunciada no dia 12 de Março de 2012, mas o pedido de demissão de
Henrique Gomes já tinha sido formulado uma semana antes, quando foi impedido de
fazer uma intervenção no ISEG sobre a matéria. Já depois da demissão, Henrique
Gomes veio a públidenunciar um acontecimento grave. O seu relatório, com as
propostas de cortes e a imposição de um imposto especial sobre as rendas
excessivas, foi enviado para o gabinete do primeiro-ministro Passos Coelho e uma
hora depois já estava na posse da administração da EDP, liderada por António
Mexia. Mais ainda. Henrique Gomes afirmou também que o anúncio da sua demissão
foi festejado com champanhe numa empresa do sector, leia-se, a EDP. Todos estes
factos nunca foram desmentidos e só agora, depois da apresentação do memorando
para o crescimento, é que o ministro da Economia, numa entrevista à SIC
Notícias, esclareceu as verdadeiras razões da demissão de Henrique Gomes. Facto
que levou Pacheco Pereira, no programa Quadratura do Círculo, quinta-feira à
noite, na SIC Notícias, a voltar ao tema de uma forma contundente: “O ministro
Álvaro Santos Pereira disse uma coisa que teria provocado imediatamente uma
enorme discussão pública se vivêssemos num país a sério: até um dos meus
colaboradores foi afastado e provocou por parte de certas pessoas a abertura de
garrafas de champanhe. O que é que ele está falar? Do afastamento do seu
secretário de Estado, o engenheiro Henrique Gomes e obviamente está a falar do
CEO da EDP António Mexia. Está a dizer que o afastamento de um colaborador seu
se deveu a um mecanismo de interesses que levou a esse afastamento e que esses
interesses festejaram a saída de um membro seu”. E Pacheco Pereira recordou que
Henrique Gomes entendia que as rendas que a EDP recebe eram excessivas, fez um
relatório e propôs ao ministro uma taxação, um imposto sobre essas rendas.
Entregou o relatório ao ministro que mandou ao primeiro-ministro e uma hora
depois já era do conhecimento de António Mexia. Ou seja, adianta Pacheco
Pereira, “o que ele está a dizer foi que do gabinete do primeiro-ministro foi
passado um documento confidencial que se destinava a propor uma política a uma
das partes e essa parte moveu as suas influências no sentido em que fosse
afastado do governo”. E a verdade é que o processo das rendas excessivas foi
dado por concluído pelo novo secretário de Estado da Energia, Artur Trindade.
Um corte de 1800 milhões de euros que deixou a EDP de António Mexia, já vendida
aos chineses, praticamente ilesa"