Escreve
o Expresso num texto da jornalista Ângela Silva que o "conselho de
ministros só terminou perto das nove da noite e, ao que o Expresso apurou,
decorreu num clima de confronto "duríssimo". "Foi muito
duro", confirmou um dos presentes, sem adiantar certezas sobre o desfecho
de uma confrontação de ideias que voltou a prolongar-se por 11 horas e que terá
levado Paulo Portas a ameaçar romper. "Isto está por um fio",
desabafava outro dos presentes ainda no rescaldo do conselho considerado como
"dos mais difíceis". Paulo Portas protagonizou, com Paula Teixeira da
Cruz, Miguel Macedo, Aguiar Branco e Álvaro Santos Pereira a barragem a algumas
das propostas mais radicais das Finanças, nomeadamente no que toca a cortes nas
pensões e salários."É preciso preservar níveis de sensibilidade social e
evitar que a economia fique ainda mais estrangulada", resumiu um ministro
ao Expresso. Entre outras coisas, Portas opõe-se a cortes nas pensões da CGA
inferiores a 600 euros, coisa que poderá não estar afastada. Em causa, além do
DEO (Documento de Estratégia Orçamental) que o Governo terá que fechar até ao
fim do mês, estão as medidas para substituir os 1,3 mil milhões decorrentes do
chumbo do Tribunal Constitucional ao Orçamento de Estado. Um trabalho
"tecnicamente delicado e que exige ponderação". O Governo tem vindo a
trabalhar, em sucessivas reuniões ao longo das últimas semanas, simultaneamente
em várias frentes. Incluindo na preparação dos cortes estruturais na despesa.
Mas a aproximação da hora da verdade incendiou os ânimos. Aparentemente com
novos riscos de fractura interna na coligação. Num intervalo do conselho de
ministros, Marques Guedes remeteu para meados de Maio, quando o Governo
apresentará o Orçamento Rectificativo, pormenores mais detalhados sobre medidas
. O que bate certo com o objectivo político de não antecipar pormenores antes
de tentar algum diálogo com os parceiros sociais e o PS. Mas o ministro da
Presidência também anunciou um conselho de ministros extraordinário para a
próxima terça-feira, para fechar o DEO. A semana promete".