Li
no Público que as "sondagens das
eleições deste sábado dão maioria aos dois partidos responsabilizados pela
crise de 2008 e uma queda acentuada do actual Governo de centro-esquerda. Depois
de terem sido apontados como os principais responsáveis pela crise em que a
Islândia se afundou em 2008, os partidos do centro-direita preparam-se para
regressar ao poder nas eleições legislativas deste sábado no país. As secções
de voto estão abertas entre as 9h e as 22h, mas as estimativas são tão
esclarecedoras que já há poucas dúvidas de que a Islândia vai protagonizar uma
das maiores reviravoltas da história da política europeia moderna. Os
conservadores do Partido da Independência e os seus tradicionais aliados do
Partido Progressista vão retirar do poder o Governo dos sociais-democratas e da
Esquerda-Verde, eleito em 2009 para tentar tirar a Islândia de uma situação de
quase bancarrota. Nos últimos quatros anos, o Governo liderado por Johanna
Sigurdardottir (que não se recandidatou e que vai retirar-se da política)
conseguiu reverter a situação em alguns aspectos, mas as enormes dívidas
acumuladas pelas famílias islandesas através de empréstimos bancários
contraídos antes da crise de 2008 – e também a aversão à integração na União
Europeia, defendida pelo actual executivo –, levaram a uma mudança das intenções
de voto do eleitorado.
Apesar
de uma taxa de crescimento prevista de 1,9% e de uma taxa de desemprego abaixo
dos 5%, as medidas de austeridade aplicadas pelo Governo de centro-esquerda
para equilibrar as contas e pagar a dívida ao Fundo Monetário Internacional tem
deixado espaço de manobra aos dois partidos que foram responsabilizados pelo
desastre económico e social do país há apenas quatro anos. O actual líder do
Partido Progressista, Sigmundur David Gunnlaugsson, promete aliviar as dívidas
das famílias com uma parte do dinheiro de credores estrangeiros que foi
congelado, o que agrada às famílias endividadas. "As pessoas tendem a
esquecer-se de que foi o Partido Progressista quem defendeu, na campanha
eleitoral de 2003, o aumento do nível das hipotecas até 90% do valor de mercado,
e as famílias estão agora a sentir dificuldades por causa dessa política. E
agora, eles dizem que vão aliviar esse fardo", disse ao Global Post
a analista política Silla Sigurgeirsdottir. Hordur Torfason, o popular cantor
islandês que foi um dos mais destacados activistas durante os protestos que
levaram à queda do Governo de centro-direita, usa uma linguagem menos técnica:
"Não acredito que as pessoas sejam tão estúpidas ao ponto de votarem
nestes partidos."
Mas
a verdade é que as sondagens apontam para um resultado próximo dos 30% para
cada um dos dois partidos do centro-direita, o que deverá levar a uma nova
coligação entre progressistas e independentes. Os sociais-democratas, que
lideram o Governo, deverão registar uma queda abrupta, dos 30% de 2009 para os
12%; e os seus parceiros de coligação, a Esquerda-Verde, poderá cair dos 22%
para 8%.De acordo com as sondagens, os dois partidos vistos de fora da Islândia
como os salvadores do país vão medir forças no próximo Parlamento com o Partido
Pirata e com o Futuro Brilhante (uma cisão pró-europeísta do Partido
Progressista), ambos com previsões na ordem dos 6% a 10%".