terça-feira, abril 30, 2013

Opinião pessoal: "DIA D? DE DESGRAÇA…"


O governo reúne-se hoje em Conselho de Ministros para tentar aprovar – supostamente em continuidade do que fez numa polémica anterior reunião – o pacote de medidas que darão corpo ao tão falado (e polémico) corte da despesa pública e que parecem estar a ser a causa de fortes divergências no seio do governo – o que significa que, finalmente, alguns ministros do PSD assumiram a sua identidade e deixaram-se de alinhar com asquerosas ditaduras tecnocratas impostas por incompetentes funcionários bancários, apoiados por políticos de uma confrangedora mediocridade, uns e outros pateticamente convencidos que são iluminados e que se acham no exercício de uma missão messiânica por incumbência divina.
Confesso muito sinceramente que estou com algum receio sobre o que poderá sair deste conselho de ministros, quer em termos de propostas de redução da despesa pública, que significarão mais austeridade criminosa e bandalha, quer em termos de agravamento de tensões políticas que já todos perceberam que terão que se travadas, sob pena deste governo de coligação correr o risco de se desintegrar rapidamente e de originar uma crise política no país.
Aliás, a propósito, a desconfiança dos portugueses cresceu este fim-de-semana quando se ficou a saber que a Comissão Europeia concedeu à Espanha mais dois anos (até 2016) para conseguir alcançar as metas do défice das contas públicas, contrastando com o que se passa com Portugal – obrigado a fazê-lo até 2014 – situação intrigante que coloca duas questões concretas. Ou o incompetente e desacreditado governo de coligação não tem tido capacidade de negociar com a tróica, a exemplo do que fez a Espanha – que só para resolver os problemas da banca recebeu ajuda externa de mais de 70 mil milhões de euros… - ou não o quer fazer ou simplesmente opta assumidamente por uma vergonhosa situação de submissão total face aos boches e a Merkel que envergonha os portugueses e ofende a dignidade colectiva deste povo. Responda quem souber…
Relativamente à reunião ministerial de hoje, lembro, citando o que foi noticiado pela comunicação social mais atenta às diatribes políticas deste governo de coligação lisboeta, que "as propostas de Vítor Gaspar não agradaram aos ministros do PSD que se terão rebelado contra Gaspar. Paulo Portas apoiou a ala social-democrata do governo e ameaçou romper com coligação se Gaspar não recuar. Os ministros Paula Teixeira da Cruz (Justiça), Miguel Macedo (Administração Interna), Aguiar Branco (Defesa Nacional) e Álvaro Santos Pereira (Economia) criticaram duramente novas políticas de austeridade propostas pelo ministro das Finanças. Paulo Portas apoiou as fortes críticas destes quatro ministros e chegou mesmo a ameaçar romper com a coligação que permite ao governo ter o apoio de uma maioria no Parlamento. A ameaça de Paulo Portas de romper com o governo caso o ministro das Finanças não recue nas suas propostas, fez com que não fosse tomada qualquer decisão. Este episódio é o culminar vários episódios de tensão no seio da coligação governamental. Com a dificuldade em alcançar um consenso, o governo adiou a apresentação do Documento de Estratégia Orçamental para terça-feira. O pagamento da oitava tranche de apoio ao país está dependente da apresentação destas medidas que já deveriam ter sido apresentadas em Fevereiro".
Desconfio que este governo de coligação fragilizado, desacreditado, dividido e ilegítimo, também olhado como um governo mentiroso, ladrão e manipulador, já percebeu que das medidas que vai tomar poderá resultar uma gravíssima crise social, de consequências imprevisíveis, o que explica que existam ministros do PSD e do CDS, que começam a perder a paciência, e que responsavelmente tentam travar a loucura que a dupla Coelho-Gaspar, quais salazaristas bafientos, insiste em impor aos portugueses, como uma espécie de castigo pelos pecados cometidos. A lógica da austeridade, a lógica de termos de pagar aos nossos credores, a própria necessidade de estabilizarmos as receitas com as despesas do estado, num processo necessário, acredito que inevitável, que terá que ser pensado, discutido e progressivo, para dependermos menos do recurso ao crédito externo, são situações concretas que acabam por ser relegadas para um plano secundário devido à irritação que a petulante arrogância e absurdo convencimento deste governo, melhor dizendo, daquele dupla CG, gera sempre que aparecem em público ou fazem declarações.
Por isso, mesmo que sejam aprovadas hoje medidas, não acredito que este governo tenha a ousadia de as divulgar na véspera do 1 de Maio que, tudo indica, será marcado por manifestações de protesto público em todo o país, situação que poderá agravar-se e radicalizar-se rapidamente, caso essas medidas de redução da despesa pública – que basicamente transfere os encargos do estado para as famílias e as empresas – sejam reveladas hoje. Temo que os cidadãos que hoje estarão em protesto nas ruas, caso venham a ser confrontados com a revelação de mais cortes nos salários, com mais roubos nas pensões e nas reformas e com novos encargos com a saúde e a educação por parte das famílias, já sem rendimentos disponíveis para mais austeridade, tudo por causa da redução dos gastos do estado nestas áreas sociais, transformem manifestações de protesto e actos de protesto de rua que podem varrer muita cosia e que podem inclusivamente acelerar a crise política latente. Muito sinceramente, não estou a exagerar, até porque os tempos não são para especulação ou brincadeiras de mau gosto.
Sei, de fontes não políticas do governo de coligação, que a referida reunião do Conselho de ministros da semana passada, foi pior do que foi noticiado, que as posições de contestação ao desprezível colector de impostos Gaspar foram violentas, que o funcionário bancário promovido a ministro das finanças sentiu grandes dificuldades sem reagir e que a coligação esteve em vias de cair.
Se é um facto irrefutável que o país não aguenta a despesa pública na dimensão em que ela se encontra presentemente, o que impede qualquer redução da criminosa carga fiscal que esmaga famílias e empresas, se é incontestável que as famílias não aguentam mais cortes de salários quando o seu rendimento disponível já é negativo, se é óbvio que os reformados e os pensionistas não aguentam mais roubos com as reformas e pensões, uma mudança de um determinado modelo de funcionamento do Estado, de um momento para outro, não deve ser feita por imposição totalitária e fascista, sem olhar as consequências e sem admitir opções faseadas que flexibilizem essas medidas. E nem sequer vou insistir neste momento na problemática da verificação da constitucionalidade dessas medidas, que sabemos todos estarem negociadas com a tróica desde Outubro do ano passado e mantidas em segredo, exactamente porque o governo teme a reacção popular.
Face a tudo o que acabo de escrever, desconfio que este governo de coligação fragilizado, desacreditado, dividido e ilegítimo, também olhado como um governo mentiroso, ladrão e manipulador, já percebeu que das medidas que vai tomar poderá resultar uma gravíssima crise social, de consequências imprevisíveis, o que explica que existam ministros do PSD e do CDS, que começam a perder a paciência, e que responsavelmente tentam travar a loucura que a dupla Coelho-Gaspar, quais salazaristas bafientos, insiste em impor aos portugueses, como uma espécie de castigo pelos pecados cometidos. A lógica da austeridade pela austeridade, a lógica de termos de pagar aos nossos credores à custa do empobrecimento das famílias e dos cidadãos e da falência das empresas, não se pode confundir com a própria necessidade de estabilizarmos as contas públicas, equilibrando as receitas com as despesas do estado, num processo que terá que ser pensado, discutido e progressivamente implementado, para podermos depender menos do recurso ao crédito externo, são situações concretas que acabam por ser relegadas para um plano secundário devido à irritação que a petulante arrogância e convencimento deste governo, melhor dizendo, daquela dupla cada vez mais o espelho do país deprimente e do povo frustrado, triste, desiludido, sem esperança e sem o direito a sonhar" (LFM-JM)