quarta-feira, abril 17, 2013

Bancos intervencionados são os que mais cortam no crédito às empresas

Segundo o Económico, num texto dos jornalistas Rui Barroso e Marta Marques Silva, "três das quatro entidades que recorreram a fundos públicos reduziram mais o crédito às empresas que a média do sector nacional. O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, criticou os bancos por agravarem a recessão e garantiu que o Governo irá pressionar as entidades financeiras a reanimarem o crédito à economia. Isto depois de as entidades que receberam dinheiro público para se recapitalizar terem cortado em 5,9 mil milhões de euros o crédito às empresas em Portugal, um montante equivalente a 3,6% do PIB. Os números são referentes a 2012, os dados mais recentes divulgados pela Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI e Banif, as quatro entidades que tiveram de recorrer a fundos estatais. Passos Coelho deixou um aviso a estas entidades que foram suportadas por fundos públicos. "O Estado não deixará de activamente, junto dessas instituições, garantir que tudo o que elas podem fazer para reanimar o crédito à economia seja feito", referiu. Os bancos que receberam fundos estatais representam mais de 60% dos empréstimos concedidos às empresas portuguesa, pelo que as políticas de concessão de crédito definidas por estas entidades são essenciais para se assistir ou não a uma recuperação do financiamento à economia. A falta de crédito é um dos pontos que mais preocupam o Governo e a ‘troika' na tarefa de relançar a economia, uma componente essencial para evitar o descarrilamento do programa de ajustamento português. E até a Alemanha mostra estar apreensiva com este problema.Angela Merkel afirmou ontem que os bancos "têm de servir a economia, as pessoas" e que é necessário "evitar aperto de crédito nos países mais frágeis". O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, defendeu ao DiárioEconómico que "os bancos já estão a fazer o máximo que podem ao nível de concessão de crédito à economia". No entanto, as empresas têm uma visão diferente. A título de exemplo, António Marques, presidente da AIMinho diz que "a associação tem recebido queixas de que a banca não está a ir a jogo no financiamento dos vários sectores e o preço desse crédito é muito elevado", acrescenta. Faria de Oliveira lembra que "a concessão de crédito é também um objectivo dos bancos, não só do Governo". Já sobre eventuais contactos entre o Governo e os bancos para incentivar a concessão de crédito, disse não haver "nenhuma iniciativa formal, mas desde sempre têm havido conversas entre a APB e o Governo sobre a concessão de crédito à economia que é um objectivo coincidente".
Bancos intervencionados foram dos que cortaram mais crédito
Em 2012, o sistema bancário nacional reduziu em 8,45 mil milhões de euros o montante do crédito alocado às empresas, uma descida de 7,4% para 195,4 mil milhões de euros, segundo dados do BdP. Três dos quatro bancos que recorreram a fundos estatais tiveram uma descida percentual maior que a verificado pelo sector. O BCP diminuiu o montante total de crédito às empresas em Portugal em 12%. Por seu lado, o Banif e o BPI reduziram o valor de crédito destinado às empresas portuguesas em 14,1% e 10,3%, respectivamente. Dos bancos que receberam injecções estatais, apenas a Caixa Geral de Depósitos teve um ritmo menor na queda do ‘stock' de crédito às empresas, registando uma descida de 4%. De referir que parte desta redução se deveu a uma imposição da ‘troika', que recomendava que o rácio de crédito sobre depósitos não ultrapassasse os 120%, meta que já foi atingida por grande parte dos bancos nacionais. Mas como esta recomendação saiu do memorando de entendimento, isso poderá ser um dos factores que levou Passos a dizer que a banca tem "alguma margem para ter um papel mais activo na retoma do investimento". Outro dos motivos, e talvez mais importante, poderá ser a redução do fardo da banca com os empréstimos concedidos ao Estado e às administrações públicas, o que permitiria libertar mais crédito para o sector privado.Nos últimos 12 meses, o montante de empréstimos à Administração Central e administrações públicas caiu 3,9 mil milhões de euros. A redução foi de cerca de um terço para 7,8 mil milhões de euros (o valor exclui títulos de dívida). Assim, desde o início do ano, assistiu-se a uma estabilização dos montantes alocados a crédito a empresas. No entanto, as empresas portuguesas continuam a ser das mais penalizadas na hora de pedir um empréstimo. Para créditos até um milhão de euros, a taxa média é de 6,6% o que, a par da Grécia, é o juro mais alto na zona euro. Já para empréstimos acima de um milhão de euros, os juros rondam os 4,9%, mais do dobro da média da zona euro"