sexta-feira, abril 09, 2021

BCP, CGD, Novo Banco, Santander Totta, BPI e Montepio com perda de 293 milhões

 


Os bancos portugueses BCP, CGD, Novo Banco, Santander Totta, BPI e Montepio registaram uma perda líquida agregada de 293 milhões de euros em 2020, contra lucros líquidos de 894 milhões de euros em 2019, refere a DBRS. Segundo o estudo da DBRS Morningstar hoje publicado, estes resultados “mostram o impacto de níveis de provisionamento mais elevados, bem como a pressão sobre as receitas devido ao agravamento das consequências económicas da pandemia da covid-19”.

A empresa de ‘rating’ precisa que este conjunto de seis bancos portugueses registou perdas de 250 milhões de euros no quarto trimestre de 2020, considerando que “as receitas principais agregadas diminuíram, com o confinamento a prejudicar as atividades comerciais e as despesas dos consumidores, especialmente no segundo trimestre”.

COVID-19: Caso da AstraZeneca abala confiança, mas maioria dos portugueses quer ser vacinada

 


O caso AstraZeneca trouxe dúvidas sobre a segurança das vacinas contra a COVID-19, mas apenas 5% dos inquiridos recusam serem inoculados e 10% dizem que talvez não o sejam. Num estudo com quatro países europeus, portugueses são os mais confiantes. As conclusões são de um estudo da Deco ProtesteEm meados de março, foram levantadas suspeitas sobre a segurança da vacina da AstraZeneca contra a COVID-19. A Agência Europeia de Medicamentos foi informada sobre 30 episódios tromboembólicos, isto é, sobre a formação de coágulos sanguíneos, em cerca de cinco milhões de indivíduos vacinados. Raros, mas potencialmente graves, estes casos levaram à suspensão temporária da vacina em vários países, entre os quais Portugal, seguindo o princípio de precaução até que fosse estabelecida, ou não, uma relação de causa-efeito.

A Agência Europeia de Medicamentos concluiu que os benefícios na prevenção da hospitalização e da morte por COVID-19 eram superiores aos riscos, além de não ter sido provada nenhuma relação entre tais episódios e a toma da vacina. Mas, para muitos europeus, sujeitos às declarações de alguns responsáveis políticos e a uma sobre-exploração dos casos na comunicação social, o mal estava feito, e a desconfiança alastrou-se a todas as vacinas.

Assustado com efeitos secundários da vacina da AstraZeneca? Então veja a lista dos do paracetamol, ibuprofeno, Viagra e pílula

 


Paracetamol, ibuprofeno, pílula anticoncecional ou Viagra podem ter efeitos secundários tão graves quanto os coágulos já considerados, pela Agência Europeia do Medicamento, consequência da vacina da AstraZeneca. Avaliar o benefício/ risco enquanto não se descobre a causa é o conselho dos especialistas

“Todos os medicamentos têm efeitos adversos graves. Não há medicamento que seja eficaz e não os tenha”, afirma, de forma veemente, Francisco Batel Marques, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. E, referindo-se à frequência com que surgiram relatos de casos de tromboses com redução acentuada do número de plaquetas em pessoas que tomaram a vacina da Astrazeneca, o especialista comenta mesmo, “uma prevalência de um em 100 mil nem existe”.

Estão a surgir esplanadas em sítios muito improváveis

 

Espanha testa semana laboral de quatro dias

 

Covid-19: Um em cada três recuperados desenvolveu problemas psiquiátricos ou neurológicos

 

Com o risco de transmissibilidade a subir, especialistas alertam para possibilidade de 4.ª vaga

 

quarta-feira, abril 07, 2021

Venzuela: Aliança pró-Guaidó anuncia mudanças para reforçar coligação e derrotar Maduro

 

A aliança de organizações e partidos que apoiam o líder da oposição venezuelana anunciou mudanças para tornar a coligação mais “ampla, inclusiva, eficaz”, garantir a convocatória de eleições livres e derrotar “a ditadura” de Nicolás Maduro.

“Concordamos na reconfiguração da aliança de partidos políticos, tanto na liderança como na tomada de decisões para a tornar mais útil, ampla, inclusiva, eficaz, assertiva e operacional”, de acordo com uma declaração, divulgada na terça-feira, do movimento que apoia Juan Guaidó.

No texto, a aliança explicou ter tomado esta decisão “instada pela necessidade de melhorar e reforçar” a “articulação entre os partidos políticos”. Os signatários acrescentaram também que darão prioridade a medidas de combate à covid-19 e à convocação de eleições presidenciais, legislativas, regionais e municipais de forma “livre e justa”. Por outro lado, asseguraram que vão efetuar novos esforços para convocar e incluir todas as partes que desejem fazer parte da aliança, “garantindo a maior amplitude possível no processo de deliberação e discussão política”. O anúncio chega em ano de eleições, quando se planeia convocar as eleições regionais. A oposição venezuelana tentou reorganizar-se várias vezes nos últimos anos para garantir uma grande coligação, como a de 2015, quando formou a Mesa da Unidade Democrática (Executive Digest)

Cronologia: Os dias que levaram ao pedido de resgate há 10 anos


Assinalam-se esta terça-feira dez anos do pedido de resgate português. Foi no dia 6 de abril de 2011 que José Sócrates, pressionado pelo seu ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, comunicou aos portugueses a decisão que há muito se temia. Recorde o filme desses dias e de como Portugal acabou por capitular por pressão dos mercados financeiros depois de mais de um ano no olho do furacão

Foram 13 meses de calvário no segundo governo chefiado por José Sócrates, desde que fez aprovar, com a abstenção do PSD, o orçamento para 2010, até que a 6 de abril de 2011, encostado à parede pelos bancos e pelo seu ministro das Finanças, veio à televisão anunciar o pedido de resgate.

Pelo meio, o governo apresentou quatro Programas de Estabilidade e Crescimento até que o último foi rejeitado por uma coligação negativa de todas as oposições no Parlamento. Sócrates pediu a demissão e o governo ficou em gestão.

O custo do endividamento disparou e ultrapassou a linha vermelha que o ministro das Finanças Teixeira dos Santos considerara o ponto de não retorno para um pedido de apoio à troika - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - que entretanto se formara para resgatar a Grécia e a Irlanda.

Dez anos depois da troika, FMI ainda pede reformas estruturais e no mercado de trabalho

 

A chefe da missão do FMI para Portugal, Laura Papi, falou com o ECO para assinalar os dez anos do resgate financeiro que ficou marcado pela política de austeridade e um "mea culpa" posterior. O Fundo Monetário Internacional (FMI) veio pela terceira vez em auxílio de Portugal em 2011 quando o então primeiro-ministro, José Sócrates, pediu ajuda financeira internacional perante a insustentabilidade da situação do país. Contudo, ao contrário das intervenções anteriores na década de 70 e 80, desta vez a economia portuguesa tinha uma moeda comum com outros países europeus, a qual não podia desvalorizar, e a receita vigente tanto em Washington como em Bruxelas era a temida austeridade. Mais tarde, o FMI fez o “mea culpa” e mudou a mensagem, mais depressa que alguns governos europeus, alinhando atualmente na mensagem de que é preciso investir para ultrapassar a crise pandémica, ainda que olhando para a sustentabilidade das contas públicas.

Esta terça-feira, 6 de abril, assinalam-se os dez anos do resgate financeiro da troika, a palavra que os portugueses mais ouviram entre 2011 e 2014, ano em que Portugal fez a “saída limpa” do programa de ajustamento. O ECO falou com Laura Papi — a sucessora de Poult Thomsen e Abebe Selassie, os chefes da missão do Fundo para Portugal — sobre este doloroso processo, cheio de polémicas, recuos, excessos e erros. Acabou por ser reconhecido que os multiplicadores (impacto das medidas) orçamentais na economia usados pelo FMI subestimaram o efeito dos cortes na despesa e dos aumentos de impostos.

Teixeira dos Santos: “Não foi fácil” defender o pedido de ajuda à troika “à revelia do primeiro-ministro”

 

Antigo ministro das Finanças conta como foi difícil contrariar primeiro-ministro sobre pedido de ajuda financeira. E destaca diferenças substanciais entre a crise da dívida e a crise da pandemia. Há exatamente 10 anos, José Sócrates anunciava nas televisões nacionais que Portugal ia pedir assistência financeira internacional. O antigo primeiro-ministro falou ao país pouco depois das 20h30, num anúncio que fora precipitado por declarações “à sua revelia” do então ministro das Finanças durante a tarde desse dia 6 de abril de 2011. “Não foi fácil ter de publicamente emitir a minha opinião quanto ao pedido de ajuda, sabendo da resistência do primeiro-ministro”, recorda Teixeira dos Santos.

A troika tinha acabado de aterrar na Irlanda e na Grécia e, em 2011, foi Portugal a ser “cercado” pelos investidores internacionais, depois de a taxa de juro das obrigações a 10 anos ter ultrapassado a “linha vermelha” dos 7% no mercado secundário. Foi o que fez soar os alarmes no Terreiro do Paço, apesar de José Sócrates ter sempre defendido que o país não iria precisar de um resgate internacional.

“De facto, entendi que seria um elevado risco para o país se esse tal pedido não viesse a acontecer e daí que, ao fim e ao cabo, com sentido de dever e obrigação com o país, ter de emitir a minha opinião à revelia daquilo que era o entendimento do primeiro-ministro. Não foi fácil fazer isso”, conta o antigo ministro das Finanças.

Madeira recebeu na Páscoa sobretudo portugueses do continente. Hotéis de cinco estrelas tiveram mais ocupação

 

A TAP reforçou as ligações à ilha no período da Páscoa, que passaram de dois para três voos diários, e também a Easyjet alargou as rotas ao Funchal com dois voos por dia de Lisboa e quatro por semana à partida do Porto. Não foi o que a Madeira esperava, o resultado turístico da Páscoa de 2021, mas ainda assim os hotéis da região conseguiram ter neste período alguma afluência de portugueses vindos do continente. A proibição de circular entre concelhos que vigorou neste período não se aplicou aos cidadãos que viajaram até às regiões autónomas, e que tinham de fazer as necessárias deslocações ao aeroporto, pelo que a TAP e a Easyjet reforçaram as ligações aéreas com vista a atender a um maior movimento.

"Esta Páscoa tivemos na região taxas médias de ocupação de 25%, em que houve uma grande componente do mercado nacional", adianta Nuno Vale, diretor da Associação de Promoção da Madeira (APM), referindo que neste período houve um reforço de voos da TAP, que passaram de duas a três frequências por dia, e também da Easyjet, que assegurou voos de Lisboa ao Funchal duas vezes por dia, e do Porto quatro vezes por semana.

Estas taxas de ocupação nos hotéis da Madeira e do Porto Santo, maioritariamente de portugueses continentais, referem-se a hotéis de padrão elevado. "A clientela que veio na Páscoa procurou hotéis de categoria superior, os de cinco estrelas tiveram mais ocupação, o que é interessante", faz notar o responsável da APM.

A economia portuguesa antes, durante e depois da troika (e agora com a pandemia)

 

Há 10 anos o então Governo PS fazia um pedido de ajuda externa, culminando em quatro anos de troika em Portugal. Como evoluiu a economia portuguesa nesta década? A crise pandémica veio trocar as voltas às estatísticas sobre Portugal, mas durante os dez anos que se seguiram ao pedido de resgate financeiro a economia portuguesa não ficou igual. Este é um período marcado por duas recessões e um período intermédio de retoma económica, o que teve influência na dívida pública, no PIB ou noutros indicadores económicos. No dia em que se assinala uma década desde o pedido à troika, o ECO recorda a evolução da economia nacional desde então.

Em 2011, a economia portuguesa acabava de sofrer o choque da crise financeira de 2008/2009 e preparava-se para mais uma recessão, só que mais duradoura e intensa. Em 2011, 2012 e 2013, a economia portuguesa voltou a contrair por causa da crise das dívidas soberanas da Zona Euro, da qual fazia parte como país que tinha recorrido a ajuda externa. A retoma começou em 2014, ano da “saída limpa” da troika, mas foi lenta e só em 2018 é que a economia tinha superado definitivamente as duas crises consecutivas que enfrentou. Porém, o período de somar valor além da recuperação durou pouco tempo. Após o crescimento de 2019 (2,5%), a pandemia chegou e provou a maior queda da história democrática (7,6%). A parte boa é que, segundo as previsões, a retoma estará completa em dois anos.

Com o fim das moratórias e do lay-off, “o pior ainda está para vir”

 

Numa altura que o Governo anunciou um novo pacote de apoios à economia para ajudar as empresas a minimizar os impactos da pandemia, nomeadamente o prolongamento do apoio à retoma progressiva, o alargamento do lay-off simplificado e o reforço dos subsídios a fundo perdido, o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (Anje) alerta que existem "empresas que ainda não estão a receber os apoios".

Os efeitos da pandemia da Covid-19 foram devastadores para grande parte do tecido empresarial português e Alexandre Meireles prevê que o "pior ainda esteja para vir com o final das moratórias previstas para o final de setembro e do lay-off". Destaca que são "necessárias medidas urgentes e um planeamento bem feito", caso contrário prevê que nessa altura "vamos assistir a uma grande vaga de desemprego e falências" e um "incremento significativo da taxa de desemprego".

O presidente da Anje reconhece a resiliência das empresas e a capacidade de adaptação, mas alerta que "a resiliência tem limites e os empresários estão no seu limite".

Em relação ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Alexandre Meireles tem esperança que o investimento público da “bazuca” crie externalidades positivas no tecido económico e social, ao mesmo tempo que diz recear que as empresas tenham dificuldades em aceder aos incentivos e ao investimento.

Da “linha vermelha” aos juros abaixo de zero, mesmo com a dívida em recorde

 

Há 10 anos, José Sócrates anunciava o pedido de ajuda externa. Desde então, Portugal reconquistou os mercados e as agências de rating, mas não se livrou dos riscos da elevada dívida. Ex-primeiro-ministro José Sócrates dirigiu-se ao país a 6 de abril de 2011 para anunciar o pedido de ajuda externa.

“O país foi irresponsavelmente empurrado para uma situação muito difícil nos mercados financeiros“. O ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos já tinha dito, ao Jornal de Negócios, que a situação era difícil e que entendia ser “necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu”. A decisão de chamar a troika precipitou-se assim e, poucas horas depois, o primeiro-ministro José Sócrates falava ao país para o confirmar. Foi há 10 anos que Portugal pediu o resgate financeiro e, a braços com uma nova crise, agora provocada por uma pandemia, vive uma situação completamente diferente, mas não isenta de riscos.

A crise financeira global já tinha levado dois países — Grécia e Irlanda — a pedirem ajuda externa, enquanto Portugal sofria um agravamento das taxas juro que à medida que os investidores perdiam a confiança no país. Ainda assim continuava a financiar-se, a custo. Teixeira dos Santos tinha delineado, no final de 2010, uma “linha vermelha”: juros da dívida a 10 anos acima de 7% significariam que o país teria de chamar a troika.